Mulheres já são 50% dos infectados pelo vírus da Aids
da Reuters, em LondresA Aids, que começou como uma misteriosa infecção entre homossexuais brancos e em duas décadas se tornou a mais dramática epidemia na história da humanidade, está hoje afligindo homens e mulheres igualmente.
A constatação é do mais recente relatório do programa conjunto das Nações Unidas para a Aids, o Unaids, segundo o qual o mundo terá 42 milhões de portadores do vírus HIV ao final de 2002.
"Para mim, o mais chocante é que, pela primeira vez, as mulheres vão corresponder a 50% da epidemia global", disse o diretor-geral do Unaids, Peter Piot. "Na África Subsaariana, 58% de todos os infectados são mulheres. O rosto da Aids está se tornando o rosto das mulheres jovens."
Desde que foi descoberta, a Aids já matou 25 milhões de pessoas. Ao longo de 2002, 3,1 milhão de pessoas morrerão da doença. Cinco milhões terão contraído o vírus de janeiro até dezembro.
Dos 42 milhões de pessoas infectadas até o fim do ano, 38,6 milhões serão adultos, e 19,2 milhões destes, mulheres. Dos novos infectados de 2002, 2 milhões são mulheres.
A mudança na dinâmica da epidemia significa que a proporção de recém-nascidos infectados -contaminados pelas próprias mães- ameaça crescer. Também significa que mulheres -que tradicionalmente vinham cuidando de maridos, pais e irmãos doentes- estão agora sucumbindo à epidemia, o que tende a desestruturar ainda mais as sociedades mais afetadas.
O relatório "Aids Epidemic Update" está sendo publicado em função do Dia Mundial de Luta conta a Aids, comemorado em 1º de dezembro.
Fome
A epidemia da Aids está intensificando outros desastres, principalmente no sul da África, região mais afetada pela epidemia.
"Ela exacerbou a crise de alimentos. Isso é novo. Acho que estamos começando a ver os impacto reais da Aids em países que estão sendo fortemente afetados pela epidemia", afirmou Piot.
Seca e fome não não novos na África, mas em países onde um quarto ou um terço da população está doente, a Aids tem intensificado esses problemas.
"Agora é muito pior porque a produção agrícola caiu devido à Aids, e demanda nutricional de comunidades inteiras tem aumentado porque as pessoas estão doentes e precisam de mais comida", disse.
O relatório da Unaids mostra que a África, com 29,4 milhões de pessoas com o vírus HIV, é a região mais afetada pela Aids no mundo. No Leste Europeu e na Ásia Central, com 1,2 milhão de casos, a epidemia cresce mais rapidamente. A Ásia, especificamente China e Índia, é considerada uma "bomba-relógio".
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