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PINHEIRO MACHADO
Ano: 1915

" (...) Seriam mais ou menos 4.35 horas da tarde. Um dos telephones da nossa redacção tilintou, rapido.

- Que deseja?

- É o Correio da Manhã?

- Sim , senhor.

- Quem fala é um dos amigos do "Correio". Acaba um homem do povo, ao que parece, de assassinar o senador Pinheiro Machado.

- Como sabe o senhor disso?

- Agora mesmo saltei do bonde e penetrei no Hotel dos Estrangeiros, de onde lhe falo. O cadaver do senador Pinheiro Machado acha-se ainda aqui.

E a ligação foi interrompida.

Immediatamente tres dos nossos companheiros abandonaram a redacção, para colher informações sobre a noticia que nos fôra, tão inesperadamenrte, communicada por telephone.

Poucos minutos, porém, decorreram depois da saida daquelles representantes do "Correio da Manhã", quando outro nosso companheiro varou precipitadamente a redacção, informando-nos de que já se vulgarizara, com insistente brutalidade, a noticia do assassinato do vice-presidente do Senado Federal.

Essa noticia era grave demais, para ser acreditada para logo, deante das escassas minucias informadas. Esperámos, por isso, e com explicavel anciedade, a sua confirmação, para a transmitir ao publico, em boletins. Já por esse tempo - deviam ser 5 horas - compacta massa de povo, na qual se lobrigavam pessoas de representação social, detinha-se defronte da nossa redacção, á espera dos nossos boletins.

Recebemos, então, pelo telephone, nova communicação do assassinato do senador Pinheiro Machado, feita por um quinto ou sexto companheiro de trabalho.

- Viu o cadaver?

- Não. a noticia, porém, é verdadeira.

- Pois assim que vir o general Pinheiro confirme-a. E procure a confirmação, indo ao local.

A massa de gente defronte da nossa redacção avolumava-se, porém, cada vez mais, presos instinctivamente de anciedade. É que a noticia já corria por toda a cidade, em fórma de boato.

Um dos tres companheiros nossos que haviam partido para o Hotel dos Estrangeiros conseguiu, finalmente, communicar-se com a redacção pelo telephone official:

- O senador Pinheiro Machado foi, effectivamente, assassinado, com uma punhalada nas costas, no saguão do Hotel dos Estrangeiros. O assassino é um moço brasileiro, nascido em São Paulo. O cadaver do senador sul-riograndense acha-se numa das saletas de espera do andar terreo do hotel, cercado de amigos. Vi-o.

Affixámos, então, no "placard" os primeiros e minuciosos boletins do "Correio da Manhã". O automovel conduziu-nos, celere. (...)

Depois de percorrermos detidamente algumas dependencias do andar terreo do hotel, inclusive a saleta de espera onde se achava, sobre uma mesa, estendido o cadaver do senador Pinheiro Machado, voltamos á sala contigua ao saguão, onde se verificara o assassinato, e palestramos com o dr. Bueno de Andrade, testemunha de vista do tragico sucesso. O deputado paulista achava-se succumbido. A sua physionomia revelava uma fadiga moral excessiva. Trocamos um ligeiro cumprimento com o parlamentar paulista e conduzimol-o para uma poltrona daquella sala.

- Então, dr. Bueno, como foi essa tragedia?

Elle olhou-nos um momento e confirmou:

- Diz bem: uma tragedia!

- Como veiu o general Pinheiro aqui?

- Elle veiu visitar o sr. Rubião Junior, que não se achava, então, no hotel, pois que havia saido. Eu e o sr. Cardoso de Almeida achavamo-nos no saguão a cerca de oito passos da escada, que dá accesso para o andar superior do edificio. Palestravamos os dois sobre a politica paulista. O senhor Pinheiro Machado, depois de ter sido informado da ausencia do Sr. Rubião Junior, appareceu na saguão e, lobrigando-nos, dirigiu-se para onde nos achavamos.

- Houve sessão no Senado sr. Pinheiro?

O senador riograndense retorquiu:

- Houve sim. Mas nada houve de mais.

Depois de uma curta pausa o senador Pinheiro convidou:

- Mas venha cá, bacharel Cardoso. Interrogueio o então.

- Como vai general?

- Como vai você, "seu"Bueno?, respondeu-me, interrogando o senador.

Referiu-se então, á ausencia do Sr. Rubião Junior. Desse momento o Sr. Cardoso de Almeida disse:

- Mas o sr. Albuquerque Lins está ahi.

- Vamos conversar com elle, "seu"Cardoso. Vamos conversar com elle, vamos.

E o sr. Pinheiro insistiu muito nesse convite, ao que se excusava o deputado paulista, por haver já visitado o sr. Albuquerque Lins. Estavamos a uns quatro passos da escada espiral do saguão. O senador riograndense achava-se de costas exactamente para a parte anterior da saguão, de frente, portanto, para os fundos dessa dependencia do hotel. O sr. Cardoso de Almeida e eu estavamos collocados de maneira que não podiamos avistar immediatamente quem penetrasse no hotel, pelas suas portas principaes.

Foi precisamente no instante em que o vice-presidente do Senado insistira com o seu collega de bancada para uma visita commum ao dr. Albuquerque Lins, que o assassino surgiu.

- E, como era esse assassino?

- Não pude guardar-lhe as feições, continuou o Sr. Bueno de Almeida. Pareceu-me, porém, que era moço, vestia roupas escuras, chapéo de palha, paletot aberto, sem collete. Vi-o de relance.

- E como praticou o assassinato?

- Surgiu por detrás do senador Pinheiro e deu-lhe um murro nas costas. O general gaúcho estremeceu e exclamou: Canalha! O covarde correu. O sr. Cardoso de Almeida deitou a correr em sua perseguição. (...) Correio da Manhã, 9 de setembro de 1915.

"A politica nacional attingida em cheio pelo golpe de punhal que cortou abruptamente a existencia do general José Gomes Pinheiro Machado, transformou-se de subito numa formidavel interrogação para o paiz, colhido de surpresa por um violento extremeção da vertiginosa corrente em que se deixava arrastar, indolente e descuidado.

O general Pinheiro Machado, a exemplo de todos os grandes dominadores das multidões, nunca tomou em conta da sua obra publica as opposições infimas, as resistencias imponderaveis ao seu espirito de luctador affeito a enfrentar e vencer as maiores energias antagonicas; nem a molestia ou a sua morte entraram jamais em seus calculos como factores possiveis do insucesso de suas idéas e das aspirações que S. Ex. aggremiara, disciplinara e movia a seu talante com absoluta confiança na sua peregrina estrella. (...)

Sempre guardado á vista, o assassino Francisco Manso de Paiva Coimbra, passou a noite calmo, dormindo algumas horas, recusando, entretanto, qualquer alimentação, a não ser café. Tem o aspecto abatido, pronunciadas olheiras e a barba mais crescida. Veste ainda o mesmo terno escuro com que foi preso e se deixa photographar sem a menor reluctancia.

O maior temor que o criminoso manifesta é o que lhe poderá acontecer na Casa de Detenção, para onde não deseja ir. Sabe que o director desse presidio era amigo particular do general Pinheiro Machado, e se arreceia de ser maltratado ali. Isso mesmo já o criminoso hontem expandia ao dr. chefe de pollicia, quando interrogado.

Na delegacia do 6o districto, quando, ás 11 horas da manhã de hoje estava sendo identificado, um dos nossos companheiros logrou falar ao criminoso.

Apezar de se mostrar calmo, Francisco Manso de Paiva Coimbra ao assignar as fichas tinha a mão tremula.

Interrogando-o, disse-nos o assassino que as suas declarações são as de seu depoimento, já publicado em todos os jornaes em que affirmou estar satisfeito em haver cumprido um voto de que ha muito fizera.

Disse-nos ter pae e mãe vivos, no Rio Grande do Sul, de onde é filho; seu pae é Francisco de Paiva Coimbra, portuguez e padeiro, e sua mãe D. Maria de Jesus, natural do Rio Grande. Seu parente é apenas sua irmã Conceição, tambem no Rio Grande, não tendo aqui no Rio senão ligeiros conhecimentos.

Perguntando-lhe si havia já sido preso alguma vez, mesmo com o nome de João Dias Regis, respondeu-nos que nunca fora preso e se trocou de nome foi por ter desertado do Exercito.

Dentre outras declarações prestadas, quer á policia, quer á imprensa, o assassino disse não ser habito seu frequentar "meetings" nem reuniões politicas, apenas tendo ido ao ultimo realisado nesta capital, que diziam ser contra o general Pinheiro. Fôra este o único "meeting" a que compareceu. (...)

A policia tinha conhecimento de que se tramava um complot contra o Senado ou contra o proprio sr. senador Pinheiro Machado.

Segundo declarações feitas pelo sr. dr. Carlos Maximiliano, ministro da Justiça, soubera a nossa policia que esse complot tinha por fim fazer saltar a dynamite o edificio do Senado, no dia do reconhecimento do Sr. Hermes da Fonseca.

Esta noticia nos foi transmittida por um dos membros da bancada rio-grandense, que ouviu o sr. Ministro da Justiça fazer tal declaração. Sobre o caso foi guardada, porém, a mais absoluta reserva e discreção, não sendo tomadas, mesmo, medidas ostensivas, para não causar o alarma muito natural que ellas iriam provocar.

Entretanto, esta falta de uma iniciativa rigorosa causou estranheza enorme nos circulos politicos rio-grandenses. (...)"- A Notícia, 9 de setembro de 1915.

"A primeira impressão causada no espirito publico pelas noticias do assassinato de sr. general Pinheiro Machado foi a de um verdadeiro estupor. Chefe politico, de uma influencia tão vasta, tão poderosa e quasi podemos dizer tão incontrastavel na vida da nação, a primeira idéa ligada ao facto, quando o facto já não podia ser posto em duvida, foi a de que se tratava de um attentado politico. E, felizmente, esses processos violentos estão de tal modo afastados da nossa indole, que o movimento geral que se fez immeadiatamente em torno do lutoso acontecimento foi o de uma franca e geral condemnação. (...)

Mais ou menos ás 4,40 da tarde passava pelo Hotel dos Estrangeiros um bond da linha do Humaytá. Varios vendedores de jornaes que por ali se achavam correram para o bond gritando:

- Mataram o general Pinheiro Machado!

Uma senhora disse aos pequenos:

- Vocês não gritem essas mentiras.

- Mas é verdade, foi agora mesmo.

E o pequeno, com outros companheiros, saltaram para os bonds que passavam pela rua Senador Vergueiro e pela rua Marquez de Abrantes, repetindo os mesmos gritos: - Mataram o senador Pinheiro Machado!

A impressão, porém, era de incredulidade apesar de haver um desusado movimento junto á porta do hotel, para onde varios guardas civis acudiram. (...)

O sr. Pinheiro Machado almoçou hontem, á hora habitual, no seu palacete da rua Guanabara, depois do que recebeu varios amigos politicos que o procuraram. Depois, tomando o seu "laudaulet", dirigiu-se ao senado, onde deveria ser feita a votação do parecer reconhecendo o sr. marechal Hermes da Fonseca senador pelo Rio Grande do Sul.

Na ausencia do sr. dr. Urbano dos Santos, assumiu S. Ex. a presidencia, demorando, propositalmente, a abertura da sessão até a 1 hora e 45 minutos, á espera de conseguir numero para a votação. Como, porém, até ás 2 horas não tivesse numero preciso, pediu uma lista da residencia de todos os senadores, determinando que se expedissem telegrammas a todos quantos se encontram presentemente nesta capital e em Petropolis, pedindo-lhes o comparecimento á sessão de hoje.

Depois demorou-se ainda no edificio do senado cerca de 20 minutos, conversando com alguns senadores, entre os quaes os srs. Indio do Brasil e Arthur Lemos.

Deixando o Senado, S.Ex. tornou a tomar o seu automovel para fazer varias visitas, entre as quaes uma ao sr. dr. Rubião, chegado de S. Paulo e que se hospedara no Hotel dos Estrangeiros. Era a fatalidade do destino a chamal-o ao ponto onde o esperava a morte!

Chegando ao vestibulo do Hotel dos Estrangeiros, o vice-presidente do Senado encontrou os srs. Cardoso de Almeida e Bueno de Andrade, deputados federaes pelo Estado de S. Paulo.

Dirigindo-se a esses cavalheiros o sr. general Pinheiro Machado, convidou-os, galhofeiramente, para subirem aos aposentos do dr. Rubiào Junior, "afim de visital-o e ouvirem historias engraçadas", phrase textual, proferida pelo senador rio-grandense.

Os srs. Cardoso de Almeida e Bueno de Andrade, seguindo uma versão subiram, ladeando o Sr. Pinheiro e recusaram-se subir consoante outra versão, dizendo em tom de pilheria: - Suba você sosinho...

O facto é que o sr. Pinheiro Machado foi apunhalado pelas costas, quando atravessava o saguão para entrar na sala do hotel.

O assassino, ao que parece, não conhecia o general Pinheiro Machado, tanto assim que perguntou a uma pessoa presente quem era o vice-presidente do Senado Federal.

Ao sentir-se ferido, mortalmente, o sr. Pinheiro Machado, desceu tranquillamente as escadas e, encaminhando-se para a sala de visitas do hotel declarou estar ferido, sentando-se em uma cadeira, e expirando minutos após.

Como é natural, o assassinato do vice-presidente do Senado divulgou-se com extrema rapidez e o Hotel dos Estrangeiros enchia-se de amigos e correligionarios de S. Ex.

A primeira pessoa que chegou ao Hotel dos Estrangeiros foi o sr. ministro da Justiça, que estava ligeiramente enfermo.

Ferindo mortalmente o sr. Pinheiro Machado, o seu assassino, desceu as escadas e entregou o punhal homicida ao sr. Cardoso de Almeida. (...)" Gazeta de Notícias, 9 de setembro de 1915.

"A impressão no primeiro momento foi a da mais completa surpreza. Ao circular a nota do assassinato praticado no Hotel dos Estrangeiros houve a sensação de pasmo, de duvida, de incerteza. A cida do homem hontem tombado estava de ha muito em perigo e entre os sucessos previstos figurava a possibilidade de sua eliminação. mas que caisse assim, daquella forma, em um momento de relativa calma, sem os prenuncios da dolorosa tragedia, eis o que não entrava nos dominios do admissivel.

Entretanto tal aconteceu, manifestando-se a principio a incredulidade publica, para dar logar mais tarde, deante de informes positivos e seguros, ao peso da realidade, com toda a sua brutal e triste evidencia. (...)

A hora adiantada da tarde em que foi perpetrado o assassinato do senador Pinheiro Machado, quando já havia saido a nossa segunda edição, só nos permittiu que em uma terceira edição dessemos em rapidas notas a noticia confirmadora do crime, quando ainda não se sabiam os pormenores da scena de sangue. Passamos por isso, a narrar, em breves linhas, como occorreu o crime.

O senador Pinheiro Machado chegava, de automovel, ao Hotel dos estrangeiros onde ia visitar o dr. Albuquerque Lins, ex-presidente de S. Paulo. Nesse momento encontravam-se na portaria os deputados Bueno de Andrade e Cardoso de Almeida, que chegara pouco antes.

Conversavam os dois congressistas quando viram o senador Pinheiro que interrogava o porteiro do hotel. Cumprimentaram-se os tres politicos. O sr. Cardoso de Almeida interrogou o general Pinheiro Machado: - Sr. chefe, como passa? O general respondeu brincando com esta expressão: - Adeus bacharel. Voce como vae?

O sr. Cardoso de Almeida declarou, então, sabedor de que o seu collega Bueno de Andrade não encontrara o dr. Rubião Junior, que tambem o dr. Albuquerque Lins se acha hospedado no hotel, o general Pinheiro Machado asseverou que ali fôra visital-o.

O senador Pinheiro recebeu então communicação de que o dr. Albuquerque Lins o esperava. O sr. Cardoso de Almeida quiz se retirar para os seus aposentos, mas diante do convite insistente do sr. Pinheiro Machado, resolveu acompanhal-o.

Ladeado pelos dois deputados, encaminhou-se o general do saguão para o interior do hotel. Ao se approximarem o general e os dois companheiros do salão de leitura no hotel, um individuo apunhalou pelas costas o chefe do Partido Conservador. Este virou-se, rapidamente, e exclamou, com indignação: - Canalha!

O assassino saiu a correr para a praça José de Alencar. O dr. Bueno de Andrade, que não comprehendeu, ao primeiro momento a gravidade do facto, não presumindo que o general Pinheiro Machado houvesse sido ferido, interrogou:

- Que quer dizer isto?

- Estou apunhalado, respondeu o senador Pinheiro.

O sr. Cardoso de Almeida saiu em perseguição do aggressor, em companhia de outras pessoas, prendendo-o logo adiante, sem a menor resistencia e confessando elle o crime.

Dentro do hotel o senador Pinheiro Machado caiu sem pronunciar mais palavra alguma, expirando pouco depois, sendo inuteis os soccorros que lhe prestaram. (...) O Século, 9 de setembro de 1915.

"Foi um verdadeiro estupôr a sensação que causou, ao cahir da tarde de hontem, a noticia do assassinato do sr. general Pinheiro Machado, vice-presidente do Senado e chefe do Partido Republicano Conservador.

O barbaro, o hediondo crime de hontem relegou para um plano muito remoto todas as cogitações partidarias em torno do valoroso vulto republicano que cahia victima da sanha de um facinora. Crimes como o de hontem envergonham uma sociedade inteira, ao mesmo tempo em que a enxovalham e ameaçam no que ella tem de mais nobre e mais elevado.

Pode-se affirmar sem receio de exaggero que o gesto estupido que roubou a vida do general Pinheiro Machado nào encontrou duas modalidades diversas de julgamento.

A sociedade affrontada por essa erupção de barbaria inqualificavel, foi unanime na indignação que verberou o scelerado que descera á pratica daquella hediondez sem nome. O que revolta particularmente no crime de hontem é o risonho cynismo desse monstro humano, que vinha seguindo semanas a fio, a sua nobre victima, espreitando o momento propicio para traiçoeiramente, cravar-lhe o punhal pelas costas!

Quiz a ironia do destino que o general Pinheiro Machado, homem cavalheiresco e altivo e possuidor de qualidades excepcionaes de coragem, experimentadas em muitos campos de batalha e em varias pendencias de honra, viesse cahir victima de um braço covarde e traiçoeiro, a serviço da loucura de um cerebro inculto. As ultimas palavras do illustre vulto republicano mostram que elle apezar da fulminante rapidez da scena, percebera nitidamente o alcance do que succedia: - Ó canalha!

E nesta expressão, que precedeu de segundos as duas ultimas palavras que pronunciou, resumia-se todo um infinito desprezo pelo abjecto assassino que lhe cravara no coração a fina lamina de um punhal reluzente...

Não ha, em toda a sociedade, como diziamos, duas maneiras para julgar o assassinato do general Pinheiro Machado. Mesmo seus adversarios politicos mais intransigentes ververaram com indignação a criminosa loucura desse facinora que enxovalhou a nossa civilisação, dando largas aos seus instinctos selvagens e repugnantes.

Não é este ainda o momento para falar da verdadeira significação politica do assassinado no complexo da vida nacional. A historia, expurgando-lhe a figura dos erros que commetteu, ha de fazer-lhe justiça, colocando-o na plana dos seus melhores e mais devotados servidores.

Mas o que parece innegavel é que o crime de hontem pode aggravar de muito as difficuldades do paiz. (...) A Tribuna, 9 de setembro de 1915.

AS MANCHETES

O Assassinato Do General Pinheiro Machado - Quem É O Criminoso E Quaes Os Motivos Do Crime - As Forças De Terra E Mar Em Meia Promptidão - As Homenagens Que Serão Prestadas Ao Morto (A Tribuna)

Pinheiro Machado - O Seu Assassinato - A Repercussão No Paiz - O Crime E O Criminoso - As Providencias Do Governo - Demonstrações De Pezar - A Transladação Do Corpo - Notas E Informações (O Século)

Um Crime Sensacional -O Assassinato Do General Pinheiro Machado - O Dia De Hontem - A Visita Ao Hotel Dos Estrangeiros - O Crime - Notas Commoventes - A Acção Da Policia - Prisão Do Assassino - Na Delegacia - O Auto De Flagrante - Depoimentos - No Morro Da Graça - No Palacio Guanabara - Providencias Da Policia - No Exercito - Diversas Notas (Gazeta de Notícias)

O Assassinato Do General Pinheiro Machado (A Notícia)

O General Pinheiro Machado Foi, Hontem, Á Tarde Assassinado No Saguão Do Hotel Dos Estrangeiros - O Criminoso, Natural Do Rio Grande Do Sul, Foi Preso, Declarando Ter Agido Por Conta Própria - O Que Dizem As Testemunhas De Vista Da Tragica Scena - As Forças De Terra E Mar estão De Promptidão (Correio da Manhã)


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