São Paulo, domingo, 23 de Maio de 1999
Ayrton Senna / Mark Spitz / Jesse Owens / Martina Navratilova
Nadia Comaneci / Carl Lewis / Michael Jordan / Pelé / Modalidades Mutantes
17.jan.1942
Cassius Marcellus Clay Jr. nasce em Louisville, Kentucky (EUA), filho de Cassius Marcellus Clay e Odessa Clay e neto de um escravo
1954
Aos 12 anos, após ter uma bicicleta roubada, é encorajado por Joe Martin, um policial de sua cidade, a aprender boxe
1959
Vence o torneio nacional “Luvas de Ouro”, na categoria médio (entre 71 kg e 75 kg), disputado entre estudantes colegiais
1960
Como médio, vence pela segunda vez o “Luvas de Ouro”. Também conquista o título nacional dos meio-pesados (entre 75 kg e 81 kg) da União Atlética Amadora
5.set.1960
Nos Jogos de Roma, conquista a medalha de ouro na categoria meio-pesado. De volta aos EUA, joga a medalha no rio Ohio depois que o dono de uma lanchonete, racista, recusa-se a servi-lo
29.out.1960
Peso pesado (acima de 81 kg) estréia como profissional. Bate Tunney Hunsaker, por pontos
25.fev.1964
Invicto em 19 lutas, enfrenta o campeão Sonny Liston, em Miami. Bastante castigado, Liston se nega a voltar para o combate no sétimo assalto, e Ali conquista o título
27.fev.1964
Anuncia conversão ao islamismo e adota o nome Cassius X Clay. Pouco depois, no dia 6 de março, muda para Muhammad Ali
25.mai.1965
Vence revanche contra Liston, por nocaute no primeiro assalto
28.abr.1967
Recusa-se a lutar no Vietnã. Alega que “nunca havia sofrido racismo de um vietcongue”. Sua licença de boxeador e seu título mundial são cassados
Muhammad Ali
As Marcas

-Campeão olímpico em Roma-60

-Primeiro pugilista a conquistar por três vezes o título mundial dos pesos pesados

-61 lutas, 56 vitórias (37 por nocaute), 5 derrotas

-Nunca perdeu duas vezes para um mesmo adversário, mesmo tendo participado de sete revanches e duas “negras”
Muhammad Ali coloca bandagem nas mãos antes de treino; no destaque, par de luvas usados em sua segunda luta com Leon Spinks

"Voa como borboleta,
pica como abelha"

Slogan de Muhammad Ali de 1970, que descrevia
seu estilo heterodoxo e dançarino de lutar

Poucos manifestaram tão bem os conceitos de invencibilidade e vigor como o lutador Muhammad Ali. Ao ponto que suas 5 derrotas em 61 combates acabaram entendidas pelo planeta como tropeços normais de alguém que perseverava.

E o aproximaram do público norte-americano, que vibrava com seu jeito debochado de defender o que há tempos eles pretendiam dizer. De fato, as cinco derrotas pouco representam. Porque, além do cartel vitorioso, de ter conquistado por três vezes o cinturão mundial dos pesos pesados, Ali tornou-se célebre mesmo por suas atitudes, por ter enfrentado o que se convencionou chamar de “sistema” _uma série de regras e normas de conduta que, uma vez desrespeitada, pode privar o “infrator” do convício social e da cidadania.

Antes de virar campeão, Ali já extrapolava o boxe. Irritado com a atitude racista de um dono de restaurante que recusou-se a servi-lo, jogou em um rio a medalha olímpica de ouro conquistada em Roma-60, que não tirava do pescoço. Voltou à polêmica em 1964, dias depois de tomar pela primeira vez o título mundial dos pesados.

Renunciou ao nome de batismo, Cassius Marcellus Clay Jr, converteu-se ao islamismo, passou ao ativismo negro, e, cantando um versinho com uma melodia infantil, negou-se a lutar pelo Exército norte-americano no Vietnã _“Podem continuar me perguntando pelo tempo que quiserem; Mas sobre a Guerra do Vietnã eu só canto essa canção; Nunca tive uma rixa com um vietnamita”.

Sua desobediência lhe custou o cinturão e o passaporte, cassados pelo governo dos EUA.

Absolvido, depois que foi descoberta em sua casa uma escuta clandestina plantada pelo FBI (a polícia federal norte-americana), voltou ao esporte. E continuou quebrando o protocolo.

Antes das lutas, anunciava em qual assalto derrubaria os adversários. Quase sempre cumpria o prometido. “Sou o maior”, dizia. Tornou-se ícone da autoconfiança _ou, se quiser, da arrogância.

Em 1974, no Zaire, co-protagonizou a maior luta da história do boxe: o desafio contra George Foreman, do qual saiu campeão pela segunda vez. Ainda perderia e recuperaria o título mundial outra vez. Mas deixa, sim, a história de alguém que desafiou o sistema. E que venceu.

 

19.jul.1967
É condenado a prisão e seu passaporte é cassado. Inicia uma batalha na Justiça e, em 1970, a Suprema Corte revoga a decisão do júri
8.mar.1971
No seu primeiro grande desafio desde a volta aos ringues, sofre a primeira derrota, por pontos, para Joe Frazier, que havia herdado seu título. Após a luta, os dois boxeadores têm que ser hospitalizados
26.jul.1971
Bate Jimmy Ellis e sagra-se campeão pela federação norte-americana. No ano seguinte, defenderia o título em cinco combates
31.mar.1973
Perde o cinturão para Ken Norton. Apesar de ter o maxilar quebrado, luta até o 12º assalto, quando Norton é declarado vencedor. Seis meses depois, bate o mesmo adversário e reconquista o título
28.jan.1974
Bate Joe Frazier, que havia perdido o título para George Foreman, por pontos, no 12º assalto
30.out.1974
Em luta que entrou para a história, vence Foreman, por nocaute, no oitavo assalto, e reconquista o cinturão. O combate acontece no Zaire (atual Congo)
1974 a 1977
Defende o cinturão em dez lutas. Vence cinco por nocaute, outras cinco por pontos
15.fev.1978
Perde o cinturão ao ser derrotado por Leon Spinks, por pontos. Exatos sete meses depois, bate Spinks, recupera pela terceira vez o título e anuncia sua aposentadoria
2.out.1980
Volta a lutar, desafiando Larry Holmes. Pela única vez em sua carreira, é nocauteado
11.dez.1981
Aos 39 anos, faz sua última luta. É derrotado por Trevor Berbick, por pontos, ao fim de dez assaltos
Depois que parou...
Em 84, carrega a tocha olímpica dos Jogos de Los Angeles e é internado, sofrendo de mal de Parkinson Em 86, separa-se de Veronica e casa com Lonnie Williams Em 90, pouco antes da Guerra do Golfo, se reúne com Saddam Hussein e consegue libertar 15 prisioneiros norte-americanos Em 91, adota um menino, Asaad, seu nono filho Em 96, carrega a tocha olímpica dos Jogos de Atlanta




Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.