Reuters
20/11/2002 - 09h22

Unidade militar da Colômbia perderá ajuda dos EUA

da Reuters, em Bogotá

Os Estados Unidos se preparam para descredenciar uma unidade da Força Aérea colombiana, que não poderá mais receber assistência de Washington por ter interferido numa investigação sobre a morte de civis em um bombardeio, anunciou ontem um funcionário norte-americano.

A sanção, que deve ser adotada até o final do ano, seria simbólica, admitiu a fonte, já que o Comando de Combate Aéreo Número Um atualmente não recebe nenhuma ajuda monetária ou militar dos Estados Unidos.

Mas a perda do certificado impediria a compra de munições e bombas dos Estados Unidos, numa unidade crucial na luta contra as guerrilhas de esquerda.



"Não afetará seu funcionamento", disse o funcionário, que pediu anonimato. "Não damos dinheiro, mas demos treinamento a eles. A única coisa é que não podem comprar munições de nós. Terão de comprar de outros", afirmou. Isso aumentará o custo e trará dificuldades tecnológicas à unidade colombiana.

Em um incidente que ainda está sendo investigado, a Força Aérea aparentemente lançou uma bomba fabricada nos EUA perto da localidade de Santo Domingo (nordeste da Colômbia), em dezembro de 1998, durante uma ação contra a guerrilha. A explosão matou 17 pessoas, inclusive cinco crianças, e deixou 30 civis feridos.

Os pilotos disseram que receberam coordenadas para o ataque de aviões particulares norte-americanos, contratados para a vigilância de um oleoduto pela empresa de segurança Airscan, da Flórida.

Inicialmente, o comandante da Força Aérea, general Héctor Fabio Velasco, havia acusado a guerrilha de provocar a tragédia, com um carro-bomba. A investigação rejeitou essa hipótese.

Um vídeo da Airscan com imagens e som do diálogo entre os pilotos poderia ter esclarecido o episódio. Mas a cópia em poder da Força Aérea não tem áudio, e a embaixada norte-americana perdeu a gravação.

O oleoduto, que liga Caño Limón a Coveñas, sofreu 170 ataques em 2001. Todas as ações foram atribuídas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao Exército de Libertação Nacional (ELN).

Em janeiro, os Estados Unidos pretendem enviar unidades especiais ao leste da Colômbia para treinar tropas locais na tarefa de proteger o oleoduto, que transporta combustível extraído por uma empresa norte-americana.

No passado, uma unidade do Exército já havia perdido seu credenciamento junto aos militares dos EUA, por causa de violações dos direitos humanos.

 

FolhaShop

Digite produto
ou marca