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Peixoto Gomide com alameda Franca... No alto da ladeira! Oito pizzas no mesmo prédio. O que estará acontecendo? Nunca pediram pizza nesse prédio. E agora, de repente, oito. E eu carregando... As pessoas pensam que entregador de pizza é trator. Pedem pizza todos ao mesmo tempo e no mesmo endereço. E entre a pizzaria e o endereço sempre tem uma grande ladeira... E eu carregando... Aqui está. Chegamos. Eu e as pizzas. Oito! Será que as empregadas desse prédio estão em greve? Subo ao primeiro andar. Apartamento 12. Campainha.... A empregada abre a porta não está em greve. De rabo de olho vejo a cozinha superlotada. Toneladas de embalagens com rótulos iguais ocupando cada canto. No meio da bagunça, um sujeito de óculos corre de lá para cá. Pela fresta da porta vejo-o passar, carregando os tais pacotes... não é pra menos que pediram pizza, com a cozinha assim lotada não há quem possa cozinhar... Segundo andar. Apartamento 21. Campainha...Desta vez é a madame quem vem atender. Com uma expressão assustada no rosto. Por trás dela, muita agitação. Vários pacotes amontoados. Iguais aos do apartamento de baixo. Não tenho certeza, mas acho que também vi um sujeito de óculos, parecido com o de baixo... Terceiro andar. Apartamento 32. Campainha... A empregada abre a porta esbaforida. Agarra a pizza com uma das mãos. Na outra tem um daqueles pacotes esquisitos. Aberto. Dentro dele, alguma coisa avermelhada. Não sei o que é, mas cheira bem... Ela bate a porta na minha cara. Tive a impressão de ter visto um sujeito de óculos aqui também... Quarto andar. Apartamentos 41 e 42. Campainha. Os dois me atendem ao mesmo tempo. Estranho, pensei ter visto nas duas cozinhas os mesmos pacotes... Quinto andar. Apart... Nem chego à campainha. Duas crianças me assaltam no caminho. Querem saber da pizza... Pobrezinhas, parecem esfomeadas. Entram correndo com a pizza, deixando a porta aberta. Na cozinha, a mesma bagunça, os mesmos pacotes e o que está acontecendo? o mesmo sujeito de óculos! Quinto andar. Apartamento 52. Desta vez esclareço o mistério. A empregada abre a porta. Entro sem ser convidado. Chego perto de um dos pacotes. Consigo ler as três primeiras letras do rótulo: C, H, A... Mas vem um sujeito de óculos e me empurra pra fora. Sexto andar. Apartamento 61. Campainha... Quando a porta abre vou direto às últimas três letras do rótulo: R, L, Ô... Charlô... Charlô of course, é o que está escrito. Muito bem, o pacote já sei o que é... Mas quem é aquele sujeito de óculos que encontro de novo nessa cozinha? Bem, deixa pra lá... Este prédio tem qualquer coisa de muito estranho... Melhor dar o fora rapidamente. Chamo o elevador. Digito o térreo. A porta se fecha. Ufa! Agora estou em segurança... Mas não, a porta se abre dois andares abaixo... e... é ele! O sujeito de óculos! Mas como pode? O que é isso? Mágica? Ele me olha estranhamente. Acho que vai falar comigo! ³Já não nos vimos antes?² Eu mal havia começado a vender os pâtes, quando recebi uma encomenda para a festa de reveillon do clube Alto de Pinheiros. Era coisa de 40 kg o que, na época, era uma enormidade. Durante 5 dias a cozinha da minha avó Albertina se transformou em uma pequena fábrica. No fim do primeiro dia de produção, percebi que a geladeira estava lotada. O jeito foi recorrer a vizinhança, do prédio e as casas dos amigos que moravam perto. O dia da entrega foi engraçado, parando de porta em porta recolhendo patês. Foi então que tudo começou. Patês
Charlô, of course.
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