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Beque argentino foi campeão sul-americano pelo Vasco
08h57 - 26/08/98

Da Agência JB
No Rio de Janeiro

O título que o Vasco busca nesta quarta o argentino Ramón Rafanelli já comemorou em 48, na primeira - e até agora única - vez que o clube de São Januário festejou a vitória numa competição continental.

A partir do apito do árbitro Javier Castrilli, o beque Rafanelli vai torcer diante da TV para seus sucessores Mauro Galvão e Odivan, cujo desempenho em campo pode ser decisivo para o título - o Vasco garante a festa se não levar mais de um gol.

Só que Rafanelli não tem tanta certeza assim do sucesso como tinha no Expresso de 48. "Na minha época o time era mais acertado", comenta o ex-zagueiro, 75, há cinco morando na casa de repousos Docelar, em Niterói.

Aliás, o futebol do passado ganha a preferência sobre o do presente para Rafanelli. Principalmente quando chega às mãos do ex-jogador seu álbum de fotografias. "Ademir, esse era um perigo", comenta, apontando o queixudo e inconfundível rosto do atacante.

E Rafanelli fala com conhecimento de causa, pois enfrentou-o várias vezes, com o zagueiro defendendo o Bangu. "Eu avisava para ele que não podia passar a bola debaixo das minhas pernas. Se não eu dava cacete nele", comenta o ex-zagueiro, que tinha estilo clássico.

Tanto que até hoje guarda mágoa de seu ex-treinador Flávio Costa. "Ele queria que eu desse chutão. Mas eu matava no peito e saía jogando", comenta Rafanelli, ao se deparar com uma foto do técnico do Expresso no caderno especial do "Jornal do Brasil" em comemoração ao centenário do Vasco.

As imagens dos seus contemporâneos vão puxando pela memória do argentino nascido em Santa Fé, que fez história no River antes de se mudar para o Brasil. "Lelé, meu grande amigo. Augusto, Barbosa, um goleiraço. Danilo, um príncipe, um craque. Chico, Friaça, Mariozinho, este driblava todo mundo. Maneca. A turma era boa", comenta Rafanelli.
Era boa mesmo, tanto que o time de 48 foi campeão sul-americano com excelente campanha no torneio disputado em Santiago: 2 a 1 no El Litoral, da Bolívia, 4 a 1 no Nacional, do Uruguai, 4 a 0 no Municipal, do Peru, 1 a 1 com o Colo Colo, do Chile, e 0 a 0 com o River Plate, da Argentina.

Na casa de repouso, Rafanelli é tratado carinhosamente como Ramón. "Isso aqui é uma família. Dona Maria José é uma mãe para todos", comenta, referindo-se à proprietária da casa de repouso que hoje abriga 85 hóspedes.

A capelinha, com uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, é um dos locais preferidos do ex-jogador, cuja calma rotina só é sacudida quando recebe um visita vascaína do passado (distante ou recente).
"Lelé e Roberto sempre vêm aqui. E a gente fala sobre futebol." E sobre o Vasco, que fecha os anos 90 com um timaço digno sucessor do Expresso da década de 40.


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