'Exílio' pode afetar futebol de Marcelinho
18h37 - 29/10/98
Agência Folha
Em São Paulo
O fôlego deve até melhorar, mas o meia Marcelinho poderá ter problemas em sua volta aos campos após o hipotético perdão do técnico Wanderley Luxemburgo.
Afastado da equipe, Marcelinho está treinando separadamente do time até que seja reintegrado por Luxemburgo. Não existe um prazo determinado para o seu retorno.
"O problema é a falta do treino específico para a prática do futebol. Ele sentirá a necessidade da repetição do gesto esportivo, talvez terá dificuldades no trabalho com a bola, na movimentação durante os jogos", afirmou o fisiologista Turíbio Leite de Barros, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Universidade Federal de São Paulo.
Porém o fisiologista afirmou que o afastamento terá um aspecto positivo. "Se ele está com algum desgaste físico, terá tempo suficiente para se recuperar. Além de aperfeiçoar a sua forma."
Em sua carreira, Marcelinho deu sinais de que o trabalho diário com a bola e a sequência de partidas são vitais para a sua performance.
Sua readaptação ao Corinthians, no começo deste ano, depois de seis meses na reserva do Valencia (Espanha), foi complicada.
No Torneio Rio-São Paulo, sua primeira competição após a "experiência espanhola", Marcelinho teve um desempenho discreto. Fez apenas um gol -de falta, contra o Vasco- em quatro partidas.
O "problema" continuou na Campeonato Paulista -Marcelinho fez três gols em 13 jogos, com um intervalo médio de 25 dias. Nenhum desses gols foi de falta, a especialidade do jogador.
O preparador físico Antônio Mello, do Corinthians e da seleção brasileira, acha que Marcelinho não sentirá o período de "exílio".
"O trabalho físico é exatamente igual ao do grupo. Assim que a situação dele se resolver, tenho certeza que o Marcelinho voltará para os treinos táticos sem nenhum problema. Ele conhece muito bem o grupo e está entrosado."
Mello disse que a situação de Marcelinho não pode ser comparada com a do atacante Dinei, que deixou de treinar com o grupo corintiano para fazer um trabalho físico específico. Na sua volta, Dinei reclamou da falta de ritmo de jogo.
"O Dinei não tinha uma grande vivência com o grupo."