Reuters
02/12/2002 - 18h40

Colômbia começa a julgar supostos membros do IRA

da Reuters, em Bogotá

O julgamento de três supostos militantes do Exército Republicano Irlandês (IRA) acusados de ensinar rebeldes colombianos a construir bombas começou hoje em Bogotá.

Eles podem ser sentenciados a mais de 20 anos de prisão se forem condenados por treinar o maior exército rebelde da América Latina -as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)- durante uma viagem a uma base da guerrilha no ano passado.

Niall Connolly, Jim Monaghan e Martin McCauley não deverão aparecer na corte hoje. Seus advogados e um grupo de parlamentares irlandeses participam do primeiro dia de julgamento, dedicado a declarações de testemunhas.

Autoridades disseram que o julgamento, presidido pelo juiz Jairo Acosta, pode durar meses e os procedimentos provavelmente serão interrompidos durante semanas na época do Natal.

A prisão dos três em agosto do ano passado -quando tentavam sair de Bogotá com passaportes falsos- prejudicou o processo de paz na Irlanda do Norte e irritou os Estados Unidos, que consideram as Farc um grupo "terrorista" e traficante de drogas.

Os três acusados admitiram que passaram algum tempo em uma área perigosa da Colômbia controlada pelas Farc, mas disseram que estavam observando a vida selvagem e o progresso das negociações de paz entre os rebeldes e o governo, que já fracassaram.

Os advogados de defesa dizem que os três, mantidos na prisão Modelo de Bogotá, provavelmente não terão um julgamento justo na Colômbia, onde o Exército, com apoio dos EUA, luta contra as Farc.

Eles dizem que as provas do governo -baseadas em traços de explosivos supostamente encontrados nas roupas dos homens e no testemunho de rebeldes que desertaram- são frágeis.

O Exército culpou o IRA pelos avanços demonstrados nos ataques recentes das Farc em cidades da Colômbia, incluindo um bombardeio com morteiros durante a cerimônia de posse do presidente Alvaro Uribe, em agosto. O ataque matou mais de 20 pessoas, incluindo muitos sem-teto.

Um grupo foi organizado na Irlanda para fazer campanha pela libertação dos três homens.

Entre as pessoas presentes na sessão de hoje estava Paul Hill, de Belfast, que foi injustiçado no Reino Unido ao ser condenado como parte dos "Quatro de Guildford" no auge da campanha de ataques do IRA na Inglaterra nos anos 1970.

"Como vítima de um julgamento injusto, quero fazer tudo para garantir que a mesma coisa não aconteça com estes três irlandeses", disse ele em comunicado.

Um grupo de cerca de 20 manifestantes, que disseram ser parentes de soldados colombianos mortos em combates, protestou em frente à corte. Eles disseram que os três acusados são "terroristas estrangeiros".

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