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Brasil desbanca a Califórnia e se torna o centro mundial do vôlei de praia
17h53 - 19/09/98

Da Agência JB
Em Maceió

Nenhuma dupla brasileira precisa ir mais para a Califórnia para ser "star". As areias quentes dos EUA, que eram o centro do vôlei de praia mundial, perderam terreno para o litoral brasileiro.

Atualmente, os jogadores do Brasil reinam no Circuito Mundial de Vôlei de Praia -sem concorrentes estrangeiros. No masculino, os dois primeiros lugares do ranking são de parcerias brasileiras e quatro duplas estão entre as dez primeiras.

No feminino, as quatro primeiras duplas do rankin são do Brasil, que tem ainda mais duas parcerias entre as dez primeiras.

A menos de dois anos das Olimpíadas de Sydney, em 2000, os brasileiros são favoritos a subir no lugar mais alto do pódio. No masculino, os mais cotados são Emanuel/Loiola e Guilherme/Pará, não por acaso as duplas líderes do ranking neste ano.

Entre as mulheres, despontam como favoritas a parceria bicampeã mundial Adriana Behar/Shelda e Sandra/Adriana. Domingo, a partir das 9h, serão disputadas as finais da etapa de Maceió do Circuito Banco do Brasil, na Praia da Pajuçara.

Mas não é só. Há outras duplas que podem voltar de Sydney com um brilho dourado no pescoço. Tande e Giovane, que trocaram as quadras -onde ganharam o ouro em Barcelona (1992) com a Seleção Brasileira- pela areia, em busca de mais uma medalha olímpica; Ricardo e Zé Marco (este, ex-parceiro de Emanuel, com quem foi campeão mundial ano passado); e até Carlão e Paulo Emílio. O ex-capitão da Seleção trocou o Mundial do Japão, em novembro, pelo sonho do ouro em Sydney.
No feminino, podem voltar do topo do pódio Jacqueline (atual campeã olímpica, com Sandra) e Adriana Bento.

É fácil explicar a razão do sucesso do vôlei de praia pelas bandas de cá. O motivo óbvio é o vasto litoral brasileiro. "A costa do Brasil é grande. Na Europa, o verão dura no máximo três meses e meio. Aqui, o clima favorece o esporte. No Nordeste, os jogadores estão sempre disputando campeonatos. Na quadra, isso não acontece", explica o coordenador de vôlei de praia da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Fernando Tovar.

As duplas contam com uma estrutura completa dando suporte. Além de técnicos -que, agora, podem ficar na quadra, no banco-, os jogadores têm na comissão técnica profissionais como preparador físico, fisiologista e nutricionista. "É uma estrutura como se fosse um time da quadra", diz Tovar.

Curso

De olho no progresso do vôlei de praia no Brasil, a CBV já organizou o 1° Curso de Técnicos, mês passado, na Escola de Educação Física do Exército, na Urca. "Nossa preocupação maior é com o feminino. O número de atletas é menor, apesar dos resultados conseguidos. Por exemplo, a quadra no interior de São Paulo é forte, atrai muitas jogadoras", afirma o coordenador da CBV.

"Queremos aumentar o número de jogadoras e ter o maior número possível de duplas de alto nível."

Por isso, a entidade está organizando dois módulos de treinamentos de jogadoras de vôlei de praia. Em Belo Horizonte, quatro atletas, com média de 22 anos e 1,80m de altura, participam do programa -elas recebem ajuda de custo da CBV, além de técnico.

No Rio, numa rede montada em frente à Rua Figueiredo Magalhães, em Copacabana, as meninas treinam diariamente sob supervisão do técnico Wantuil (ex-treinador de Jacqueline).
Uma jogadora que veio desse módulo de treinamento da CBV e já está jogando o Circuito Banco do Brasil é Mônica Paludo, parceira de Mônica (ex-Adriana). Ambas estrearam na etapa de Maceió, que termina domingo na Praia da Pajuçara.

Para estimular o surgimento de novos talentos, o número de etapas do Circuito Banco do Brasil aumentou neste ano de oito para 12. A CBV planeja ainda criar um Circuito de Vôlei de Praia 4x4, com oito etapas. Na competição enfrentam-se quartetos -a modalidade é comum nos EUA e já foi disputada no Brasil, mas não oficialmente.

"Queremos estimular a prática do vôlei de praia", explica Tovar. "Acho que os resultados dos Jogos da Amizade (vitórias de Guilherme/Pará e Adriana Behar/Shelda) mostraram a força desse esporte no Brasil."

Guilherme, companheiro de Pará, afirma que o brasileiro consegue ter elasticidade e rapidez na areia. "Os americanos são muito fortes; os europeus não têm bom controle de bola e os brasileiros, apesar da altura média de 1,93m, contra 2,00m dos estrangeiros, compensam com velocidade no jogo", diz o vice-líder desta temporada no Circuito Mundial.

Segundo ele, a raça também ajuda. "A garra pode ser 80% do jogo na areia. No momento em que você está para perder, mas reage e vence a partida. Além disso, hoje, só pensamos no vôlei. Antigamente a gente conciliava o vôlei com outra profissão. No meu caso, a engenharia", conta Guilherme.

Num jogo em que quem erra menos vence, o segredo é investir na formação de novos atletas, cada vez mais completos, afirma a bicampeã mundial Adriana Behar. "Cada um tem que aproveitar sua habilidade e tentar se aperfeiçoar nos fundamentos em que não é tão bom. O boom do Brasil no vôlei de praia começou quando os jogadores criaram uma mentalidade de profissionalização", diz a parceira de Shelda.

"Hoje você já tem meninas de 16 anos se iniciando no vôlei de praia. Antigamente, as jogadoras saíam da quadra e iam para a praia. Agora começam na areia", completa Adriana Behar.

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