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Japão vive incerteza
MARCIO AITH
de Tóquio
Um clima de incerteza marca a
preparação do Japão -segunda
maior economia do mundo- em
relação ao bug.
A pouco mais de dez meses do
ano 2000, alguns especialistas afirmam que o país estaria malpreparado para evitar o colapso de seus
computadores.
Outros acreditam que o Japão teria "anticorpos" naturais contra o
problema, e sustentam que as críticas vem de empresas norte-americanas que não estariam conseguindo vender serviços "antibug" aos
desconfiados bancos japoneses.
Seja qual for a verdade, o governo japonês decidiu adotar em setembro de 1998 uma postura mais
agressiva diante do assunto.
Desde então, um grupo criado
pelo primeiro-ministro, Keizo
Obuchi, acompanha a conversão
dos sistemas nos setores público e
privado. Segundo ele, praticamente todas as empresas do país estarão preparadas até julho.
A iniciativa não conseguiu barrar as críticas que o país vem sofrendo. A comunidade ocidental
afirma que o orçamento público
japonês destinado ao problema limita-se a US$ 270 milhões -menos da metade do que o Citicorp
(banco norte-americano) já gastou
para se preparar.
"Há uma grande confusão por
trás das críticas ao Japão", diz Takewa Sato, especialista que presta
assessoria a empresas de telecomunicações. "Os ocidentais acham
que somente os países que gastaram fortunas poderão ver-se livres
do bug. Isso não é verdade."
A questão é complicada. A começar do fato de que, no Japão, parte
dos computadores de pequenas e
médias empresas tem programas
que escrevem datas com base no
"sistema imperial". Para eles, estamos no ano 11 da Era Heisei.
Os críticos rebatem esse argumento dizendo que o "sistema imperial" não é usado nos grandes
bancos nem nos serviços de caráter mundial, que usam o sistema
ocidental de contar datas.
Mas, mesmo assim, existiria um
outro dado que tornaria o Japão
imune ao bug -segundo a avaliação dos japoneses. As grandes empresas do país sempre tiveram receio de contratar funcionários externos para montar seus sistemas,
e preferiram deixar o serviço a funcionários antigos.
Como resultado, a maioria das
grandes corporações japonesas
tem registros detalhados de praticamente todas as linhas de código
de seus programas. Seria fácil, para
elas, proteger-se do bug.
Uma piada que circula no país
diz que alguns funcionários, para
não serem demitidos durante a crise econômica japonesa, decoraram o significado de cada uma das
100 milhões de linhas dos programas de seus patrões.
A verdade, no entanto, é que os
dados do governo sobre o assunto
são recentes e, para alguns, pouco
confiáveis.
O grupo criado pelo primeiro-ministro afirma que mais da metade dos bancos já renovaram e testaram seus sistemas. Os outros
completariam os testes até a metade do ano.
No setor de energia, 90% das empresas estariam em fase final de
testes, e as empresas fornecedoras
de eletricidade já teriam concluído
67% do trabalho.
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