São Paulo, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 1999
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Micro e pequenas empresas, que respondem por 21% do Produto Interno Bruto e empregam 60% da mão-de-obra, sofrem maiores dificuldades para acertar sistemas e podem reduzir arrecadação de impostos federais
Governo já se ajustou, mas teme por firmas

WILSON SILVEIRA
da Sucursal de Brasília

O bug não deve afetar os principais sistemas operacionais do governo federal, mas o Ministério da Administração está preocupado.
"Não adianta preparar o sistema de arrecadação de impostos se não tivermos impostos para arrecadar", disse Heloísa Tricate, diretora do Departamento de Gestão da Informação do ministério. Segundo ela, se nada for feito, muitos podem perder o negócio ou ficar desempregados.
Responsável pelo programa A2000 do governo federal, Tricate disse que o problema são as 4,5 milhões de micro e pequenas empresas (98% do total), que empregam 60% da mão-de-obra e são responsáveis por 21% do PIB (de R$ 180 bilhões), segundo o Sebrae.
"Milhares de pequenos escritórios de contabilidade podem fechar por causa da perda de clientes, pequenas empresas podem demorar a se adequar, e esse tipo de empresa é a principal fonte de arrecadação de impostos", disse.

Classificação
Relatório do Gartner Group (www.gartnerweb.com), de Connecticut (EUA), coloca o Brasil no segundo de quatro grupos de países. Os países do primeiro grupo sofrem o menor risco de ter problemas. No segundo, há probabilidade de 33% das empresas serem afetadas.
"Algumas regiões do Brasil vivem na Idade Média e não terão problema algum", disse Tricate.
Ela disse que é difícil avaliar os problemas que o bug causará ao país. "Não teremos problemas catastróficos, mas muitas coisas vão falhar", disse.
O prazo fixado pelo governo federal para todos os seus órgãos terminarem as adaptações dos sistemas é 30 de junho.
O Serviço Federal de Processamento de Dados, principal órgão de processamento do governo federal, construiu uma caixa-d'água, implantou um sistema que resiste 24 horas sem luz e está se preparando para buscar os funcionários.
O Serpro, que processa o "sistema de missão crítica" de toda a administração pública federal, já adequou 18,8 milhões de linhas de código dos seus computadores (97% do total).
A Dataprev, empresa de processamento de Dados da Previdência Social, identificou 5,5 milhões de linhas de código com necessidade de adequação, mas acredita que ninguém deixará de receber aposentadoria ou outros benefícios devido ao bug.
A adequação das empresas de energia elétrica -que é uma área essencial- está centralizada pela Eletrobrás e pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Em conjunto com Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletronuclear, Eletrosul e Itaipu Binacional, a Eletrobrás está tentando evitar a possível queda de um sistema e a interferência em outras regiões.


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