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     Golpe de 1937

NOEL ROSA
Ano: 1937

"Morreu Noel Rosa. Após alguns minutos, a cidade inteira já sabia. Noel o popular cantor e compositor dos morros da cidade que sempre se destacou pelas suas producções, deixa a vida para ir de encontro a um novo mundo.

De algum tempo para cá, Noel deixou de apparecer nos meios radiophonicos e recolheu-se a um sanatorio atacado por terrivel enfermidade. Os seus "fans" reclamaram; porém, Noel não podia attendê-los por ter necessidade de absoluto repouso.

Suas melhores producções, alías, a que lhe deu nome, foi ha alguns annos o samba "Com Que Roupa". Depois, seguiram-se outros, e ultimamente "João Ninguem", "De Babado Sim" e outros.

Encerra-se com o autor de "Pierrot Apaixonado", "Feitiço da Villa", "Palpite Infeliz" e outras composições populares, uma etapa verdadeiramente brilhante do samba de nossa terra.

Noel morreu subitamente em consequencia de um colapso cardiaco, quando na rua Theodoro da Silva n. 382, o querido compositor encontrava-se em companhia de sua progenitora; esposa e alguns amigos palestrando recostado no leito. (...)

Cerca de 23 1/2 horas, o "sambista philosopho" pediu que fosse tocada uma das suas composições, no que foi attendido promptamente. Então, cantando "De Babado Sim", Noel repentinamente deixou de viver desapparecendo da vida e deixando saudades. Porém, suas musicas não serão esquecidas e a sua memoria será tão venerada como a dos nossos maiores compositores da musica popular.

O seu enterro será realizado hoje á tarde, saindo o feretro da rua Thedoro da Silva n. 382 em Villa Isabel." Diário da Noite, 5 de maio de 1937.

"O povo carioca perdeu hontem com a morte de Noel Rosa, um dos interpretes mais perfeitos da sua poesia.

Poeta instinctivo, observador profundo da vida das populações pauperrimas da cidade, Noel Rosa, compreendeu, logo no inicio de sua vida de homem a necessidade que havia de realçar-se a lidima poesia popular da terra, a despeito de toda a miseria que assoberbava o modo de viver das populações dos bairros mais afastados da cidade. E foi com a intenção perfeita de enquadrar no seio da musica folklorica do paiz as producções do povo da cidade, que esse menestrel moderno levou para o radio a melhor somma de suas composições, todas ellas feitas sobre motivos da vida real dos habitantes dos morros e dos longinquos suburbios do Rio.

Noel Rosa deixa uma lacuna no seio da representação da musica popular do Rio de Janeiro. Elle, unicamente elle, compreendia e satisfazia o desejo do povo no tocante a arte dos sambas e das canções populares desta terra.

O enterro de Noel Rosa realizou-se hontem, com grande accompanhamento, sendo o seu corpo sepultado no cemiterio de S. Francisco Xavier." Diário Carioca, 6 de maio de 1937.

"Morreu Noel Rosa. A cidade chora, nesta noticia, o desapparecimento do expoente maximo do sambista carioca.

A letra era repleta de uma philosophia humana. Sentira a necessidade de ambientar a musica que vivia nos morros ao convivio da cidade. Fez letras onde o malandro e o jogo de chapinha não entravam. Traduzia a propria vida em ritmos e melodias.

É seu esse samba canção: "Naquelle tempo em que você era pobre / Eu vivia como nobre / A gastar meu vil metal / E, por minha vontade / Você foi para a cidade / Esquecendo a solidão / E a miseria daquelle barracão./ Tudo passou tão depressa, / Fiquei sem nada de meu / E esquecendo a promessa, / Você me esqueceu, / E partiu, com o primeiro que appareceu / Não querendo ser pobre como eu." Dizem que essa historia foi vivida.

O morro era para elle motivo de verdadeiras chronicas musicais. "Mangueira" é um exemplo disso.

Seu primeiro sucesso foi "Com Que Roupa". Nesse tempo, prosseguindo os estudos, elle ingressava na escola de Medicina. Em pouco tempo, porém, abandonava os estudos, dedicando-se, inteiramente, á arte que o empolgára. Venceu, em toda linha, plenamente, quer como autor quer como violonista. Costumava, constantemente, interpretar, frente ao microphone, suas producções. É enorme a sua bagagem musical.

Noel Rosa morreu, victimado por um collapso cardiaco, em sua residencia, á rua Theodoro da Silva. E - suprema ironia do destino! -" A Noite, 5 de maio de 1937.

"A cidade, principalmente, os meios bohemios, sentiram deveras a morte de Noel Rosa, o festejado sambista e cantor de radio, em plena mocidade. Sem obter melhoras no Piauhy, Noel Rosa regressou a esta capital para succumbir entre os desvelos de soa veneranda mãe e de sua esposa. Na hora da agonia, ouvindo os acordes de uma orchestra proxima ao seu leito de dôr, mandou pedir a execução de um samba de sua autoria e logo depois expirava.

O autor de "Com Que Roupa", "Cidade Mulher", e outras canções que alcançaram sempre popularidade, era filho de Villa Izabel, tendo nascido em 1907, á rua Theodoro da Silva n. 380, filho de Manoel de Medeiros Rosa, já fallecido e de d. Martha de Medeiros Rosa. Era casado com d. Lindaura Rosa.

Na sua mesa de trabalho, no momento da morte, estava exposto que confeccionava d. Martha Rosa, a partir de 1929, contendo todas as criticas da imprensa ás composições literarias e musicaes de Noel Rosa. Mesmo aquelles contendo irreverências á pessoa do vate nelle estão collecionados, contornados de vermelho, para maior realce.

Noel, cercado de amigos e de companheiros de aventura, reconheceu a proximidade da morte e dirigindo-se a Orestes Barbosa advertiu:

- Seu amigo está acabado...

Momentos depois era fulminado por um collapso.

O enterramento do festejado cantor e compositor teve grande acompanhamento tendo sido a sepultura aberta no cemiterio de S. Francisco Xavier." Correio da Manhã, 6 de maio de 1937.

"Noel Rosa era um de nossos mais conhecidos compositores populares. Suas musicas nunca deixavam de alcançar sucesso nas temporadas carnavalescas.

Havia mezes vinha elle soffrendo de pertinaz molestia, que lhe tirava toda a alegria.

Hontem, á noite, em frente á sua residencia, á rua Theodoro da Silva, 382, em Villa Isabel, realizava-se uma festa familiar.

Os rapazes, que compunham a orquestra, resolveram prestar uma homenagem a Noel, cantando em voz alta, o samba-desafio, de sua autoria, intitulado "De Babado Sim..."

O compositor popular, que regressára havia tres dias, de Pirahy, onde fôra mudar de ares, ao ouvir a musica, teve um estremecimento e morreu, talvez de emoção.

O seu enterro será realizado hoje á tarde, sahindo o feretro do endereço acima." Diário de Notícias, 5 de maio de 1937.

"Á meia-noite de hontem falleceu, nesta capital, em sua residencia, á rua Theodoro da Silva, 382, o compositor de sambas e marchas, Noel Rosa.

Era uma figura sympathica das rodas radiophonicas e dos nossos musicistas mais populares.

Muitas de suas producções como "Tarzan, O Filho do Alfaiate" e "Maria Fumaça", tiveram um exito extraordinario. Mas o seu samba que mais agradou, foi, sem duvida, "Palpite Infeliz". De alguns annos para cá, não havia Carnaval completo sem musica de Noel Rosa.

Encontrava-se elle enfermo ha varias semanas e os que o conheciam nada auguravam de bom, dado o seu physico franzino. Entretanto, ainda recentemente, concedeu uma alegre entrevista a uma de nossas revistas de radio, traçando então os seus planos para o futuro. Não quiz o destino que se justificasse o seu optimismo.

O enterro sae, ás 16 horas, de hoje, do referido endereço, para o cemiterio de S. Francisco de Assis." O Jornal, 5 de maio de 1937.

AS MANCHETES

Morreu Cantando Noel Rosa A Figura Mais Popular Dos Nossos Compositores (Diário da Noite)

Falleceu O Compositor Noel Rosa - Era Autor De Numerosas Musicas Populares (O Jornal)

Falleceu Noel Rosa - O Conhecido Compositor Morreu Ouvindo Cantar Uma Musica De Sua Autoria (Diário de Notícias)

A Morte Prematura De Noel Rosa - Foi, Hontem, Sepultado, O Popular Cantor Do Radio (Correio da Manhã)

Morreu Noel Rosa (A Noite)

Noel Rosa - Falleceu Hontem O Maior Cantor Da Alma Carioca
(Diário Carioca)


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