São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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ANÁLISE

Acordo indica FHC debilitado

GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília

O acordo realizado com o setor automotivo é um indicativo do enfraquecimento político do governo Fernando Henrique Cardoso, que, se levasse em conta apenas argumentos técnicos, não concordaria com a medida.
Pela visão que predomina no Ministério da Fazenda e no Banco Central, acordos como esse trazem mais custos que benefícios.
De acordo com esse raciocínio, setores mais organizados e influentes da sociedade conseguem reduzir sua cota de sacrifício nos ajustes da economia, enquanto o setor público corre o risco de perder receita de impostos.
Há o agravante de que o controle do déficit público é considerado, particularmente agora, a forma mais eficaz de superar a crise e retomar o crescimento de forma consistente -sempre na visão da equipe econômica do governo.
É improvável que o sinal verde para o acordo automotivo decorra de uma mudança de orientação de FHC.
No mês passado, quando houve a desvalorização do real, chegou-se a imaginar que o governo poderia abandonar as diretrizes mais ortodoxas da Fazenda e do BC rumo a uma política que privilegiasse o crescimento econômico.
Entretanto essas suposições foram abandonadas quando FHC nomeou Armínio Fraga para a presidência do BC, fortalecendo o grupo comandado pelo ministro Pedro Malan.
Resta, para explicar o acordo, a necessidade de atenuar o desgaste do presidente com a recessão e a volta da inflação, justamente os dois fenômenos econômicos que mais abalam a popularidade de governantes.


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