Reuters
03/12/2002 - 20h00

Pesquisa com célula-tronco segue em marcha lenta nos EUA

da Reuters, em Washington

A pesquisa com células-tronco, que segundo muitos cientistas vai transformar a medicina e curar pacientes de doenças como diabete e Parkinson, segue em marcha lenta nos Estados Unidos, disseram especialistas hoje.

Provavelmente será necessária uma grande descoberta em outro país para mudar o modo de pensar dos políticos dos EUA, que associam a pesquisa ao debate sobre aborto, prevêem cientistas.

"Será o tratamento bem-sucedido de uma doença como o Parkinson em outro país", disse William Haseltine, presidente e executivo-chefe da empresa de biotecnologia Human Genome Sciences, em Maryland, durante uma conferência.

A pesquisa com células-tronco é uma área ampla, mas ainda nova, que se baseia na descoberta de células que podem dar origem a diversos tipos celulares. A maioria dos tecidos adultos e o sangue contêm um pequeno número de células-tronco, mas a fonte mais controversa são embriões em estágio bastante inicial, cujas células podem formar qualquer tipo celular.

Pesquisadores que defendem o trabalho com células-tronco embrionárias acreditam que um dia será possível coletar uma pequena amostra de pele de um paciente e cultivar novas células cerebrais, um novo músculo cardíaco ou até mesmo um novo órgão como um rim. Isso eliminaria a necessidade de doações de órgãos e seria uma forma de tratar doenças hoje consideradas incuráveis.

A abordagem exige, no entanto, o uso de um óvulo humano e a produção de um embrião humano em estágio muito precoce. Os grupos que se opõem à pesquisa afirmam que a técnica envolve a morte de um ser humano.

Um debate sobre a questão não chegou a nenhuma solução no Senado norte-americano este ano. O presidente dos EUA, George W. Bush, e alguns membros do Congresso querem proibir a pesquisa. Já outros, como alguns conservadores antiaborto, querem que os estudos com células-tronco continuem, com a proibição do uso da técnica para criar um bebê clonado.

"A pesquisa está associada inadequadamente a políticos antiaborto e, enquanto ela continuar ligada a essa questão, as esperanças são desanimadoras", disse Haseltine.

A atual política norte-americana limita os recursos públicos destinados a estudos com células-tronco embrionárias. As companhias privadas podem desenvolver a pesquisa, mas uma legislação defendida por Sam Brownback, senador republicano do Kansas, e outros quer dar um fim a isso também.

De qualquer forma, são necessárias verbas federais para incentivar um campo de pesquisa jovem como esse, de acordo com Haseltine.

Outros países, como o Reino Unido, escolheram sair na frente na pesquisa com células-tronco e podem bater os EUA nas primeiras descobertas, disseram cientistas.

Leia mais notícias de Ciência
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca