FINAL DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
"É difícil descrever, em exatas palavras, o que foram as últimas horas da tarde de hoje na
Avenida. O entusiasmo do povo aglomerado na nossa principal artéria não tinha limites. De
momentos a momentos, à aparição de um símbolo das nações aliadas, vivas eram ouvidos,
acompanhados de salva de palmas, de aclamações ruidosas. Também os oficiais e soldados
estrangeiros, atualmente no Rio, eram constantemente alvo do entusiasmo popular. As
bandas de música do exército, da Marinha e da Polícia, que percorriam a Avenida, eram
solicitadas de instante a instante, a execução dos hinos aliados, a cuja terminação o povo
prorompia em aclamações delirantes. pouco depois das 5 horas da tarde, marchando
garborosamente, passou pela Avenida o Batalhão Naval, que foi recebido por entre vivas da
multidão, não sendo esquecido o nome do Almirante Alexandrino de Alencar(...) E como
esse, muitos episódios confortadores ocorreram, à tarde na Avenida, numa demonstração
eloqüente do sincero entusiasmo que a todos domina nesta hora histórica. (...)" A Noite, 12
de novembro de 1914.
"Ainda ontem a cidade apresentava o mesmo aspecto festivo da véspera, tinha a mesma
vibração de entusiasmo pela vitória sem par dos exércitos aliados, cheia de uma multidão
ruidosa, expansiva e delirante de júbilo, dando vivas às nações vencedoras e entoando
canções patrióticas. O comércio, fechado em grande parte, desde pela manhã, não
concorreu para diminuir, como acontece aos domingos e feriados, o movimento das ruas.
Pelo contrário, veio aumentá-la, facultando liberdade aos seus auxiliares para tomarem parte
nas manifestações populares em regosijo da paz, que desponta, afinal, depois de quatro
anos da mais sangrenta e terrível carnificina. (...)
Na Avenida Rio Branco e em todas as ruas principais era extraordinário o movimento. De
instante a instante passavam automóveis embandeirados, conduzindo famílias e grupos de
populares, uns após outros, surgiam de toda parte, cantando alegremente. (...)
Às 4 horas da tarde, quando a nossa avenida estava no auge do entusiasmo patriótico,
apareceram, vindos do lado da Praça Mauá, uns nove artilheiros navais franceses,
empunhando bandeiras aliadas e entoando a Marselheza. Uns rapazes brasileiros, que na
ocasião passavam, correram a abraçá-los, beijando-os no rosto e cobrindo-os de confeti. A
multidão acompanhou os nossos patrícios nessa manifestação de estima aos bravos
marinheiros da gloriosa França. (...)" A Razão, 13 de novembro de 1918.
"Entusiasmados com os festejos comemorativos do fim da guerra, vários populares,
formando resumido grupo, chefiado pelo Sr. Pádua Machado, alugaram um automóvel, no
Catete, e mandaram tocar para a cidade, a participar do corso. Ia o auto em vertiginosa
corrida e, alegres, os rapazes erguiam vivas aos aliados, erguendo bandeiras vitoriosas
nesse prolongado conflito. Ao chegar o auto à célebre "curva da morte", devido à grande
velocidade, emborcou, atirando à rua os passageiros, que ficaram ligeiramente feridos e
foram pensados pela Assistência. O "chauffeur", que não sofreu nenhum ferimento, fugiu,
embora não lhe coubesse culpa alguma no desastre, que foi todo casual, segundo mesmo
declararam os feridos, às autoridades do 6o distrito, presentes ao local do desastre." O Paiz,
13 de novembro de 1918.
"Ainda ontem a população caioca exultou pela celebração do armistício, entregando-se a
ruidosas expansões. Continuou a cidade empavezada e as ruas mantiveram excepcional
movimento de peões e automóveis. À tarde, o aspecto da Avenida, principalmente, era dos
mais brilhantes, guardando ainda o ar de festa que desde sábado a alegra
extraordinariamente." - O Paiz, 14 de novembro de 1918.
"A cidade despertou ontem sob o mais vivo entusiasmo. Os boatos de fuzilamento do
ex-Kronprinz e a ratificação da fuga de Guilherme II vieram sacudir a alma do povo, que se
movimentou, durante todo o dia, pelas principais ruas da cidade, improvizando cordões e
cortejos, a fim de, em verdadeiro delírio, saudar as nações aliadas. À 1 hora da tarde, a
Avenida Rio Branco já estava completamente cheia. Às 6 horas, ninguém podia passar por
ali. Dir-se-ia estar se assistindo a uma das nossas maiores festas populares. Com efeito, ao
passo que os cordões de estudantes, empregados no comércio e outras classes, desfilando
pelos "trotoirs" vivavam as nações vitoriosas, uma multidão de automóveis garridamente
enfileirados, percorria a Avenida, conduzindo famílias que trajavam as cores dos países
aliados, e, então, de todos os lados sairam vivas ao Brasil, à frança, à Inglaterra, aos
Estados Unidos, à Bélgica e aos demais povos que acabam de subjugar o orgulho alemão.
(...)" O Imparcial, 13 de novembro de 1918.
"A cidade continuou hoje com o aspecto deslumbrante de pleno delírio de que foi tomada
hontem, às primeiras horas da noite, após a iniciativa brilhante das colônias estrangeiras
entre nós domiciliadas de festivamente comemorarem o mais memorável dos memoráveis
acontecimentos de nosso tempo: a derrocada do militarismo prussiano. A nossa população
fria, como quase sempre, compreendeu por fim que deveria se associar a tão justas e
naturais manifestações de regosijo. Um intenso frêmito de entusiasmo sacudiu-lhe os nervos
entorpecidos e despertou a consciência do momento. Hoje, como ontem à noite, o delírio era
pleno. Em toda parte, em todos os semblantes, muito embora a triste quadra que acabamos
de atravessar, a alegria era geral pela volta do império bemdito da Paz." Rio Jornal, 12 de
novembro de 1918.
AS MANCHETES
A Vitória Da Civilisação - O Povo Continua A Vibrar De Entusiasmo Percorrendo As Ruas Da
Cidade (O Imparcial)
Em Plena Folia (O Paiz)
As Festas Da Paz Empolgam E Levantam O Povo Brasileiro (A Razão)