Reuters
01/12/2002 - 11h24

Luta contra Aids mobilizará 1 milhão de estudantes na China

da Reuters, em Pequim

A China, há muito criticada por ignorar a potencial explosão da calamidade, marcou o Dia Mundial da Aids hoje com o lançamento de campanhas de conscientização e prevenção no país mais populoso do planeta.

As campanhas foram um sinal de que pelo menos alguns na Ásia, região onde vivem cinco de cada oito pessoas do mundo podem finalmente estar prontos para superar tabus sociais e falar abertamente sobre atividades sexuais.

No Grande Hall do Povo em Pequim, o governo anunciou que enviaria 1 milhão de estudantes para o interior durante o próximo ano para divulgar a prevenção contra Aids/HIV e persuadir as pessoas a não discriminarem os portadores da doença.

O ator Pu Cunxin abraçou vítimas da Aids para mostrar a 1,3 bilhão de chineses que a doença que devastou a África sub-saariana não é transmitida por contato casual.

Mas não será fácil acabar com a discriminação. Lao Ren, que contraiu o vírus vendendo sangue para tentar aumentar a baixa renda familiar, conta que se seus vizinhos no interior do país soubessem que ele tinha Aids, eles fugiriam. Se seus clientes soubessem, eles o evitariam. "Se as pessoas soubessem que tenho Aids, eu estaria acabado."



Apesar do lançamento da campanha, especialistas dizem que os esforços para explicar às pessoas como a epidemia se propaga e abrandar o estigma social que ela traz aos portadores podem estar atrasados demais para impedir um rápido avanço da doença.

A China, onde as autoridades preferem ignorar a doença e as estatísticas são quase que suposições, já tem pelo menos um milhão de portadores do vírus HIV que pode levar à Aids.

A Índia, o segundo país mais populoso do planeta, tem pelo menos 4 milhões.

No mundo todo, 42 milhões de pessoas têm o vírus da Aids e nenhum lugar está imune, nem mesmo alguma ilha distante no meio do Oceano Pacífico.

Em setembro, a minúscula ilha-nação de Vanuatu ficou tão perturbada com a confirmação do primeiro caso de Aids que o primeiro-ministro Edward Natapei fez um pronunciamento nacional.

As projeções da disseminação da doença são aterrorizantes. A CIA, agência central de inteligência dos Estados Unidos, estima que em meros sete anos, em 2010, a Índia terá o maior números de soropositivos do mundo -algo em torno de 20 a 25 milhões. A China, segundo a agência, terá entre 10 e 20 milhões.

 

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