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EDU CHAVES: PRIMEIRO VÔO SEM ESCALAS SÃO PAULO - RIO DE JANEIRO
Ano: 1914

"A chegada inesperada de Edu Chaves, o simpático patrício, a esta capital, pilotando o seu magnífico Bleriot depois de um percurso de 400 kilômetros, foi um ruidoso sucesso para a nossa aviação, tornando-se objeto de comemorações, por toda a parte, o dia de ontem. (...) Às 9,30, Edu Chaves, tendo disposto convenientemente o seu magnífico aparelho, partiu do prado da Moóca, elevando-se, em seguida, bem alto, afim de melhor poder fazer a travessia de S. Paulo ao Rio. (...) Partindo, como dissemos, do prado da Moóca, Edu Chaves elevou-se a 1.800 metros, viajando nesta altura cerca de 20 kilômetros, ascendendo ainda a 2.000, 2.400 e 2.800 metros. Ao chegar a esta capital Edu estava precisamente a 3.000 metros de altura. Para mais facilitar o "raid" do jovem patrício o Telégrafo manteve troca de comunicação, ficando assim organizado um belo serviço tendo a Estação Central recebido os seguintes telegramas:

Rio, 5 - O aviador Edu Chaves partiu às 9,46 de São Paulo diretamente para esta capital, onde deverá chegar às 14,30, aterrando no Campo dos Affonsos. Nem sem escala.

Rio, 5 - Edu Chaves passou em Taubaté às 11 horas.

Rio, 5 - Edu Chaves foi visto em Cruzeiro às 13,50.

Rio, 5 - Barra Mansa avistou Edu às 11,30 viajando em direção ao Rio. (...)

Eram 14 horas e 10 minutos quando Edu Chaves aterrou no hangar da Escola Nacional de Aviação. Grande era a assistência que enchia o Campo de Aviação e que anciosamente acompanhava, com interesse, as manobras arriscadas do arrojado aviador paulista. (...)

O denodado campeão do espaço conseguira cobrir o percurso de 480 kilômetros em 4 horas e 39 minutos, perfazendo uma média de 120 kilômetros por hora. O record de velocidade de percurso fôra batido na América do Sul pelo aviador paulista. No Campo dos Affonsos, onde se encontravam o Sr. presidente da República e sua exma. esposa, foi o aviador Edu Chaves cumprimentado por S. Ex., que o felicitou pelo bom êxito colhido na sua travessia. (...)

O motor que é um Gnome 80 HP trabalhou magnificamente, gastando durante o percurso 16 litros de gasolina e 45 litros de óleo. O aparelho é munido de hélice Chouvier e vela Oleo. (...)" - A República, 6 de julho de 1914.

"O dia de ontem assinalou mais um triúnfo para a aviação no Brasil. Coube ainda uma vez a Edu Chaves realizar um "raid" sensacional, vindo de S. Paulo ao Rio de Janeiro em 6 horas e meia, vencendo com admirável segurança um percurso de 450 kilômetros. O arrojado aviador paulista, nessa prova de resistência teve de vencer dificuldades que não chegaram para impedir a terminação do seu vôo memorável, desta vez terminado com um absoluto sucesso, aterrando calmamente no campo de aviação da fazenda dos Affonsos.

Edu Chaves saiu do prado da Moóca em S. Paulo às 9,30 da manhã, tendo resolvido de surpresa renovar o "raid" que o tornara famoso, alguns anos atrás, quando uma falsa orientação do terreno o fez cair ao mar, nas proximidades de Mangaratiba. O aparelho de que se serviu Edu Chave foi um monoplano Bleriot, com um motor Gromo de 80 cavalos. O percurso realizado no "raid" de ontem foi de cerca de 450 kilômetros, vencidos em 6 horas e meia. Edu Chaves fez o vôo na altura de 2000 metros, subindo a 3000 metros ao atravessar a Serra do Mar. A velocidade desenvolvida pelo Bleriot foi de cerca de 80 kilômetros por hora. Foi uma verdadeira surpresa a chegada de Edu Chaves no campo de aviação da fazenda dos Affonsos. Recebido com efusivas demonstrações de aclamação, por Darioli, Nicola Santo, Kirk e outros aviadores presentes, Edu Chaves foi felicitado entusiasticamente pelo "raid" que realizara com um sucesso tão brilhante.(...)" O Diário, 6 de julho de 1914.

"Edu Chaves, o valoroso e pertinaz aviador brasileiro, conseguiu fazer num só vôo, sem escalas, a travessia São Paulo a esta capital. Com essa audaciosa prova bateu ele o recorde da velocidade em longo percurso na América do Sul.

Ocultando dos amigos mais íntimos e da própria família o seu intento, edu levantou ontem, às 9,30 da manhã, o vôo no aeródromo paulista no seu Bleriot. fazendo a maior do percurso na altura de 1800 metros, atingiu ele até os 2800 metros. Chegando ao Rio, Edu procurou dirigir-se para o campo do Aeroclube Brasileiro, no Campo dos Affonsos, onde aterrou às 2,10 da tarde. Em o nosso aeródromo achava-se várias pessoas, inclusive o marechal Hermes, que, com sua esposa, haviam ido ali assistir aos exercícios aviatórios de Kirk e Darioli. Todos felicitaram calorosamente o aviador brasileiro pela sua brilhante vitória. A travessia foi feita sem o menor incidente desagradável, tendo gasto 160 litros de gasolina e 45 de óleo. (...)

Depois de muito felicitado no Campo dos Affonsos, onde lhe foi oferecido uma taça de champagna, Edu veio, às 10 horas da noite, para a cidade, hospedando-se no Hotel Avenida. (...) O notável vôo de Edu Chaves revolucionou os meios aviatórios cariocas, onde a façanha de Edu tem causado assombro." - O Século, 6 de julho de 1914.

"Teve início, ontem, a festa promovida pelo Aero Club, por um fato inteiramente inesperado, que foi a súbita aparição de um aeroplano, de que não constava no programa a sua evolução. De pequenino ponto, avolumou-se pouco a pouco até reconhecer-se o magnífico aeroplano Bleriot 80 HP de Edu Chaves, que às 9,35 partira do hipódromo da Moóca, em S. Paulo. Após 4 horas e 40 minutos de ininterrupta viagem, o nosso ousado patrício, numa bela "aterrisage", tomava contato com o solo, descendo no campo da Escola Brasileira de Aviação. Foi uma exclamação uníssona de pasmo e alegria ao ver-se a figura simpática do nosso patrício, o precursor brasileiro da nossa aviação no país. Edu partira, precisamente às 9,45 e aterrou às 2,10 levando, portanto, 4 horas e 25 minutos para vencer os 450 kilômetros que nos separam da capital paulista, fazendo, portanto, uma média de 104 kilômetros e 200 metros a hora. (...)

Antes, porem, de descer, executou uma série de voltas com os braços levantados, não tocando, portanto, no volante de direção. Esta proeza causou grande entusiasmo e levantou muitos aplausos. (...)

Foi uma festa que obteve o mais franco sucesso, o que nos deixa prever a aceitação que terão as futuras provas instituídas pelo Aero Club. Num dos intervalos foi servida uma fina mesa de doces e ao "champagne" foram feitos diversos brindes. Durante a festa tocou uma banda de música militar. Enfim, todos que de lá vieram trouxeram a melhor das impressões." A Tribuna, 6 de julho de 1914.

"A comissão do Aero-Club Brasileiro reune-se amanhã, em sessão extraordinária, afim de receber o grande aviador patrício Edu Chaves, o arrojado piloto que acaba de realizar o maior vôo sem escalas da América do Sul. A extraordinária proeza de Edu veio fazer avançar de um ano a aviação nacional. É justamente para registrar esse feito admirável, que se inscreverá entre as maiores cruzadas aéreas contemporâneas, que o Aero-Club se reune amanhã. Tomando conhecimento oficial do vôo de Edu, O Aero-Club, como único poder aeronáutico no Brasil, comunicalo-a à Féderation Aéronautique Internationale, concedendo-lhe o título de "recordman" de distância no Brasil." A Rua, 8 de julho de 1914.

MANCHETES

"Aviação - Uma Grande Surpresa - Edu Chaves Faz Inesperadamente O "Raid" Rio-S.Paulo, Em 4 horas E 25 minutos - A Festa No Aero-Club
(A Tribuna)

De S. Paulo ao Rio Em Aeroplano - Edu Chaves Faz A Travessia
(O Século)

Os nossos homens-pássaros - Edu Chaves será recebido amanhã solenemente no Aero Club Brasileiro (A Rua)


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