São Paulo, domingo, 23 de Maio de 1999
Muhammad Ali / Mark Spitz / Jesse Owens / Martina Navratilova
Nadia Comaneci / Carl Lewis / Michael Jordan / Pelé / Modalidades Mutantes
21.mar.1960
Ayrton Senna da Silva nasce em São Paulo, filho de Milton da Silva, dono de uma metalúrgica, e da dona-de-casa Neide Senna da Silva
1964
Um neurologista diagnostica no garoto falhas de coordenação motora. Seu pai lhe dá um kart de presente, e o problema desaparece
1969
Disputa sua primeira corrida de kart. Larga na pole (a ordem de largada foi decidida por sorteio), mas não completa a prova
1974 a 1977
É duas vezes vice-campeão brasileiro e vence duas vezes o Paulista de kart. Ganha ainda o Sul-Americano, no Uruguai
1978 a 1980
Disputa três edições do Mundial de kart: é duas vezes vice-campeão e uma vez segundo colocado. É bi sul-americano e tri brasileiro
1981
Sagra-se campeão inglês em dois torneios de Fórmula Ford 1600. É quarto no Mundial de kart
1982
Vence o Inglês e o Europeu de Fórmula Super Ford 2000 e a “Copa dos Campeões”, sua primeira prova de F-3. Recusa proposta de Ron Dennis, que lhe oferece patrocínio em troca da prioridade em levá-lo para a McLaren em 84
1983
Vence o Inglês de F-3, com 12 vitórias em 20 provas. Quatro meses depois, a convite de Frank Williams, faz um teste de F-1, mas, ao fim do ano, assina com a Toleman
25.mar.1984
Estréia na F-1, no GP Brasil, com um Toleman. Não termina a prova
3.jun.1984
Consegue seu primeiro pódio: é o segundo no GP de Mônaco. Começa a negociar com a Lotus
Senna


O piloto Ayrton Senna, tricampeão da F-1, sentado no cockpit
do Williams no dia de sua morte, no circuito italiano de Imola


As Marcas

-Tricampeão mundial da F-1

-Conquistou 61 pole positions, recorde da categoria

-Recordista de vitórias em uma temporada: oito, no Mundial de 88

-Recordista de poles consecutivas: oito, entre os Mundiais de 88 e 89

-Venceu 19 GPs de ponta a ponta, recorde da categoria

-Liderou 2.982 voltas em provas da F-1, recorde histórico

-Segundo piloto que mais venceu GPs (41), dez a menos que o recordista, Alain Prost

"O medo me fascina."
Após conquistar seu primeiro
título, em novembro de 1988


Está nos anais da Fórmula 1: 21 de outubro de 1990, Ayrton Senna da Silva, número 27, e Alain Prost, nú­ mero 1, partem da primeira fila do GP do Japão. Em disputa, o campeonato.

A expectativa é enorme. Acesa a luz verde, os carros largam, Prost chega à primeira curva em melhor posição. Sem aliviar o acelerador, Senna acerta a Ferrari do francês como se diante da tela de um videogame.

Os dois estão fora da corrida, e o brasileiro leva o segundo de seus três títulos mundiais. Assim isolado, o episódio condenaria Senna aos porões do esporte. Até que se tentou fazer isso. Mas o piloto brasileiro, na era ultraprofissional da F-1, era um herói. Um herói, sabe-se, tudo pode. Corresse na era romântica, Senna certamente teria vivido menos dos que os 34 anos que o esporte em sua forma contemporânea lhe permitiu. Seu fim seria semelhante, se não foi o mesmo, ao de Jim Clark, com quem é frequentemente comparado, morto em um acidente em 1968.

Clark previu a própria morte. Antes daquela corrida de F-2, na Alemanha, avisou os colegas que seu Lotus tinha uma falha no motor. E que, por isso mesmo, não tiraria o pé do acelerador. Senna, acusava Prost, era insensato. “Existe uma diferença entre quem diz crer em Deus e quem crê ser Deus”, falou o francês, quando o rival “revelou” uma visão divina, em 1989.

Prost só percebeu o tamanho do adversário, seu próprio ta­ manho e a dimensão do duelo que travaram, o mais dramático da F-1, quando Senna morreu, em 1º de maio de 1994. “Ele foi o meu parâmetro. Sem ele, eu não existiria.” Sem Senna, a F-1 atual não existiria. Não estaria enraizada no Japão.

O automobilismo da TV digital não se viabilizaria. Não alcançaria os bilhões de audiência acumulada que os chefes da categoria gostam de mostrar. As estatísticas seriam mais pobres. A F-1 perdeu a única chance neste século de ver o recorde de cinco títulos do argentino Juan Manuel Fangio cair.

E de assistir ao maior confronto de todos os tempos, com o alemão Michael Schumacher _mais pelas semelhanças do que pelas diferenças entre ambos. Sem Senna, a história do esporte seria menor. E, não fosse pelo muro de Imola, seria certamente maior.


21.abr.1985
Com uma Lotus, vence seu primeiro GP, em Portugal. No mesmo ano, vence o GP da Bélgica e termina o Mundial em quarto lugar
1986
Em sua segunda temporada pela Lotus, vence na Espanha e nos EUA. Novamente, termina o ano com o quarto posto no Mundial
1987
Na terceira e última temporada pela Lotus, vence o GP de Mônaco pela primeira vez. Em sua carreira, venceria a prova mais cinco vezes. Ganha também nos EUA
3.abr.1988
Em Jacarepaguá, no GP Brasil, estréia pela McLaren, equipe com a qual conseguiria seus três títulos
30.out.1988
Com a vitória no GP do Japão, sua oitava no ano, leva o Mundial
22.out.1989
Chega ao Japão com seis vitórias no ano, disputando o título com Prost. Ao tentar uma ultrapassagem, é jogado para fora da pista pelo francês. Volta à corrida, vence, mas é desclassificado
21.out.1990
No Japão, penúltima prova do ano, joga seu McLaren contra a Ferrari de Prost e sagra-se bicampeão. Vence seis GPs no ano
24.mar.1991
Vence pela primeira vez um GP Brasil. Seu carro fica com apenas uma marcha nas voltas finais
20.out.1991
Chega ao Japão disputando o título com Nigel Mansell. O inglês erra uma freada, abandona a prova, e Senna é tricampeão
1992
Com um carro inferior aos Williams, vence três GPs e termina o Mundial em quarto lugar
7.nov.1993
Na Austrália, conquista a quinta vitória do ano, a última de sua vida. É, também, sua última prova pela McLaren. É vice-campeão
1º.mai.1994
Pilotando um Williams FW16, bate a 220 km/h na sétima volta do GP de San Marino. Morre
Depois que parou...
Tornou-se um dos maiores mitos do esporte mundial. As marcas Senna e Senninha hoje estão em produtos que vão desde uma lancha off-shore até toalhas para banho


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