INAUGURAÇÃO DO TEATRO MUNICIPAL
VISITA AO TEATRO MUNICIPAL:
"Realizou-se ontem à noite uma visita ao Teatro Municipal, para que o Dr. Oliveira Passos
enviou convites à várias pessoas e à imprensa. Desde 7 horas da noite começaram a chegar
convidados àquele teatro, dirigindo-se todos para a platéia, camarotes e galerias.
Quando o teatro se achava cheio, tiveram início as experiências, que agradaram
imensamente. A iluminação de todo o edifício é belíssima e farta, distribuída por focos
elétricos os mais modernos. Pela eletricidade são obtidos todos os efeitos teatrais, como
relâmpagos, chuvas, trovoadas, etc.
As várias dependências do teatro, como sejam platéia, camarote, galerias, botequim,
camarins etc. agradaram também muito É enfim uma obra bem feita luxuosa, de gosto." - O
Século, 13 de julho de 1909.
"Está oficialmente inaugurado o Teatro Municipal, obra em que se gastou muito dinheiro,
mas está suntuosamente levantada. (...)
A inauguração oficial efetuou-se ontem, às 2 horas da tarde, com a presença do vice
presidente da República, prefeito do Distrito Federal, intendentes municipais, engenheiros
construtores e outros membros da comissão construtora, superintendente do teatro e
jornalistas. O chefe da Nação percorreu todas as dependências do edifício e depois assinou
a ata da inauguração. Foi servido champagne, orando o vice presidente da República, o Dr.
Oliveira Passos e o intendente Eduardo Raboeira.
À noite realizou-se o espetáculo inaugural, com a presença do chefe do Estado, prefeito,
intendentes municipais, ministros, deputados, senadores e o alto funcionalismo público.
Antes das 8 horas da noite já era crescido o número de pessoas que nas imediações do
teatro aguardavam a chegada dos que deviam assistir à brilhante festa. O espetáculo
começou pelo hino nacional, executado por uma orquestra de 64 professores, sob a regência
do maestro Francisco Braga.
Em seguida Olavo Bilac, em um discurso magnificamente burilado, fez uma rápida e
interessante história do teatro nacional e estrangeiro, sendo, ao concluir, delirantemente
aplaudido e chamado ao proscênio. (...)" - O Século,15 de julho de 1909.
"Entre a Avenida Central e a Rua Treze de Maio, voltado a sua fachada - imponente nas
puras linhas do reu estilo do Renascimento - para o mar - o Teatro Municipal avulta num
deslumbramento de ouro e mármore, de cristais e vitraux. E, para todos nós, ele, ali está,
como uma esperança de melhores dias para a nossa arte dramática, que a incoerência de
uns, a má compreensão de outros deixam cair até a degradação do momento atual. (...)
O Teatro Municipal que hoje inauguramos é bem um bemplo em cuja nave esperamos ver
um dia - não muinto longe - o ressurgimento dessa arte que será para nós também, como
outrora para os helenos, a escola de energia de que tanto carecemos.
O programa para esta tarde é o seguinte:
1a Parte: Hino Nacional, Discurso Oficial do Sr. Olavo Bilac, Insomnia - Poema Sinfônico do
Maestro Francisco Braga.
2a Parte: Noturno, da Ópera Condor de Carlos Gomes , Bonança - Peça de Um Ato de
Coelho Netto, Desempenhada Pelos Atores Nacionais.
3a Parte: Moema - Ópera Lírica em Um Ato de Delgado de Carvalho, Cantada por Artistas do
centro Lírico Brasileiro." A Imprensa, 14 de julho de 1909.
"A sociedade fluminense vai hoje assistir à inauguração do suntuoso monumento de arte que
é o Teatro Municipal e, ao mesmo passo, assistir a um espetáculo exclusivamente nacional.
(...)
Coelho Netto era decerto imprescindível neste espetáculo, que bem se pode considerar o
início de uma nova era para o teatro nacional, e o grande escritor escreveu um ato que é a
revelação de um ideal novo na nossa literatura profundamente original: Bonança marca uma
nova fase de seu teatro como o verificarão os que logo tiverem a ventura de a ouvir. Para
interpretar essa nova produção do fecundo autor nacional veio de São Paulo a companhia
dramática Arthur Azevedo, de que é a primeira figura feminina a distinta artista Lucilia Peres.
Com Coelho Netto aparecem também neste espetáculo genuinamente nacional dois
musicistas brasileiros: Francisco Braga e Delgado de Carvalho. O primeiro apresenta o
poema sinfônico "Insomnia", com texto de Escragnolle Doria. O segundo a sua ópera Moema.
Mas a eloqüência oratória devia ter também uma alto representante nessa festa intelectual.
Essa é representada por um dos maiores poetas e prosadores brasileiros, Olavo Bilac, que
fará o discurso inaugural.
Tomam parte na interpretação da Bonança as atrizes Lucilia Peres, Gabriella Montani e
Luiza de Oliveira e os atores A. Ramos, Nazareth e João de Deus. A Moema terá como
intérpretes a sra. Laura Malta e os srs. Americo Rodrigues, Oswaldo Braga e Mario Pinheiro.
A orquestra dirigida por Francisco Braga é composta de 64 pessoas, muitas das quais
professores do Instituto. o cenário da Moema é trabalho do distinto cenógrafo Chrispim do
Amaral." - A Notícia, 14 de julho de 1909.
" (...) Contudo o efeito da sala era deslumbrantíssimo. A fina elegância, o rigor de toilette foi
mantido e as linhas dos camarotes apresentavam um belíssimo golpe de vista. A sala é um
encanto cheio de público. As localidades bem dispostas, o forrado cautchouc abafando o
rumor dos passos, todos os pontos com boa vista para o palco dão uma impressão
agradabilíssima. A acústica é excelente como ontem se pôde verificar com a audição dos
dois g6eneros teatrais, o musical e o declamado. Longe do que poderia se esperar pelas
suas dimensões, a sala parece pequena e os espectadores mais afastados como se sentem
próximos do palco. O espetáculo correu magnificamente.
O hino nacional, a sinfônia Insomnia, de Francisco Braga, o Noturno da ópera Condor,
Carlos Gomes, bem como a partitura da ópera Moema, de Delgado de Carvalho, foram
excelentemente executados pela orquestra de 64 pessoas, regida pelo maestro Francisco
Braga. A peça de Coelho Netto, Bonança, também teve excelente interpretação, sobretudo
por parte das sras. Gabriella Montani e Luiza de Oliveira e do sr. A. Ramos. (...)
O discurso de Bilac foi mais uma dessas orações de que o seu talento é tão pródigo, em tudo
à altura da magnificência e do esplendor dessa soberba festa de arte que foi a inauguração
do suntuoso monumento." - A Notícia, 15 de julho de 1909.
"Foi ontem inaugurado o Teatro Municipal. O ato revestiu-se da maior solenidade: era
numerosa a assistência, notando-se o presidente da República, o prefeito, senadores,
deputados, membros do Conselho Municipal, pessoas gradas e representantes da imprensa.
O presidente da República chegou ao Teatro Municipal às 2 horas da tarde, acompanhado
do seu secretário e do chefe da csa militar. Esperavam-no, no topo da escada, o prefeito, o
Dr. Passos, engenheiro construtor, e várias pessoas. S. Ex. percorreu o edifício,
examinando-o atentamente e mostrando-se maravilhado e satisfeito.
O termo de inauguração foi lavrado e assinado na sala da biblioteca. Depois passaram-se as
altas autoridades e os convidados para o restaurant, onde, ao servir-se de champagne, o
presidente da República felicitou o engenheiro Passos, que agradeceu a saudação. Falou
também o intendente Raboeira, em nome do Conselho Municipal. Já em tempo descrevemos
o edifício, que é imponente e suntuoso." Folha do Dia, 15 de julho de 1909.
"É hoje finalmente a inauguração do Teatro Municipal, com o programa já divulgado. Ontem
à noite conferenciou com o presidente da República relativamente ao assunto o prefeito do
Distrito Federal deliberando que o sr. Nilo Peçanha visitará às 2 horas da tarde, aquele
teatro em companhia do prefeito e dos intendentes municipais, assinando, nessa ocasião a
ata inaugural. Ficou assentado, ainda, nessa conferência, que à disposição dos intendentes
serão postos os camarotes de gala do presidente da República e do prefeito para que eles
possam daí assistir ao espetáculo em companhia do chefe da Nação e do representante do
poder executivo municipal." Correio da Manhã, 14 de julho de 1909.
"Realizou-se ontem, com todo brilho, a inauguração desde monumento nacional.
Concorrência da mais seleta, toilettes de muito bom gosto, enfim um verdadeiro sucesso,
sucesso este que só se pode comparar com o que está tendo a casa Colombo com a sua
colossal liqüidação." Correio da Manhã, 15 de julho de 1909.
" (...) A platéia completamente cheia de cavalheiros e senhoras deixava destacar estas pelo
luxo, riqueza de adereços, formosura das cabeças e colorido variado dos trajes dos
cavalheiros na sua uniforme e correta casaca preta.
Nas luxuosas frisas e camarotes, como nos balcões e galerias nobres superiores era a
mesma encantadora beleza de contraste, tão comum, e sempre admirável e pomposo,
espandindo-se até a orla última - a galeria - onde curiosa, embevecida, a nossa mocidade
acadêmica, misturada com o povo de todas as classes, fechava o ambiente que a cúpola
ilustrada por Visconti coroava." - O Paiz, 15 de julho de 1909.
"Inaugurou-se ontem o suntuoso monumento com que a prodigalidade municipal dotou a
cidade. O edifício colossal e soberbo parecia uma imensa mole de granito, mármore, ouro,
bronze e vidros, resplandecendo à luz branca que jorrava do seu bôjo numa fulguração que
deslumbrava.
A multidão olhava para o teatro como tomada de assombro ante aquela grandeza, fruto de
uma megalomania e abria alas para os que lá dentro iam assistir ao espetáculo de
inauguração. (...)
Carros e automóveis, numa fila interminável, chegavam apressados, desde oito horas da
noite, e despejavam na rua Treze de Maio e Avenida Central homens encasacados e
enluvados e senhoras que escondiam sob vistosas capas e amplas mantas o luxo das
toilettes, a riqueza das jóias, as núvens de rendas, as ondas de perfume." - Jornal do
Commércio, 15 de julho de 1909.
"A noite de ontem foi de grande, de intenso júbilo para a alma carioca, alguma coisa de uma
noite verdadeiramente de gala, associada à grande data que a França e o mundo
comemoram, a inauguração do belo e opulento Teatro Municipal, com muito poucos rivais
nas grandes capitais européias. (...)
Tudo ali falava no nosso progresso, do nosso adiantamento, da nossa cultura espiritual, da
civilização dos nossos costumes, do apuro do nosso gosto: o edifício que se harmoniza com
a nossa sociedade, a sociedade que faz honra ao grande sacrifício do poder municipal,
dotando a cidade com aquele rico monumento e fazendo calar os velhos reclames de não
possuir o Rio de Janeiro uma casa de espetáculos digna do seu desenvolvimento, capaz de
abrir caminho à idéia que o malogrado Arthur Azevedo tão longamente acariciou, na
pertinácia beneficiadora da arte dramática brasileira, de que ele foi o esteio mais poderoso,
como escritor e amigo dos artistas, que perderam com a sua morte o mais desinteressado de
seus protetores, o mais leal dos seus amigos. (...)
Noite de opulentas galas, dissemos, pelo aspecto ofuscante de todas aquelas belezas de
arquitetura em foco, pela resplandecência daqueles mármores custosos, esbatidos e
faiscantes às lâmpadas e candelabros elétricos; noite de arte pela magia da palavra de
Olavo Bilac na sonoridade de seu discurso historiador e poético, pela música e pela cena
brasileira em que se casaram, para celebrar a fausta inauguração, a linguagem e a urdidura
da leve Bonança de Coelho Netto, e as gammas dos nossos musicistas, em poemas de
harmonias sensibilizadoras." A Tribuna, 15 de julho de 1909.