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22/11/2002
-
08h02
da Folha Online
Pelo menos 105 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas na cidade de Kaduna, no norte da Nigéria, em distúrbios detonados por muçulmanos furiosos devido ao fato de o país receber, no próximo mês, o concurso de Miss Mundo, disseram hoje autoridades da Cruz Vermelha.
Jovens cristãos e muçulmanos voltaram a se enfrentar hoje, no terceiro dia do conflito provocado por um artigo de jornal que sugeria que até o profeta Maomé, fundador do islamismo, se casaria com uma das participantes do concurso de beleza. A publicação foi considerada pelos muçulmanos uma blasfêmia.
Representantes do governo federal se encontravam hoje em Kaduna, a 600 km a noroeste de Lagos, para negociar com representantes das autoridades religiosas e tentar acalmar os ânimos, disse Muktar Sirajo, porta-voz do Estado de Kaduna.
As autoridades enviaram militares para ajudar a polícia. O toque de recolher, decretado anteontem, foi prolongado por 24 horas, depois de uma nova noite de confrontos, em que jovens muçulmanos e cristãos queimaram igrejas e mesquitas, saquearam lojas e destruíram veículos.
O presidente da Cruz Vermelha na Nigéria, Emmanuel Ijewere, declarou que o número de mortos foi confirmado por funcionários de Kaduna.
Segundo Ijewere, o número de mortos poderia aumentar. "Há algumas casas que não foram revistadas. É possível que haja vítimas nessas casas."
Pouco antes, um porta-voz da Cruz Vermelha nigeriana disse que pelo menos 521 feridos tinham sido retirados por equipes de médicos voluntários para os hospitais da cidade.
A realização do concurso de Miss Mundo, marcado para 7 de dezembro na capital da Nigéria, Abuja, provocou polêmica entre os muçulmanos. Os protestos começaram anteontem por causa de um artigo do jornal nigeriano "This Day", que no sábado (16) publicou o artigo considerado profano pelos muçulmanos.
Rapidamente, a situação evoluiu para uma manifestação contra o concurso de beleza e para um enfrentamento entre cristãos e muçulmanos.
A entidade Umma Muçulmana Nigeriana declarou "séria emergência religiosa" e pediu formalmente ao governo que cancele o concurso, apontado pelos muçulmanos como "um desfile de nudez".
Ontem o jornal "This Day" publicou na primeira página um pedido de desculpas, dizendo que o artigo foi publicado por engano. Mas isso não acalmou os muçulmanos, que são maioria no norte do país.
O concurso de Miss Mundo é o maior evento de entretenimento já feito no país. As autoridades esperavam que ele ajudasse a melhorar a imagem da Nigéria, abalada pela condenação à morte por apedrejamento de Amina Lawal, 31, que tem um filho de uma relação extra-conjugal.
Várias candidatas ameaçaram boicotar o evento em protesto contra a condenação à morte de mulheres por tribunais islâmicos do norte do país. Mas o governo garantiu que nenhuma mulher será apedrejada, e depois disso cerca de 90 candidatas desembarcaram na Nigéria, na semana passada, muitas delas expressando apoio a Lawal e a outras mulheres condenadas por adultério pela lei islâmica.
A situação é tensa também em outras cidades do norte da Nigéria. Moradores disseram que a polícia está de prontidão em Kano, onde conflitos religiosos são frequentes.
Com agências internacionais
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Protesto na Nigéria deixa ao menos 105 mortos, diz Cruz Vermelha
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Pelo menos 105 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas na cidade de Kaduna, no norte da Nigéria, em distúrbios detonados por muçulmanos furiosos devido ao fato de o país receber, no próximo mês, o concurso de Miss Mundo, disseram hoje autoridades da Cruz Vermelha.
Jovens cristãos e muçulmanos voltaram a se enfrentar hoje, no terceiro dia do conflito provocado por um artigo de jornal que sugeria que até o profeta Maomé, fundador do islamismo, se casaria com uma das participantes do concurso de beleza. A publicação foi considerada pelos muçulmanos uma blasfêmia.
Representantes do governo federal se encontravam hoje em Kaduna, a 600 km a noroeste de Lagos, para negociar com representantes das autoridades religiosas e tentar acalmar os ânimos, disse Muktar Sirajo, porta-voz do Estado de Kaduna.
As autoridades enviaram militares para ajudar a polícia. O toque de recolher, decretado anteontem, foi prolongado por 24 horas, depois de uma nova noite de confrontos, em que jovens muçulmanos e cristãos queimaram igrejas e mesquitas, saquearam lojas e destruíram veículos.
O presidente da Cruz Vermelha na Nigéria, Emmanuel Ijewere, declarou que o número de mortos foi confirmado por funcionários de Kaduna.
Segundo Ijewere, o número de mortos poderia aumentar. "Há algumas casas que não foram revistadas. É possível que haja vítimas nessas casas."
Pouco antes, um porta-voz da Cruz Vermelha nigeriana disse que pelo menos 521 feridos tinham sido retirados por equipes de médicos voluntários para os hospitais da cidade.
Reuters -11.nov.2002 |
Participantes do concurso de Miss Mundo chegam a Abuja, na Nigéria |
Rapidamente, a situação evoluiu para uma manifestação contra o concurso de beleza e para um enfrentamento entre cristãos e muçulmanos.
A entidade Umma Muçulmana Nigeriana declarou "séria emergência religiosa" e pediu formalmente ao governo que cancele o concurso, apontado pelos muçulmanos como "um desfile de nudez".
Ontem o jornal "This Day" publicou na primeira página um pedido de desculpas, dizendo que o artigo foi publicado por engano. Mas isso não acalmou os muçulmanos, que são maioria no norte do país.
O concurso de Miss Mundo é o maior evento de entretenimento já feito no país. As autoridades esperavam que ele ajudasse a melhorar a imagem da Nigéria, abalada pela condenação à morte por apedrejamento de Amina Lawal, 31, que tem um filho de uma relação extra-conjugal.
Várias candidatas ameaçaram boicotar o evento em protesto contra a condenação à morte de mulheres por tribunais islâmicos do norte do país. Mas o governo garantiu que nenhuma mulher será apedrejada, e depois disso cerca de 90 candidatas desembarcaram na Nigéria, na semana passada, muitas delas expressando apoio a Lawal e a outras mulheres condenadas por adultério pela lei islâmica.
A situação é tensa também em outras cidades do norte da Nigéria. Moradores disseram que a polícia está de prontidão em Kano, onde conflitos religiosos são frequentes.
Com agências internacionais
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