Agência Folha
Em Paris

A comissão técnica da seleção brasileira escalou Ronaldinho, 21, para a decisão da Copa do Mundo horas depois de o jogador passar por uma crise emocional ainda mal explicada. Um dia após anunciar que o atacante teve uma "indisposição" e apresentar documento em que justificava o veto à escalação devido a uma "contusão no tornozelo", a comissão técnica anunciou na segunda que o jogador sofreu uma convulsão por estresse. O médico Lídio Toledo chegou a especificar a duração da convulsão, de 30 segundos.

Domingo, depois da derrota, Roberto Carlos disse que o colega de quarto teve uma crise de choro e desmaiou. Escalado, Ronaldinho disputou toda a final, mas teve sua atuação mais fraca na Copa, dando apenas um chute a gol. Nesta segunda, ele confirmou que perdeu os sentidos durante alguns segundos por volta das 16h (horário da França) de domingo, quando estava assistindo televisão em seu quarto.

Lídio Toledo afirmou que o atacante foi levado a um hospital na periferia de Paris, para ser submetido a exames médicos. Ronaldinho só chegou ao Stade de France 50 minutos antes do início do jogo contra a seleção francesa. Nesse momento, o atacante Edmundo já havia sido confirmado no time titular.

Com a presença de Ronaldinho, o técnico Zagallo mudou de idéia e, depois de reunião no vestiário, decidiu escalar o atacante. No domingo, Zagallo afirmou que Ronaldinho teria pedido para jogar. O pai do atleta, contudo, citando o filho, diz que o técnico pressionou Ronaldinho a entrar em campo.

A indecisão impediu que os jogadores fizessem aquecimento no gramado, como ocorreu nos outros jogos do Mundial, e gerou um racha na seleção. Alguns, liderados por Dunga, se opuseram à presença de Ronaldinho, questionando as condições físicas do atacante. Outros, comandados por Leonardo, concordaram com a opção de Zagallo. A seleção já deixou a França e desembarca na manhã desta quintano Brasil. Ronaldinho deve ficar uma semana no país. Promete se afastar da imprensa.