Reuters
26/11/2002 - 10h46

Juíza proíbe igreja dos EUA de esconder dados sobre pedofilia

da Reuters, em Boston

Uma juíza proibiu ontem a Arquidiocese de Boston de manter em segredo milhares de documentos a respeito de 65 padres acusados de pedofilia.

Com essa sentença, os documentos poderão ser divulgados já na próxima semana, num momento em que os advogados das supostas vítimas de abusos sexuais negociam um acordo com a diocese para encerrar centenas de casos.

Desde agosto, advogados das supostas vítimas do padre Paul Shanley pedem os documentos para tentar provar que a Arquidiocese tinha por hábito proteger e remover de paróquias padres acusados de abusar de crianças.

Na sexta-feira (22), a igreja entregou quase 11 mil páginas de documentos à Justiça, mas ao mesmo tempo entrou com um pedido para que esses dados fossem mantidos em segredo. A decisão da juíza Constance Sweeney deixou clara a irritação dela com o pedido dos religiosos, que ela chamou de "desesperado" e sem base legal. "Se o tom desta sentença é duro, que seja. Simplesmente não vão brincar com o tribunal."

O advogado Mitchell Garabedian, que ontem passou quatro horas e meia em um hotel de Boston negociando um possível acordo com a Igreja, disse que ainda não há "uma luz no fim do túnel".

"Eu acredito firmemente que teremos de ir adiante com o litígio, e se um acordo acontecer no caminho, melhor", afirmou.

As suspeitas de pedofilia na Arquidiocese de Boston acabaram levando a denúncias em outras partes do país, o que provocou um escândalo sem precedentes e um prejuízo gravíssimo à imagem da igreja nos EUA.

O cardeal de Boston, Bernard Law, já pediu desculpas várias vezes pela maneira como lidou com os padres acusados de pedofilia, mas se recusa a renunciar, o que irrita alguns fiéis. Como reação à crise, a igreja norte-americana adotou uma política de "tolerância zero" contra a pedofilia. Mas as novas regras estão sendo revistas pelo Vaticano.

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