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pergunta: "Olá !!! Minha pergunta é bem simples: podemos contrair alguma doença quando sentamos na privada de banheiros comunitários ??? Beijos e obrigada."


resposta: Cara internauta,

Pois lá vou eu falar de xixi e cocô. Vamos pensar alto. Por que pegaríamos alguma doença quando nos sentamos numa privada comunitária? Para isto acontecer, temos que pensar que a tal privada possa estar contaminada. Esta vai ser a primeira parte da minha resposta. Supondo que a tal privada esteja mesmo contaminada, temos ainda que pensar se a pessoa que está sentada nela é passível de contaminar-se apenas por encostar uma parte de seu corpo nela. Esta é a segunda parte da minha resposta.

Será que a privada pode estar contaminada? Traduzindo, será que existem bichinhos microscópicos na privada? Mas é claro que sim. A privada não é estéril. Está cheinha, cheinha de bactérias, vírus e outros pequenos seres. Aliás, como a pia, a maçaneta, o apoio de mão no metrô ou no ônibus. O que ocorre com a privada é que nela há maior possibilidade de haver urina, fezes e secreções genitais. Comecemos com a urina. A urina humana NÃO costuma transmitir doenças. Ela é, em condições normais, estéril. Pode cheirar mal, ser nojenta, causar desagrado, ser bonita, interessante, excitante, indiferente, mas contaminada ela não é. Ao contrário, as fezes são contaminadas e podem passar doenças, sim. Pelas fezes transmitem-se a hepatite A, as salmoneloses (incluindo a febre tifóide), a poliomielite, algumas verminoses, giárdia, amebas e assim vai. As secreções genitais, por fim, também podem estar contaminadas. Por elas, passam-se a gonorréia, a hepatite B e o HIV entre outras.
Assim, na privada comunitária pode haver tudo isto. Vamos, entretanto, lembrar, que estes bichinhos (como também nós da raça humana) precisam de ambientes adequados para sobreviver. A privada não é necessariamente o melhor lugar para eles. Por exemplo, as condições de temperatura, a acidez do meio e o ressecamento de secreções podem ser condições inadequadas para a sobrevivência deles. Quero dizer que, se você deliberadamente colocar uma bactéria contaminante na privada, você não pode garantir que ela vá sobreviver aí o tempo suficiente para contaminar alguém.

Vamos para a segunda parte da resposta. Tá, você sentou na salmonela, encostou na hepatite A, sei lá. Dá para pegar estas doenças assim, de encostar? Olha, pela pele estas doenças não se transmitem. Com raríssimas exceções, não dá. Nem que você fique tentando. As doenças transmitidas pelas fezes, por exemplo e via de regra, só conseguem se transmitir se você ingerir os bichinhos. São chamadas doenças de transmissão oral-fecal justamente por isso. Portanto, você só vai pegá-las no banheiro se contaminar suas mãos e depois levá-las à boca. Se você lavar as mãos depois de usar a privada, você aborta a transmissão destas doença. Olha que simples.

Se pela pele estas doenças não entram, pelas mucosas genitais algumas delas podem entrar. Mucosa é sempre mais passível de infecção do que a pele íntegra. Recomendo, portanto, que você não encoste as suas mucosas genitais no vaso sanitário. Que me conste, não costumamos fazer isto. Aliás, nem precisamos fazer malabarismos desta natureza para usar a privada, não é?

Puxa vida, fiquei a coluna toda falando de xixi, cocô e outras coisas nojentas. Pareço criança. O que ficou de toda esta escatologia? As privadas são contaminadas, sim, é óbvio. Não esfregue suas mucosas genitais nelas. Sentar-se nelas, entretanto, não constitui um risco terrível para a aquisição de doenças infecciosas específicas ou de maneira geral. Não confundamos nojo com risco. Lavar as mãos após usá-las (e isto não deve ser uma grande novidade para você), isso sim, é o lance essencial.

Um abraço,

Ricardo Tapajós
17/08/01
 
Anteriores:
(11/04/2002) "O exame físico do adolescente"
(04/04/2002) "Hebiatra esclarece como deve ser consulta de adolescentes"
(04/02/2002) "De quais problemas cuida o especialista em adolescentes?"
(18/01/2002) "Casos de mulheres com candidíase aumentam no verão"


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Nesta seção, os especialistas Maurício de Souza Lima, Ricardo Tapajós e Marco Antonio Lenci esclarecem dúvidas de adolescentes.

Maurício de Souza Lima é médico da Unidade de Adolescentes e Coordenador do ambulatório dos filhos de mães adolescentes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. É membro da diretoria da Associação Paulista de Adolescência e membro do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Ricardo Tapajós é médico supervisor da divisão de clínica de moléstias infecciosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Marco Antonio Lenci é especialista em Ginecologia e Obstetrícia, com formação em Medicina Antroposófica e Medicina Psicossomática. É especialista em vídeo-laparoscopia e vídeo-histeroscopia e pós-graduando do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo

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