Reuters
20/11/2002 - 19h50

EUA cancelam visto de general colombiano suspeito de tráfico

da Reuters, em Bogotá (Colômbia)

Os Estados Unidos cancelaram o visto de um adido militar da Colômbia em Israel que foi investigado por suposto envolvimento em dezenas de execuções e suspeito de ter ligações com traficantes de drogas, disse hoje uma autoridade norte-americana.

A autoridade não especificou as suspeitas a respeito do general Rodrigo Quinonez. Mas disse que não estão relacionadas à atual investigação criminal em que o militar é suspeito de omissão na execução de 26 camponeses no norte da Colômbia em abril de 2001.

"São relacionadas a narcóticos", disse a autoridade, que pediu para não ser identificada.

Qualquer que seja a razão da proibição da visita de Quinonez aos Estados Unidos, seu nome será adicionado à lista das diversas autoridades militares colombianas acusadas de violações dos direitos humanos e que perderam seus vistos.

"Este tipo de ação tem implicações nos direitos humanos e isso é algo bom", disse Robin Kirk, do grupo Human Rights Watch.

Washington forneceu cerca de US$2 bilhões em ajuda, principalmente militar, para a Colômbia combater o comércio de cocaína nos últimos anos. Forças norte-americanas também estão ajudando no treinamento de tropas colombianas que lutam contra guerrilheiros de esquerda e grupos paramilitares de direita.

Milhares de pessoas, a maioria civis, morrem todos os anos da Colômbia. O conflito no país já dura 38 anos e é alimentado pelo dinheiro da cocaína e de sequestros.

Os Estados Unidos pressionaram a Colômbia a remover Quinonez da cadeia de comando. Bogotá cedeu, mas enviou o militar para Israel -tradicional fornecedor de armas para as forças armadas colombianas.

Quinonez controlava o território por onde combatentes paramilitares passaram e mataram 26 camponeses com martelos e pedras na aldeia de Chengue, em frente às famílias aterrorizadas. Depois, conseguiram fugir.

Mas o caso não é o primeiro em que Quinonez está envolvido.

Nos anos 1990, ele ganhou uma apelação contra uma decisão que o considerou responsável pelas mortes de cerca de 50 esquerdistas na cidade de Barrancabermeja, onde comandou uma operação de inteligência naval.

"Sob os termos da lei de imigração e nacionalidade, ele está incapacitado de visitar os Estados Unidos. Não o queremos aqui", disse uma autoridade do Departamento de Estado norte-americano.

Em outro caso de abusos entre militares colombianos, uma autoridade dos EUA disse ontem que o país está prestes a proibir a ajuda a uma unidade da Força Aérea da Colômbia porque oficiais bloquearam as investigações sobre um bombardeio em 1998 que matou 17 civis.

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