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FINAL DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Ano: 1918

"É difícil descrever, em exatas palavras, o que foram as últimas horas da tarde de hoje na Avenida. O entusiasmo do povo aglomerado na nossa principal artéria não tinha limites. De momentos a momentos, à aparição de um símbolo das nações aliadas, vivas eram ouvidos, acompanhados de salva de palmas, de aclamações ruidosas. Também os oficiais e soldados estrangeiros, atualmente no Rio, eram constantemente alvo do entusiasmo popular. As bandas de música do exército, da Marinha e da Polícia, que percorriam a Avenida, eram solicitadas de instante a instante, a execução dos hinos aliados, a cuja terminação o povo prorompia em aclamações delirantes. pouco depois das 5 horas da tarde, marchando garborosamente, passou pela Avenida o Batalhão Naval, que foi recebido por entre vivas da multidão, não sendo esquecido o nome do Almirante Alexandrino de Alencar(...) E como esse, muitos episódios confortadores ocorreram, à tarde na Avenida, numa demonstração eloqüente do sincero entusiasmo que a todos domina nesta hora histórica. (...)" A Noite, 12 de novembro de 1914.

"Ainda ontem a cidade apresentava o mesmo aspecto festivo da véspera, tinha a mesma vibração de entusiasmo pela vitória sem par dos exércitos aliados, cheia de uma multidão ruidosa, expansiva e delirante de júbilo, dando vivas às nações vencedoras e entoando canções patrióticas. O comércio, fechado em grande parte, desde pela manhã, não concorreu para diminuir, como acontece aos domingos e feriados, o movimento das ruas. Pelo contrário, veio aumentá-la, facultando liberdade aos seus auxiliares para tomarem parte nas manifestações populares em regosijo da paz, que desponta, afinal, depois de quatro anos da mais sangrenta e terrível carnificina. (...)

Na Avenida Rio Branco e em todas as ruas principais era extraordinário o movimento. De instante a instante passavam automóveis embandeirados, conduzindo famílias e grupos de populares, uns após outros, surgiam de toda parte, cantando alegremente. (...)

Às 4 horas da tarde, quando a nossa avenida estava no auge do entusiasmo patriótico, apareceram, vindos do lado da Praça Mauá, uns nove artilheiros navais franceses, empunhando bandeiras aliadas e entoando a Marselheza. Uns rapazes brasileiros, que na ocasião passavam, correram a abraçá-los, beijando-os no rosto e cobrindo-os de confeti. A multidão acompanhou os nossos patrícios nessa manifestação de estima aos bravos marinheiros da gloriosa França. (...)" A Razão, 13 de novembro de 1918.

"Entusiasmados com os festejos comemorativos do fim da guerra, vários populares, formando resumido grupo, chefiado pelo Sr. Pádua Machado, alugaram um automóvel, no Catete, e mandaram tocar para a cidade, a participar do corso. Ia o auto em vertiginosa corrida e, alegres, os rapazes erguiam vivas aos aliados, erguendo bandeiras vitoriosas nesse prolongado conflito. Ao chegar o auto à célebre "curva da morte", devido à grande velocidade, emborcou, atirando à rua os passageiros, que ficaram ligeiramente feridos e foram pensados pela Assistência. O "chauffeur", que não sofreu nenhum ferimento, fugiu, embora não lhe coubesse culpa alguma no desastre, que foi todo casual, segundo mesmo declararam os feridos, às autoridades do 6o distrito, presentes ao local do desastre." O Paiz, 13 de novembro de 1918.

"Ainda ontem a população caioca exultou pela celebração do armistício, entregando-se a ruidosas expansões. Continuou a cidade empavezada e as ruas mantiveram excepcional movimento de peões e automóveis. À tarde, o aspecto da Avenida, principalmente, era dos mais brilhantes, guardando ainda o ar de festa que desde sábado a alegra extraordinariamente." - O Paiz, 14 de novembro de 1918.

"A cidade despertou ontem sob o mais vivo entusiasmo. Os boatos de fuzilamento do ex-Kronprinz e a ratificação da fuga de Guilherme II vieram sacudir a alma do povo, que se movimentou, durante todo o dia, pelas principais ruas da cidade, improvizando cordões e cortejos, a fim de, em verdadeiro delírio, saudar as nações aliadas. À 1 hora da tarde, a Avenida Rio Branco já estava completamente cheia. Às 6 horas, ninguém podia passar por ali. Dir-se-ia estar se assistindo a uma das nossas maiores festas populares. Com efeito, ao passo que os cordões de estudantes, empregados no comércio e outras classes, desfilando pelos "trotoirs" vivavam as nações vitoriosas, uma multidão de automóveis garridamente enfileirados, percorria a Avenida, conduzindo famílias que trajavam as cores dos países aliados, e, então, de todos os lados sairam vivas ao Brasil, à frança, à Inglaterra, aos Estados Unidos, à Bélgica e aos demais povos que acabam de subjugar o orgulho alemão. (...)" O Imparcial, 13 de novembro de 1918.

"A cidade continuou hoje com o aspecto deslumbrante de pleno delírio de que foi tomada hontem, às primeiras horas da noite, após a iniciativa brilhante das colônias estrangeiras entre nós domiciliadas de festivamente comemorarem o mais memorável dos memoráveis acontecimentos de nosso tempo: a derrocada do militarismo prussiano. A nossa população fria, como quase sempre, compreendeu por fim que deveria se associar a tão justas e naturais manifestações de regosijo. Um intenso frêmito de entusiasmo sacudiu-lhe os nervos entorpecidos e despertou a consciência do momento. Hoje, como ontem à noite, o delírio era pleno. Em toda parte, em todos os semblantes, muito embora a triste quadra que acabamos de atravessar, a alegria era geral pela volta do império bemdito da Paz." Rio Jornal, 12 de novembro de 1918.

AS MANCHETES

A Vitória Da Civilisação - O Povo Continua A Vibrar De Entusiasmo Percorrendo As Ruas Da Cidade (O Imparcial)

Em Plena Folia (O Paiz)

As Festas Da Paz Empolgam E Levantam O Povo Brasileiro (A Razão)


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