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Jovem
vai demorar mais para entrar no mercado...
ADOLESCENTES
TÊM DE ESTUDAR CADA VEZ MAIS PARA CONSEGUIR EMPREGO
MAURICIO
ESPOSITO
da Reportagem Local
Analistas, economistas e consultores especializados em trabalho
são unânimes em apontar como tendência para o
futuro a entrada tardia do jovem no mercado, independentemente da
origem e do grau de desenvolvimento do país.
Na União Européia, por exemplo, 44,3% da população
entre 15 e 24 anos tinha emprego em 1985. Em 1997, esse percentual
caiu para 35,9%. Nos Estados Unidos, mesmo com o crescimento contínuo
da economia, a tendência é a mesma. Em 1985, 53,4%
da população norte-americana entre 15 e 24 anos exercia
alguma ocupação remunerada. Há dois anos, registrava-se
um pequeno declínio nessa proporção: 52% das
pessoas nessa faixa etária tinham emprego.
Esse processo fica ainda mais evidente se a comparação
recuar no tempo. No começo da industrialização,
há mais de 200 anos nos países centrais ou neste século
nas economias emergentes, era comum a existência de jovens
de 12 anos dando expediente nas linhas de produção
das fábricas.
A massificação e a valorização da educação
nesse século e a crescente demanda por profissionais cada
vez mais qualificados são dois fatores que contribuem para
a manutenção dessa tendência.
Desde o início deste ano, a legislação brasileira
proíbe os menores de 16 anos de trabalhar. Antes, a Constituição
permitia o trabalho a partir de 14 anos.
De maneira geral, esse movimento é tido como positivo, pois
ajuda a elevar ou manter elevados os níveis de escolaridade,
o que pode ter reflexos positivos sobre o nível de emprego
no futuro. Ele passa a ser um problema para as camadas menos favorecidas
da população, onde começar a trabalhar precocemente,
mais do que uma opção, é uma questão
de sobrevivência.
Para atender a essa necessidade e permitir também uma entrada
gradual no mercado (se possível conciliando estudo e trabalho),
alguns países europeus procuram viabilizar a inserção
dos jovens no mercado de trabalho.
Alemanha e Áustria, por exemplo, têm estruturas de
aprendizado profissional por meio de escolas técnicas que
desenvolvem parcerias com empresas privadas. O governo da França,
por sua vez, concede bolsas para jovens desempenharem atividades
comunitárias ou na administração pública.
Relatório da Comunidade Européia feito no ano passado
ressalta que a criação de empregos para os jovens
está diretamente relacionada ao crescimento da área
de serviços e da jornada parcial de trabalho, que permite
mantê-los estudando enquanto ensaiam os primeiros passos no
mercado.
Além disso, manter o jovem na inatividade por mais tempo
tem custos para a sociedade _mais vagas nas escolas precisam ser
criadas, por exemplo. E seria inviável estender para a maioria
da população a escolaridade regular até o nível
de pós-graduação, avalia o professor do Departamento
de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador
do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento),
Álvaro Comin.
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