Produto simples e barato é aposta para o próximo ano
Consumidor deve continuar cauteloso com os gastos, dizem especialistas
Setores de alimentos, turismo nacional e serviços para terceira idade estão entre os nichos promissores
Produtos simples e baratos desenhados para consumidores de baixa renda. Esta é a principal tendência de consumo na América Latina para o próximo ano, segundo estudo da consultoria Trendwatching, e um nicho promissor para os empreendedores em busca de ideias.
Ainda sem perspectivas para a recuperação econômica, o consumidor deve continuar seletivo com as compras, explica a estrategista da consultoria, Luciana Stein, 45.
"Mas mesmo com pouco dinheiro, os compradores seguem com grandes expectativas por melhores produtos e serviços mais ágeis."
O setor de comércio e serviços foi justamente o responsável pela maior parte (61,3%) dos novos empreendimentos brasileiros no primeiro semestre deste ano e deve continuar sendo a principal aposta de quem deseja abrir um negócio próprio em 2016.
É o caso, por exemplo, dos produtos estéticos e de cuidados pessoais, que historicamente apresentam crescimento nos momentos mais difíceis da economia.
"As pessoas tendem a investir em produtos de beleza como autoindulgência, uma concessão diante de outros cortes no orçamento. Isso não vai mudar tão cedo", explica Dorival Mata-Machado, 43, diretor da empresa de pesquisa de mercado Ipsos.
O mesmo acontece com os alimentos. "O maior exemplo desse caso é o chocolate, mas há outros. O brasileiro não deixa de fazer o churrasco no fim de semana, nem que seja para se distrair após dias ruins. Setores ligados a esse tipo de alimentação podem crescer no próximo ano."
Para Marcelo Aidar, coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV/EAESP, outra boa aposta é o turismo nacional. "Com a alta do dólar, há uma revalorização do turismo interno no Brasil. Serviços de hotelaria, agências de turismo e tudo relacionado a esse nicho são promissores", diz.
SEM CULPA
Outra tendência para o próximo ano são os consumidores conscientes.
"Estamos em um momento em que as pessoas usam menos seus carros e estão mais preocupadas com o consumo de água e o impacto no ambiente. Esses setores podem guardar boas oportunidades", diz Renê Fernandes, gerente de projetos do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV- SP.
Essa onda atinge também os investidores, cada vez mais interessados em negócios com apelo social. "Eu olharia para o setor de economia compartilhada", afirma.
Mata-Machado lista outro consumidor: a terceira idade.
"Passamos anos pensando nos jovens, mas o envelhecimento da população ocorre no mundo todo. Esses consumidores terão boas condições financeiras e são um mercado promissor para quem investir em produtos que atendam às suas demandas", diz.