São Paulo, Terça-feira, 23 de Fevereiro de 1999
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Medo faz igreja dos EUA reunir fiéis

da Redação

Quando o ano 2000 estiver longe, é possível que reste do episódio a impressão de que houve muito alarmismo por parte de pessoas mal-informadas.
Uma reunião de fiéis da Igreja Batista, há três semanas, nos Estados Unidos, ilustra bem o clima a pouco menos de um ano da chegada do bug do milênio.
O encontro foi o segundo de uma série programada pela direção da igreja no país com o intuito de promover orações para que a humanidade resolva o problema a tempo. Nos altares, há um placar com a contagem regressiva.
Os Estados Unidos -provavelmente pelo alto desenvolvimento tecnológico- são recordistas em atitudes desesperadas. Casos como o do analista de sistemas Steve Watson têm sido mais frequentes do que se imagina.
Há dois anos, ele se mudou para um bunker camuflado em Oklahoma, cercado por estoques de comida e rifles, com medo do bug.
Watson foi o responsável por assegurar que uma das maiores companhias telefônicas dos EUA havia se adequado ao bug. Ao finalizar a tarefa, ele concluiu que seu esforço fora em vão, porque, se a rede elétrica falhar, todo o ajuste feito em outros setores será inútil. Então, correu para as montanhas.
As autoridades também estão sobressaltadas. Segundo o "The New York Times", o governo dos EUA teria criado mais comitês, relatórios orçamentários, conselhos presidenciais, atos no Congresso e sites na Internet do que sobre a Aids e o aquecimento global juntos.
O tráfego aéreo, considerado uma das áreas críticas devido ao controle automatizado, está sendo alvo de campanhas pesadas.
Jane Garvey, chefe do Federal Aviation Administration, prometeu voar na virada do ano para demonstrar sua fé no controle de tráfego aéreo. Na Inglaterra, a British Airways anunciou que seus executivos estarão no ar na passagem para 2000 -medida ordenada também pelo governo chinês.

Planejamento
Pesquisas mostram que a maioria dos norte-americanos não espera ter suas vidas seriamente transformadas, mas uma minoria significativa vai investir tempo e dinheiro para se proteger.
Alguns setores, como o bancário, começaram a se preparar há meses, e indústrias vêm patrocinando campanhas sobre o perigo de estocar dinheiro em casa e perdê-lo em assaltos e incêndios -sem falar no risco de gastá-lo sem necessidade.
O Federal Reserve (Banco Central norte-americano), que distribui dinheiro para o sistema bancário do país, deve imprimir US$ 50 bilhões extras -aumentando a circulação total para US$ 200 bilhões- a fim de assegurar que haja papel suficiente para quem quiser estocar. (RACHEL BOTELHO)




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