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PREGO NA TESTA

Parlapatões montam inédito de Eric Bogosian

A nova montagem teatral dos Parlapatões traz texto inédito no Brasil de Eric Bogosian ( Suburbiae Talk Radio) com tradução, adaptação e direção do dramaturgo Aimar Labaki e interpretação de Hugo Possolo.

O texto do americano Eric Bogosian esperou 11 anos para ganhar sua versão brasileira. Seu título original Pounding Nails in the Floor with My Forehead em português ganhou a expressão que faz jogo com o duplo sentido de ameaçar o crânio por um prego ou de que ele já esteja fincado em uma mente perturbada.

Ainda inédito no Brasil, Prego na Testa foi grande sucesso nos EUA com a interpretação do próprio autor. Duas de suas peças foram transformadas em filmes de grande impacto – Talk Radio e Suburbia (que já teve montagem paulista). Mestre em expor o ridículo da neurose urbana, desenha aqui vários tipos que vão do esquisito ao hilariante, sempre instigando a platéia a reações que vão da gargalhada à angústia.

A tradução e adaptação de Aimar Labaki além de situar aspectos da realidade brasileira reordena condições de ritmo e síntese a serviço da força poética de cada cena. Insere os personagens em contextos mais determinados, o que consolida o elo entre eles e deixa espaço para a interpretação fluir.

Para Labaki, que também dirige o espetáculo, o autor americano "trata de questões políticas atacando o seu cerne: o ser humano". Para ele "os Parlapatões sempre apontaram para a mesma direção, quer seja em espetáculos de puro divertimento, quer seja em propostas mais arrojadas, o riso é sempre garantido, e a reflexão também".

O parlapatão Hugo Possolo vive nove personagens urbanos cujo humor nasce de seu próprio desespero.

Mais de um tema cerca a vida destes personagens multifacetados, vistos sobre o olhar cáustico de um autor inquieto e provocador. Bogosian aponta em seu texto para a sensação de impotência dos seres humanos diante da realidade das grandes cidades.

E são tantas as vezes que nos sentimos impotentes que parecemos ameaçados por um terrorista imaginário. Esta é a sensação que se busca para cada espectador em Prego na Testa. Para que ele oscile entre o medo e dúvida sobre uma vida ameaçada que não é bem a sua, mas que bem poderia ser.

Possolo se define como palhaço e afirma que estes "personagens estão ligados pelas mesmas preocupações e são vítimas de um mesmo descaso, sem ignorar que também são responsáveis pelas situações que enfrentam".

O parlapatão vive em Prego na Testa seu primeiro solo mostrando que não quer estar preso a um estigma ou rótulo que muitas vezes o artista recebe ou se impõe. Quebrando o preconceito se arrisca numa empreitada que explora outras faces do ator, sem negar tudo que já fez. Ao contrário, é apoiado no seu espírito claunesco que joga com a comicidade da tragédia de cada um de seus personagens.

Muito do que fizeram os Parlapatões em seus quinze anos de estrada se assemelha ao conteúdo deste espetáculo na mesma medida em que ela aponta outras questões. Mais um passo da busca permanente de um consolidado grupo que não quer se acomodar.

Em sua nova montagem os Parlapatões optaram por um texto sem piedade ou compaixão, com um humor nervoso, sobre a incapacidade humana de superar seus conflitos mais banais.