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ANÁLISE
Acordo indica FHC debilitado
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
O acordo realizado com o setor automotivo é um indicativo
do enfraquecimento político
do governo Fernando Henrique Cardoso, que, se levasse em
conta apenas argumentos técnicos, não concordaria com a
medida.
Pela visão que predomina no
Ministério da Fazenda e no
Banco Central, acordos como
esse trazem mais custos que benefícios.
De acordo com esse raciocínio, setores mais organizados e
influentes da sociedade conseguem reduzir sua cota de sacrifício nos ajustes da economia,
enquanto o setor público corre
o risco de perder receita de impostos.
Há o agravante de que o controle do déficit público é considerado, particularmente agora,
a forma mais eficaz de superar
a crise e retomar o crescimento
de forma consistente -sempre
na visão da equipe econômica
do governo.
É improvável que o sinal verde para o acordo automotivo
decorra de uma mudança de
orientação de FHC.
No mês passado, quando
houve a desvalorização do real,
chegou-se a imaginar que o governo poderia abandonar as diretrizes mais ortodoxas da Fazenda e do BC rumo a uma política que privilegiasse o crescimento econômico.
Entretanto essas suposições
foram abandonadas quando
FHC nomeou Armínio Fraga
para a presidência do BC, fortalecendo o grupo comandado
pelo ministro Pedro Malan.
Resta, para explicar o acordo,
a necessidade de atenuar o desgaste do presidente com a recessão e a volta da inflação, justamente os dois fenômenos
econômicos que mais abalam a
popularidade de governantes.
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