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pergunta: "Li em uma revista que agora existe um médico especialista em adolescentes. Como se chama essa especialidade? Em que idade o adolescente deve visitá-lo? De quais problemas ele cuida?"

resposta: Cara Leitora,

Sim, existe um médico especialista em adolescentes, porém esse fato não é tão novo. É, na realidade, pouco conhecido. No Brasil, existe desde a década de 70. Em países da Europa, a preocupação com o adolescente existe há muito tempo. Para se ter uma idéia, em 1884, na Grã Bretanha, foi fundada a Associação de Médicos Escolares que se destinava especificamente à saúde do Adolescente.

Essa especialidade se chama Hebiatria. Segundo a Mitologia Grega, Hebe era filha dos deuses Zeus e Hera e representava a juventude. Sabemos que iátrico (iatrikós) é um termo relativo a medicina. Assim temos a Hebiatria, ou Medicina do Adolescente.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência é o período da vida que vai dos 10 aos 20 anos de idade. O Hebiatra atende os pacientes dentro desta faixa etária. Para fazer a especialização em Hebiatria que dura 2 anos, o médico deve primeiro fazer a residência médica em Pediatria, que dura mais 2 anos. Embora tenham conhecimento pediátrico, os hebiatras geralmente atendem só os adolescentes.

Da mesma forma que a criança, o adolescente também precisa de cuidados.

É exatamente neste período da vida que a pessoa adquire 25% de sua estatura final e 50% de seu peso total. Só com esse dado podemos pensar como é importante uma orientação nutricional adequada. Hoje em dia, infelizmente, temos um grande aumento de obesidade, e há complicações não só na idade adulta como também na adolescência. Por outro lado, para tentar seguir um padrão de beleza atual onde o "corpo magro é o corpo bonito", muitos adolescentes acabam desenvolvendo a bulimia (geralmente vomitam depois que comem) ou a anorexia nervosa (não comem praticamente nada).

Falando em crescimento físico, a estatura é preocupação para muitos. Nesta etapa da vida, pouco vale falar em idade cronológica para termos uma idéia de como é o indivíduo. Exemplificando: temos adolescentes de 13 anos que ainda tem o corpo infantil, ausência de pêlos, pênis sem desenvolvimento...Mas seu amigo de infância que também tem 13 anos já possui corpo adulto, e desenvolvimento genital quase completo. Isto muitas vezes gera dúvidas e preocupações, tanto para um, quanto para o outro. Talvez diante de tantas incertezas, o adolescente se torne muito diferente daquela criança meiga que era no passado. Pelo próprio processo de formação da identidade adulta, existe um natural distanciamento dos pais, e uma vinculação ao grupo de amigos. É neste momento que passa a ser inadequadamente chamado de "aborrescente".

Muitas vezes o Hebiatra pode ajudar a diminuir as aflições relacionadas a esta fase de crescimento, e enfatizar a importância de certas condutas relacionadas à saúde.

O exercício físico também deve ser adequado a fase de crescimento para evitar problemas futuros. Um dado curioso a ser lembrado é que a aceleração do crescimento em estatura só ocorre em 2 momentos da vida. Um ainda no período intra-útero, na primeira metade da gestação. O outro na puberdade, na chamada fase de aceleração do estirão puberal. Em todos os outros momentos crescemos ou em velocidade constante ou em velocidade decrescente. Dessa forma, o levantamento de pesos em academias pode ser totalmente inadequado dependendo da fase do estirão em que o jovem se encontre.

O crescimento do seio, a primeira menstruação, a primeira relação sexual, também são temas abordados por este médico. A partir da segunda consulta, o paciente adolescente entra sozinho na sala do hebiatra. Sem os pais ao lado, ele tem liberdade para tocar em assuntos delicados e fundamentais.

Sabemos que a gravidez na adolescência vem aumentando nestas últimas décadas. Com ela, as doenças sexualmente transmissíveis (DST) também aumentam. Entre as DST a AIDS é uma grande preocupação e a prevenção principalmente nesta faixa etária é muito importante. Geralmente o adolescente acha que "nada de mal" vai acontecer com ele. Por isso os chamados "comportamentos de risco" são muito comuns nessa idade. Estes comportamentos de risco vão desde não querer usar protetor solar na praia, até achar que a camisinha não é necessária, pois conhecem "muito bem" seu parceiro sexual.

Quando falamos em vacinação, pensamos sempre em uma "criancinha" sendo levada para receber sua dose. Atualmente temos uma campanha para vacinas em idosos. E os adolescentes? Eles também precisam ser imunizados contra certas doenças, e além das vacinas disponíveis também para essa faixa etária (como por exemplo, tétano, difteria, hepatite B, catapora), várias outras estão em estudo.

As dores de garganta, sinusites, gastrites, pedras nos rins, febre, asma, rinite, etc também podem acometer os jovens. Dependendo do caso, o próprio hebiatra pode tratar do problema, ou indicar um colega especialista para juntos seguirem o adolescente.

Espero ter contribuído para esclarecer algumas questões sobre a Hebiatria. Encontro-me à disposição para novas dúvidas.


Maurício de Souza Lima
04/02/02
 
Anteriores:
(11/04/2002) "O exame físico do adolescente"
(04/04/2002) "Hebiatra esclarece como deve ser consulta de adolescentes"
(04/02/2002) "De quais problemas cuida o especialista em adolescentes?"
(18/01/2002) "Casos de mulheres com candidíase aumentam no verão"


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Nesta seção, os especialistas Maurício de Souza Lima, Ricardo Tapajós e Marco Antonio Lenci esclarecem dúvidas de adolescentes.

Maurício de Souza Lima é médico da Unidade de Adolescentes e Coordenador do ambulatório dos filhos de mães adolescentes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. É membro da diretoria da Associação Paulista de Adolescência e membro do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Ricardo Tapajós é médico supervisor da divisão de clínica de moléstias infecciosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Marco Antonio Lenci é especialista em Ginecologia e Obstetrícia, com formação em Medicina Antroposófica e Medicina Psicossomática. É especialista em vídeo-laparoscopia e vídeo-histeroscopia e pós-graduando do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo

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