São Paulo, domingo, 30 de Maio de 1999

RESISTENTES

o que continuará a existir

ESCOVA DE DENTES

Vêm da China medieval (1498) os primeiros registros da existência de uma peça com corpo fino e comprido e cerdas na ponta utilizada para higiene bucal. Essa escova de dentes pré-histórica tinha pêlos de porco selvagem siberiano amarrados a uma haste de bambu ou osso trabalhado e foi levada à Europa no século 17 e depois às Américas.
Anuncio de 1958 da OralB


No continente europeu, os porcos selvagens, raros e de díficil captura, foram substituídos por cavalos e outros animais no fornecimento dos pêlos. Mesmo assim, a ferramenta cheirava mal e acumulava bactérias, fatos que garantiram sua baixa popularidade nos dois séculos seguintes. Os europeus preferiam limpar a boca com um tipo rudimentar de palito de dentes, feito de prata, de cobre ou de pena de ganso.
Outra opção surgiu por volta de 1850, com o fio dental para limpeza dos dentes, encerado e feito com seda. Só em 1938, após o surgimento do náilon, a escova de dentes ganhou cerdas novas e, consequentemente, adeptos. No início dos anos 60, o futuro parecia ter chegado à higiene bucal quando a escova elétrica Broxodent, desenvolvida na Suíça, entrou no mercado para concorrer com os modelos tradicionais.
Mas o custo mais elevado dos novos aparelhos impediu que as escovas manuais perdessem seu espaço. Hoje, somente nos Estados Unidos, o consumo de escovas de dentes movimenta US$ 800 milhões por ano, e entre 1963 e 1998 mais de 3.000 novos modelos de escovas foram patenteados em todo o mundo.

CONDENADOS

o que vai desaparecer

CÓDIGO MORSE

Três pontos. Três traços. Três pontos.
Samuel Morse,
criador do código

Durante praticamente um século essa foi a forma utilizada por navios do mundo todo para pedir socorro. É a representação de SOS, em código morse. Código que desde o último dia 1º de fevereiro deixou de ser usado internacionalmente como meio de comunicação no mar. Por determinação da Organização Marítima Internacional (OMI), os navegadores agora adotam um sistema baseado em satélite, mais rápido e eficiente.


A data pode ser considerada o "fim da era" do conjunto de sinais criado em 1832 por Samuel Morse. Esse pintor e físico norte-americano não só desenvolveu o código como também criou um aparelho para poder utilizá-lo, o telégrafo, com a ajuda de Alfred Vail. Morse fez sua primeira transmissão por telégrafo em 1844.
A partir de então, seu código se tornaria o principal sistema mundial de comunicação imediata à longa distância. Quando seu criador morreu, em 1872, cabos telegráficos percorriam o planeta formando uma rede de mais de 1 milhão de quilômetros, conectando 20 mil cidades.
A invenção do telefone (1876) principiou a derrocada da telegrafia, mas o código ganhou sobrevida com o surgimento da radiotelegrafia em 1896. A transmissão de mensagens em morse por ondas de rádio tornou-se o sistema oficial de comunicação entre navegantes até 1992, quando a OMI propôs a comunicação por satélites. A navegação marítima era o último setor importante a empregar o código morse (que ainda é utilizado por radioamadores).

PALPITE INFELIZ
previsões que deram errado

PREVISÃO:
Há vida inteligente em Marte
QUANDO: 1895

O CASO: No livro "Marte", publicado em 1895, Percival Lowell apresentava o resultado de seus estudos sobre a superfície do planeta, após um ano de análises em seu próprio observatório, em Flagstaff (EUA).
A principal tese defendida pelo astrônomo era a existência de 184 canais no solo marciano, com vasta vegetação crescendo ao seu redor. Segundo Lowell, todas as evidências indicavam que esses canais haviam sido construídos por seres inteligentes e formavam uma extensa "rede de distribuição", que levava água das calotas polares às regiões desérticas do planeta.
A identificação dos canais não era novidade. Em 1877, o italiano Giovanni Schiaparelli anunciara a descoberta de sulcos na superfície de Marte, mas não se atrevera a dizer que o achado era obra de seres inteligentes. Concluiu que os canais não passavam de acidentes geológicos.
Apesar de defender a tese da existência de vida inteligente em Marte, Lowell não se arriscou a descrever o possível aspecto dos habitantes do planeta.
Até hoje, nem os telescópios a-tuais nem as sondas que já pousaram em Marte foram capazes de revelar indícios de inteligência no planeta. E mesmo os 184 canais de Percival Lowell se revelaram ilusão de ótica.

Quem previu
Percival Lowell
Astrônomo norte-americano


APOSTA CERTA
previsões que se realizaram

PREVISÃO:
A existência de Plutão
QUANDO: 1915

O CASO: Apesar de ter errado em sua teoria sobre a existência de vida inteligente em Marte, Percival Lowell voltou a arriscar uma previsão em 1915.
Estudando as características das órbitas de Urano e Netuno, o astrônomo observou que as trajetórias desses planetas sofriam alterações provocadas por algum outro corpo ainda não descoberto. Lowell desenvolveu suas pesquisas e apresentou cálculos sobre a localização do Planeta X, astro ainda mais distante do Sol do que Netuno.
O pesquisador morreu um ano depois de revelar seus apontamentos e solicitar a construção de um telescópio especial, necessário para que o nono astro fosse localizado.
A teoria de Lowell só foi comprovada em 18 de fevereiro de 1930, quando Clyde W.Tombaugh anunciou que tinha conseguido identificar o planeta, usando a própria câmera especial montada a pedido do astrônomo. E o novo corpo celeste estava mesmo no local apontado nos estudos de Lowell.
O Planeta X foi então batizado com o nome de Plutão, deus do fogo na mitologia greco-romana e cujas duas primeiras letras formam as iniciais de Percival Lowell. Uma homenagem ao astrônomo, que dessa vez estava com a razão.

NÃO EXISTIRIA O
SÉCULO 20 SEM...


...o clipe para prender papel

Durante a Segunda Guerra Mundial, na ocupação nazista da Noruega, a população local foi proibida de utilizar as iniciais de seu rei em suas vestes. Privados dessa tradição, os noruegueses passaram a usar um clipe preso à roupa, como símbolo de resistência. A idéia era mostrar aos alemães que, apesar da invasão, o povo nórdico estava unido, como os papéis seguros por um clipe. O efeito do protesto foi tão forte que o exército de Hitler chegou a prender noruegueses que foram à rua com um clipe no paletó.
Além de sinalizar união, o uso do utensílio de escritório também era uma demonstração de patriotismo, uma homenagem ao matemático norueguês Johan Vaaler, que em 1899 inventara o clipe de papel e registrara sua patente na Alemanha.
Dois anos mais tarde, em 1901, Vaaler patenteou seu invento também nos EUA, descrevendo o clipe da seguinte forma: "um pedaço de metal, como um arame, retorcido três vezes, em direções opostas, em formato retangular, triangular ou arredondado".
Dividindo a paternidade da invenção com Johan Vaaler está o norte-americano William Middlebrook, que também em 1899 desenvolveu seu clipe para prender papéis e ainda patenteou uma máquina para produzi-lo. O modelo criado por Middlebrook popularizou-se nos EUA e na Europa, e suas vendas cresceram ainda mais quando, em 1908, a britânica Gem Manufacturing passou a fabricá-lo no Reino Unido. Com slogans como "Não destrua seus papéis com alfinetes", o clipe entra para a lista de material básico para escritórios e passa a ser usado em larga escala. No início deste ano,o governo norueguês lançou um selo comemorativo do centenário do clipe para papel de Johan Vaaler.



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