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23/11/2002
-
09h30
da Folha Online
A polícia secreta nigeriana prendeu o editor de um jornal acusado de desencadear uma onda de violência ao publicar um artigo supostamente profano envolvendo um concurso de Miss Mundo, informou seu jornal hoje.
Edwin Ukanwa, diretor dos serviços de segurança do Estado, explicou à imprensa que Simon Kolawole, editor do jornal, e o jornalista Isioma Daniel, foram presos, mas ainda não havia acusações contra eles.
Jovens cristãos e muçulmanos começaram a se enfrentar na quarta-feira (20), depois da publicação do artigo jornal "This Day", em 16 de novembro. O artigo sugeria que até o profeta Maomé, fundador do islamismo, se casaria com uma das participantes do concurso de beleza, que estava marcado para ocorrer na capital Abuja, no dia 7 de dezembro. A publicação foi considerada pelos muçulmanos uma blasfêmia.
O artigo deflagrou três dias de confrontos em Kaduna, cidade majoritariamente muçulmana no norte do país, onde pelo menos 105 pessoas morreram e 500 ficaram feridas. Os conflitos se alastraram também para a capital Abuja, e hoje a situação continua tensa.
O "This Day", que se desculpou pelo artigo, disse que o editor de sua edição de sábado, Simon Kolawole, foi preso ontem e não foi visto desde então. Os violentos distúrbios entre cristãos e muçulmanos continuaram hoje pela manhã na cidade de Kaduna, apesar da decisão de transferir o concurso de beleza Miss Mundo, que seria realizado em 7 de dezembro, em Abuja, a capital nigeriana.
Um jornalista da agência de notícias France Presse foi obrigado a refugiar-se hoje junto com cerca de mil pessoas numa fábrica de cerveja Kronenbourg, no sul da cidade, perto da estrada principal para Abuja, situada a 180 quilômetros de Kaduna.
Essa fábrica encontra-se sob vigilância do exército.
Uma outra mulher afirmou que um bando tentou matá-la depois de ter incendiado a sua casa. Só conseguiu salvar-se - segundo disse - por ter garantido que era muçulmana. Um homem disse que viu o seu irmão ser cortado em pedaços.
O concurso de Miss Mundo será transferido para Londres. A decisão foi tomada devido aos protestos violentos dos ultimos três dias, que deixaram um saldo de 105 mortos e mais de 500 feridos.
"Os organizadores do Miss Mundo 2002 decidiram mudar a final do concurso para Londres, Inglaterra", anunciou a organização do concurso, que será realizado em 7 de dezembro.
"A decisão foi tomada depois de um estudo cuidadoso de todas as questões pendentes e do interesse geral da Nigéria e dos participantes da edição deste ano", informou a organização do evento.
A decisão de cancelar o evento desagradou o presidente nigeriano Olusegún Obasanjo, que havia dado seu público apoio ao concurso apenas algumas horas antes da decisão tomada.
A realização do concurso de Miss Mundo provocou polêmica entre os muçulmanos. Rapidamente, a situação evoluiu para uma manifestação contra o concurso de beleza e para um enfrentamento entre cristãos e muçulmanos.
As autoridades enviaram militares para ajudar a polícia. O toque de recolher, decretado na quarta-feira, foi prolongado por 24 horas, depois de uma nova noite de confrontos, em que jovens muçulmanos e cristãos queimaram igrejas e mesquitas, saquearam lojas e destruíram veículos.
Várias candidatas ameaçaram boicotar o evento em protesto contra a condenação à morte de mulheres por tribunais islâmicos do norte do país. Mas o governo garantiu que nenhuma mulher será apedrejada, e depois disso cerca de 90 candidatas desembarcaram na Nigéria, na semana passada, muitas delas expressando apoio a mulheres condenadas por adultério pela lei islâmica.
Com agências internacionais
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Nigéria prende editor acusado de deflagrar violência no país
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A polícia secreta nigeriana prendeu o editor de um jornal acusado de desencadear uma onda de violência ao publicar um artigo supostamente profano envolvendo um concurso de Miss Mundo, informou seu jornal hoje.
Edwin Ukanwa, diretor dos serviços de segurança do Estado, explicou à imprensa que Simon Kolawole, editor do jornal, e o jornalista Isioma Daniel, foram presos, mas ainda não havia acusações contra eles.
Jovens cristãos e muçulmanos começaram a se enfrentar na quarta-feira (20), depois da publicação do artigo jornal "This Day", em 16 de novembro. O artigo sugeria que até o profeta Maomé, fundador do islamismo, se casaria com uma das participantes do concurso de beleza, que estava marcado para ocorrer na capital Abuja, no dia 7 de dezembro. A publicação foi considerada pelos muçulmanos uma blasfêmia.
O artigo deflagrou três dias de confrontos em Kaduna, cidade majoritariamente muçulmana no norte do país, onde pelo menos 105 pessoas morreram e 500 ficaram feridas. Os conflitos se alastraram também para a capital Abuja, e hoje a situação continua tensa.
O "This Day", que se desculpou pelo artigo, disse que o editor de sua edição de sábado, Simon Kolawole, foi preso ontem e não foi visto desde então. Os violentos distúrbios entre cristãos e muçulmanos continuaram hoje pela manhã na cidade de Kaduna, apesar da decisão de transferir o concurso de beleza Miss Mundo, que seria realizado em 7 de dezembro, em Abuja, a capital nigeriana.
George Esiri/Reuters - 11.nov.2002 |
Participantes do concurso chegam a Abuja, na Nigéria |
Essa fábrica encontra-se sob vigilância do exército.
Uma outra mulher afirmou que um bando tentou matá-la depois de ter incendiado a sua casa. Só conseguiu salvar-se - segundo disse - por ter garantido que era muçulmana. Um homem disse que viu o seu irmão ser cortado em pedaços.
O concurso de Miss Mundo será transferido para Londres. A decisão foi tomada devido aos protestos violentos dos ultimos três dias, que deixaram um saldo de 105 mortos e mais de 500 feridos.
"Os organizadores do Miss Mundo 2002 decidiram mudar a final do concurso para Londres, Inglaterra", anunciou a organização do concurso, que será realizado em 7 de dezembro.
"A decisão foi tomada depois de um estudo cuidadoso de todas as questões pendentes e do interesse geral da Nigéria e dos participantes da edição deste ano", informou a organização do evento.
A decisão de cancelar o evento desagradou o presidente nigeriano Olusegún Obasanjo, que havia dado seu público apoio ao concurso apenas algumas horas antes da decisão tomada.
A realização do concurso de Miss Mundo provocou polêmica entre os muçulmanos. Rapidamente, a situação evoluiu para uma manifestação contra o concurso de beleza e para um enfrentamento entre cristãos e muçulmanos.
As autoridades enviaram militares para ajudar a polícia. O toque de recolher, decretado na quarta-feira, foi prolongado por 24 horas, depois de uma nova noite de confrontos, em que jovens muçulmanos e cristãos queimaram igrejas e mesquitas, saquearam lojas e destruíram veículos.
Várias candidatas ameaçaram boicotar o evento em protesto contra a condenação à morte de mulheres por tribunais islâmicos do norte do país. Mas o governo garantiu que nenhuma mulher será apedrejada, e depois disso cerca de 90 candidatas desembarcaram na Nigéria, na semana passada, muitas delas expressando apoio a mulheres condenadas por adultério pela lei islâmica.
Com agências internacionais
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