São Paulo, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 1999
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Empresas garantem que estão preparadas para enfrentar o bug, mas fornecedores de água, luz, gás, telefônicas, hospitais, bancos e aeroportos podem dar dor de cabeça na entrada do ano 2000
O que pode afetar sua vida na virada

LUCIA REGGIANI
da Reportagem Local

THIAGO STIVALETTI
da Redação

Imagine receber a cobrança de um pagamento já feito ou uma multa por 99 anos de atraso. Coisas estranhas como essas podem acontecer na virada para 2000 se certos computadores não entenderem que 00 é mais que nada.
A lista de serviços da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados de São Paulo), do governo paulista, dá um frio na espinha.
Pelos sete computadores de grande porte, 822 servidores e cerca de 4.000 PCs da Prodesp passam o controle da saída de presos das penitenciárias, salários e aposentadorias de cerca de 800 mil servidores públicos, arrecadação de ICMS, multas de trânsito, carteiras de motorista, matrículas nas escolas públicas e controle de internações e suprimentos de 45 hospitais.
A Prodesp está gastando US$ 15 milhões no ajuste. Dos 30 milhões de linhas de código que ela precisa revisar, faltam 14 milhões para corrigir até julho. "O prazo, fixado por decreto, será cumprido", diz Eduardo Cesar da Fonseca, diretor de informática da Prodesp.
Um mês antes, a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) promete estar com seus 15 mil programas ajustados. Pierre Orfali, gestor do projeto 2000, diz que 60% dos programas estão prontos.
O trânsito de veículos na cidade não deve apresentar problemas.
O sistema de semáforos inteligentes Scoot, instalado em 94, já está preparado. Ele controla 1.500 cruzamentos críticos e conta com geradores com autonomia para até seis horas de funcionamento.
Ainda há cem semáforos na região central da cidade controlados por um sistema antigo que precisam ser transferidos para o Scoot. Segundo Edgar Linguitte, coordenador do projeto de semáforos inteligentes, até o final do ano todos estarão compatíveis.

Abastecimento
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que está gastando R$ 2,5 milhões com o bug, regularizou 50% de seus sistemas.
A empresa quer triplicar a equipe de plantão no réveillon e manter pontos de emergência com carros-pipa para evitar falta d'água.
"Nosso problema é menor que o das fornecedoras de luz porque podemos contar com os reservatórios e caixas-d'água das residências", diz Zenon Alves, superintendente de informática da Sabesp.
A Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) gastou cerca de R$ 5 milhões em seu programa de ajuste, que deve terminar até julho.
E as telecomunicações? No que depender da Embratel, responsável pelas ligações de longa distância, até março as centrais telefônicas estarão ajustadas. Os satélites ficam para junho. A empresa vai gastar US$ 14 milhões no ajuste.
A usina nuclear de Angra 1 não apresentará perigo. O sistema de segurança da usina é analógico (não usa microchips). O reator está programado para se desligar ao menor problema, mas nem isso deve ocorrer: o sistema que poderia parar a usina foi atualizado.


Colaborou Toni Sciarreta, da Sucursal do Rio


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