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MERCADO ACIONÁRIO
Exigência vale a partir de hoje; objetivo é proteger o interesse dos minoritários
Grandes vendas de ações têm de ser comunicadas à CVM
TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) baixou ontem uma
instrução obrigando as empresas
abertas -aquelas que têm ações
negociadas em Bolsas- a comunicar todas as negociações de grandes lotes de ações, que envolvam
mais de cinco pontos percentuais
do capital (votante ou não) da
companhia.
O objetivo é proteger o interesse
dos acionistas minoritários, durante operações de fusão e aquisição de empresas abertas. A instrução vale a partir de hoje, data de
sua publicação no ""Diário Oficial"
da União. Anteriormente, apenas
aquisições de capital votante deveriam ser divulgadas.
No comunicado à CVM deverá
constar a identificação completa
dos negociadores, o valor e, principalmente, o objetivo da operação.
Se o processo de compra de ações
desembocar na aquisição efetiva
da empresa envolvida, os negociadores deverão deixar esse objetivo
bem claro.
Empresas envolvidas em processos de fusão e aquisição costumam
ter fortes oscilações nos preços de
suas ações. Geralmente, a empresa
que compra outra tem queda nas
ações -pois terá de desembolsar
dinheiro.
Já as empresas adquiridas tendem a ter suas ações fortemente
valorizadas no mercado, a menos
que se trate de um péssimo negócio para ela.
Oferta por edital
O presidente da CVM, Francisco
da Costa e Silva, afirmou que o movimento de fusão e aquisição de
empresas brasileiras por estrangeiras deverá se intensificar nos
próximos meses devido à desvalorização do real.
Os controladores poderão negociar até dez pontos percentuais do
total de ações ordinárias (com direito a voto) ou não em operações
privadas. A partir daí, novas aquisições deverão ser feitas sempre
por meio de ofertas públicas, o que
pressupõe publicação de edital e
detalhamento da operação de
compra e venda.
Em dois anos, se houver nova
oferta pública de ações e os controladores pagarem um preço maior
pelos papéis, eles deverão reembolsar a diferença para os minoritários.
No final do ano passado, por
exemplo, a britânica J.C. Penney,
que adquiriu as lojas Renner, de
Porto Alegre (RS), pagou R$ 25 pelo lote de mil ações da loja no leilão
do dia 23 de dezembro.
Numa outra operação, dia 19 de
janeiro, os britânicos pagaram R$
37,61 pelas mesmas ações. Se isso
acontecesse hoje, a J.C. Penney deveria pagar a diferença aos minoritários.
A CVM está abrindo inquérito
administrativo para apurar se houve danos aos minoritários na venda das lojas Renner.
Oferta ao mercado
Nas ofertas públicas, caso os minoritários que se habilitem para
vender suas ações consigam formar um terço do capital remanescente, os controladores deverão
estender as ofertas para todo o
mercado. Caso não façam isso, deverão desistir do leilão.
Costa e Silva ressaltou que as novas medidas visam atacar o chamado ""fechamento branco de capital". Ele explicou que algumas
multinacionais entram no país
comprando uma empresa local de
capital aberto.
Feita a aquisição, as multinacionais mantêm a companhia ainda
negociada em Bolsa, mas de fato
passam a administrá-la como uma
regional, sem nenhuma intenção
de que ela permaneça de capital
aberto.
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