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26/11/2002
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02h37
Como atrair um caçador de talentos
JOANA MONTELEONE free-lance para a Folha de S.Paulo
O telefonema de um "head- hunter" é desejado por todo executivo ambicioso. Para tornar-se alvo desses caçadores da elite do mercado, não basta trabalhar muito: talento, persistência e planejamento são fundamentais. No competitivo mundo empresarial, milagres não acontecem.
Existem várias maneiras de o "headhunter" encontrar sua "presa". A mais comum é recorrer ao banco de dados que guarda os currículos dos profissionais. "Ao longo dos anos vamos arquivando dados sobre os melhores profissionais do mercado", diz Denys Monteiro, vice-presidente da Fesa (Financial Executives Search Associates), empresa especializada na busca de executivos. Para cada vaga que quer preencher, são selecionados diversos profissionais. Os descartados continuam a fazer parte do banco de dados.
A Fesa, por exemplo, tem um banco de dados de cerca de 26 mil nomes. Além disso, os "headhunters" consideram seminários, congressos e cursos de MBA reservas naturais de novos talentos e, por isso, estão sempre rondando esses ambientes.
Mas enviar currículo e participar de eventos são apenas parte da estratégia que leva o executivo a ser fisgado pelo "headhunter". "Saber traçar os objetivos profissionais é uma qualidade essencial", afirma Guilherme Velloso, diretor da empresa de "executive search" Panelli, Mota e Cabrera, associada ao grupo internacional Amrop-Hever. "O 'headhunter' é treinado para perceber talentos", explica Monteiro.
"No meu caso, a versatilidade profissional foi fundamental", afirma Adilson Casado, "controller" da Oregon Scientifics. O executivo, cuja especialidade é a área de finanças, já cuidou desde implementação de sistemas até gerenciamento da área de vendas. "Toda empresa quer alguém que consiga se dar bem em diferentes funções", diz o executivo, que afirma já ter sido procurado por "headhunters" inúmeras vezes.
| Dicas para ser 'caçado':
- Apostar na formação acadêmica —não parar de aprender nunca - Manter-se atualizado com sua profissão e seu mercado - Aprender várias línguas —inglês é básico - Planejar a carreira —você tem de saber onde quer chegar - Construir uma boa rede de relações e contatos
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| A ligação de um caça-talentos causa grandes expectativas, mas ela não é garantia de nada. A receita é não se precipitar. A vantagem nesse tipo de negociação é que a "presa" também pode dizer "não, obrigado" e aguardar uma oportunidade melhor. "O telefonema pode ser o início de grandes mudanças para a vida do profissional", diz Gladys Zrncevich, diretora da KornFerry, uma das mais conhecidas empresas do ramo de recrutamento. "Aja com naturalidade, responda às perguntas com objetividade e analise com seriedade o que o "headhunter" está propondo. "
Uma auditora da área de computação que não quis se identificar foi procurada por um "headhunter" para trabalhar numa empresa de telefonia. Ganharia mais, mas achou ruim o plano de carreira. "Na minha empresa, vou me tornar gerente no ano que vem", diz. "Descartei a oferta na hora, mas guardei com carinho o telefone do 'caçador' que me procurou."
A pior coisa que o profissional pode fazer nessas circunstâncias é um leilão de salários. Deixar o processo de seleção correr, somente para ter um aumento, é um caminho perigoso. "O executivo vai pagar caro esse deslize", diz Guilherme Velloso. Quem consegue o aumento "na marra" pode ter de aceitar uma função que não gostaria de exercer e, assim, abrir caminho para problemas na carreira.
O "headhunter" trabalha para uma empresa que também quer pagar menos pelo melhor profissional do mercado. No perigoso mundo das empresas, entrar na mira de um caça-talentos é uma oportunidade para se ganhar —ou perder— o jogo.
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