Reuters
02/12/2002 - 17h55

Spam pode consumir até 35% da banda de internet do Brasil em 2003

da Reuters

O volume de e-mails não solicitados, conhecidos por "spam", enviados por gente que vende de produtos para melhorar o desempeno sexual a esquemas para ficar milionário rapidamente, deve chegar a 35% da capacidade de transmissão de dados do Brasil até o final do ano que vem, afirmou o presidente da Abranet (Associação Brasileira de Provedores de Internet), entidade que representa os provedores de internet no país.

"É uma luta sem fim. Gera muita dor de cabeça para os provedores", disse o presidente da Abranet, Roque Abdo.

Segundo ele, a estimativa para este ano feita pela entidade sobre a prática de "spam" no Brasil prevê que o volume enviado de mensagens comerciais não desejadas ocupe pelo menos 25% da banda de 3 GB do Brasil.

Pelo mundo, o cenário é preocupante. Segundo um estudo divulgado pela IDC (International Data Corporation), uma empresa de pesquisa do mercado de tecnologia, em 2006 o volume de spam circulando pelas artérias da web deve chegar a 31 bilhões por dia, de um total de 60 bilhões de mensagens eletrônicas enviadas diariamente.

Na esteira das propagandas feitas por e-mail proliferam também anúncios on-line via correio eletrônico cada vez mais sofisticados, com imagens e até sons, que consomem ainda mais capacidade de transmissão de dados pela internet.

Os provedores, que bancam essa capacidade de transmissão cotada em dólar, se defendem como podem. Instalam filtros que evitam mensagens enviadas por destinatários inválidos e proíbem os usuários de enviar volume muito grande de mensagens por vez.

Mas o problema está piorando, segundo Abdo, com o aumento das linhas de acesso rápido à internet e a proliferação de vendedores de bancos de dados com e-mails.

Não há dados precisos sobre spam no Brasil, mas nos Estados Unidos, segundo a empresa de pesquisa Jupiter Research, um norte-americano conectado na rede deve receber este ano mais de 2.200 mensagens não solicitadas e esse número deve crescer para 3.600 em 2007.

Retorno pequeno já é lucro
Segundo um desses inúmeros anunciantes que vendem pacotes de softwares para transmissão de "spam", com até 15 milhões de endereços de e-mails, o retorno das mensagens comerciais enviadas pode ficar entre 4% e 5%.

"Dependendo do assunto o retorno é maior. Por exemplo, se for de sexo pode chegar a 6%", disse um comerciante ao ser indagado sobre as vantagens do serviço.

Fazendo as contas, é possível que a propaganda tenha um retorno de no mínimo 600 mil pessoas com um banco de endereços desse tamanho.

A questão do envio do "spam" ainda está sendo discutida por autoridades brasileiras e a prática não pode ser coibida legalmente se a pessoa que enviar milhares de cópias de uma mensagem incluir uma forma dos destinatário removerem seus endereços da lista do autor do e-mail.

"Não há lei específica sobre spam. Porém, aquele que causar prejuízo patrimonial ou moral ao destinatário pode ser processado", disse o advogado Renato Opice Blum, especializado em direito eletrônico. O problema, no entanto, é a vítima conseguir levantar o valor do prejuízo e descobrir o remetente da mensagem. "No final a pessoa pode acabar gastando mais com advogado", disse ele.

Foi o que aconteceu com um advogado de Campo Grande, Mato Grosso, que entrou com uma ação contra três empresas, por suposta prática de spam, exigindo indenização de R$ 5 mil.

Em dezembro do ano passado a juíza Rosangela Lieko Kato indeferiu a ação do advogado, afirmando que não era possível avaliar os prejuízos de ordem material. Ela comparou o envio de "mensagens de marketing via internet" com a prática de mala-direta que chega pelos correios.

Segundo Abdo, da Abranet, a solução para o "spam" não seria a aprovação de leis específicas, mas a adoção de auto-regulamentação pelos provedores, para a criação de novas formas de combate ao envio das propagandas indesejadas.

"Não há lei que possa inibir a prática", disse o presidente da Abranet. "Eu acho que as pessoas deveriam se interar melhor sobre filtros (disponíveis nos programas de navegação e envio de e-mails) e denunciar ao provedor delas o recebimento de spam", acrescentou.

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