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Fashionista
Verão 2001
Modas de mulher
Entrevista
Chapeleiro
Cultura fashion
nas ruas
Alexandre
Herchcovitch
Moeda do luxo
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A editora inglesa Isabella Blow explica sua influência
no mercado e fala de seus novos protegidos brasileiros
Fada
madrinha fashion
Carlos
Emílio - fev.2000
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Isabella
Blow olha uma bolsa do estilista Fause Haten, no último MorumbiFashion
Brasil |
CAROLINA
DELBONI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ela veio ao Brasil pela primeira vez em fevereiro e causou o maior falatório
no mundo fashion. Passeia com chapéus do estilista Phillip Treacy,
em modelos exuberantes, e é capaz de chamar a atenção
aonde quer que vá. Isabella Blow, diretora de moda do jornal inglês
The Sunday Times e stylist habitual de revistas como Vogue
e The Face, vem ao Brasil neste mês pela terceira vez.
O Brasil está pronto e a hora é agora, disse
Isabella Blow à Folha por telefone, de Londres, na semana
passada.
*
Folha - Como você teve o primeiro contato com o Brasil ?
Isabella Blow - Vi o trabalho de um fotógrafo brasileiro,
chamado Daniel Klajmic, e fiquei impressionada. Achei fantástico
ver como os brasileiros expressam a moda. Era uma aliança entre
a criação do estilista e a forma como foi mostrada pelo
fotógrafo. Ele é novo e vê o novo. Isso me fez querer
ir ao Brasil para ver a moda de perto.
Folha - E o que você achou do que viu?
Blow - Fascinante! Fiquei muito impressionada, não esperava.
Já estive em vários lugares do mundo assistindo a desfiles,
mas nunca tinha visto algo tão expressivo.
Folha - O que mais chamou sua atenção?
Blow - Acho que essa mistura de lugar bonito, pessoas simpáticas
e atenciosas, o ar... E a estrutura do evento (o MorumbiFashion Brasil).
Mas o que mais me chamou a atenção foram alguns estilistas
em especial. Achei muito divertidas as perucas que Alexandre Herchcovitch
usou em seu desfile, os vestidos pretos do Walter Rodrigues, o luxo, os
sapatos e o tratamento dado aos tecidos por Fause Haten, mesclado a um
contorno físico muito bonito e sensual, e os vestidos de organza
do Reinaldo Lourenço. Agora, só visto estilistas brasileiros.
Folha - O que você mais tem no seu armário e do que mais
gosta?
Blow - É difícil, tenho um pouco de cada um deles.
Acho o trabalho do Alexandre Herchcovitch intrigante. A ida dele à
temporada em Paris é fruto dessa emoção e personalidade
forte que transmite em suas roupas. Ele busca uma mudança em direção
ao novo e quebra as regras. Isso é Londres! Isso fascina as pessoas.
Elas olham e querem ter. Suas roupas são um mix de alegria e de
bom gosto.
Folha - E sobre a crítica do The New York Times
que dizia que a coleção de Fause Haten era como se
a mulher tivesse sido soterrada por uma caixa de bombons Godiva?
Blow - Acho um equívoco aquele artigo. Quem escreveu não
gosta de dourado. Você vê nas grandes passarelas de moda do
mundo: dourado é a cor que todos os estilistas estão usando.
É uma nova forma de mostrar a cor. Depende de como você a
usa para que fique bem. O Fause fez peças em dourado belíssimas
e elegantes.
Folha - Essa será a primeira edição do MorumbiFashion
que terá um dia de moda praia. O que você espera ver?
Blow - Eu nunca fui a um desfile de moda praia. Quero ver a maneira
como os estilistas cobrem e descobrem a pele, o corpo. Aqui (em Londres)
ficamos horrorosas em biquínis. No Brasil, basta ver as mulheres
para entender como ficam bonitas em roupas de banho. É como uma
segunda pele, que deixa a mulher sensual.
Mas o que eu gostaria de ver mesmo seriam nomes como Fause e Alexandre
fazendo biquínis. Esses grandes estilistas deveriam desenhar, como
faz a alta-costura no mundo. A roupa de praia deve deixar o corpo bonito
e bem desenhado. Você tem de poder sair para jantar com uma peça!
Folha - Nessa sua terceira visita ao Brasil, o que espera ver?
Blow - Ir ao Brasil é muito importante agora. A moda está
passando por um momento muito bom. Eu quero ver os desfiles, quero ver
show. Algo que seja incrível e que tome a passarela. Espero ver
a beleza brasileira, o que há de novo, conversar com pessoas interessantes,
ver a nova maneira de olhar e trabalhar com o sensual... Enfim, ver o
Brasil que eu vi, crescido.
Folha - Você foi apontada por várias pessoas como uma
madrinha da moda brasileira. Por que acha que isso aconteceu?
Blow - Às vezes, quando você vê alguma coisa
que ama, tem de fazer algo por ela. Foi o que aconteceu. Eu dei amor e
recebi em troca. É um desgaste de energia e horas de trabalho que
tenho, porém é o que me faz feliz e o que me dá prazer.
Mas as pessoas não deveriam achar isso de mim.
Folha - Como você vê a moda brasileira neste momento de
visibilidade internacional?
Blow - Ela está pronta e estabelecida. Agora precisa sair
e mostrar o trabalho fora do país. Tem de pôr as roupas em
todos os lugares e brigar por um espaço. Este é o momento
ideal. Está havendo uma euforia brasileira na Europa e nos Estados
Unidos. Nunca se ouviu falar tanto da moda e das modelos brasileiras.
Tudo vira capa, reportagem, editorial. É preciso apoio, patrocínio.
Como há a Rhodia, que patrocina o MorumbiFashion, deve haver patrocinadores
para cada estilista. Isso é um fator muito importante na moda.
Leia mais: Chapeleiro louco
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