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Novo técnico grita com Romário no treino para acertar posicionamento
09h07 - 26/08/98

Da Agência JB
No Rio de Janeiro

A idéia de que Romário é intocável acabou. No seu primeiro coletivo como técnico do Flamengo, Toninho Barroso fez o que quis com o atacante: gritou, pegou pelo braço e puxou sua camisa. Tudo para acertar o melhor posicionamento da equipe, para o jogo desta quarta, às 20h30, contra o Atlético Paranaense.

Barroso mostrou coragem para tratar os profissionais com a mesma autoridade que exibia nos juvenis do clube. Fez os jogadores repetirem fundamentos à exaustão e optou pela formação com três atacantes: Romário, Rodrigo e Caio.

"Tenho que ser o que sou. Se eu sentir que estou me policiando, é porque alguma coisa está errada", explica. Para Barroso, futebol nada mais é do que a repetição dos movimentos. Hoje, a cada passe errado, ele interrompia o coletivo para que a jogada fosse repetida com perfeição. Isso é mais comum nos amadores. Mas os profissionais vão perceber que treinar fundamentos é bom para eles. Estou ajudando-os a melhorarem na profissão. O Michael Jordan só é o número um do basquete porque chega duas horas antes do treino e faz 200 arremessos", justifica.

Barroso vai impondo seu estilo suavemente. Por trás da fala mansa e do temperamento tranqüilo, há um caráter rígido, intransigente. "Construí minha carreira sem padrinhos, jamais precisei me violentar para vencer na profissão. Vou continuar sendo do mesmo jeito", afirma.

Aos 42 anos, Barroso mora até hoje em Ramos, onde foi criado. "Perdi meu pai aos 14 anos, e nessa época vi amigos indo para o vício. Mas minha paixão pelo esporte me manteve longe disso", conta.

Romário ainda não disse se gostou ou não do estilo novo treinador. Nos dois primeiros dias sob o comando de Barroso, o atacante deixou o Fla-Barra apressado, sem dar entrevistas. O semblante do jogador anda desanimador. A diretoria do clube nega qualquer débito com o artilheiro.

O Flamengo ainda não venceu no Maracanã neste Campeonato Brasileiro. Foram duas derrotas em casa: Bragantino (1 a 0) e Juventude (3 a 1). "Se ganharmos amanhã (hoje) domingo teremos um jogo decisivo contra o Vasco", diz o diretor-técnico Washington Rodrigues.

Para o jogo desta quarta contra o Atlético-PR, Barroso não poderá contar com Nélio, Ricardo Rocha, Beto e Iranildo. Pimentel, que operou o joelho direito há dois meses, voltou a sentir o local e é dúvida.

Os volantes Leandro e Marcos Assunção voltam ao time depois de cumprirem suspensão contra o Juventude, na partida em que Joel Santana perdeu o emprego e Romário foi vaiado pela primeira vez por torcedores rubro-negros.

A crise, no entanto, não assusta Leandro. Afinal, o jogador participou da campanha que levou o Fluminense ao seu segundo rebaixamento consecutivo, no Campeonato Brasileiro, do ano passado. O fracasso serviu como aprendizado para o jogador, que não guarda mágoas da diretoria tricolor e aposta na recuperação rubro-negra.

No Fluminense, Leandro lembra que alguns jogadores estavam alheios à situação do time, porque tinham esperanças de mudar de clube ao fim do contrato. "Aprendi que é preciso viver o momento. Temos a faca e o queijo na mão para mudar essa situação agora. Ninguém precisa chegar ao fundo do poço para amadurecer."

Espírita, Leandro cita um pensamento kardecista que indica o caminho da recuperação do Flamengo : "Aprende melhor, quem aprende com o erro dos outros".

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