Reuters
19/11/2002 - 18h37

Fujimori diz que deseja voltar à Presidência do Peru

da Reuters, em Lima (Peru)

O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, acusado pela Justiça pela morte de 25 pessoas durante seu governo, disse hoje, no Japão, que deseja voltar à Presidência peruana.

Reuters - 26.nov.2000
O ex-presidente Alberto Fujimori, refugiado no Japão
Fujimori, refugiado em Tóquio há dois anos graças à sua dupla nacionalidade, divulgou a mensagem um dia depois que a polícia capturou, em Lima, o chefe de um esquadrão paramilitar que pode envolvê-lo em uma série de assassinatos de supostos terroristas e inimigos políticos.

"Sinto-me com mais energia [...para] uma próxima campanha eleitoral para a Presidência da República", afirmou o ex-dirigente em sua página na Internet (www.fujimorialberto.com).

Fujimori foi destituído pelo Congresso em novembro de 2000 por "incapacidade moral" e impedido de concorrer a cargos públicos por 10 anos. Ele fugiu para o Japão após o aparecimento do maior escândalo de corrupção do Peru, revelado por seu ex-braço direito e chefe de espionagem, Vladimiro Montesinos.

O ex-presidente, que enfrenta um processo de extradição, é acusado de co-autoria na matança de 15 pessoas, entre elas um garoto, no evento conhecido como caso Barrios Altos, em 1991, e pela morte de nove estudantes e de um professor da universidade La Cantuta, executados pelo movimento paramilitar Grupo Colina.

Segundo investigações judiciais, o Grupo Colina recebia ordens de Fujimori e de Montesinos.

"Dois anos depois de ter decidido ficar em Tóquio, vejo como a perseguição política no Peru vai perdendo sua guerra contra Fujimori", disse o ex-presidente.

Futuro político
Cerca de quatro em cada 10 peruanos acreditam que o ex-presidente terá futuro político se voltar ao país, segundo pesquisas de opinião.

O Peru não tem tratado de extradição com o Japão, mas o governo de Alejandro Toledo espera que o processo caminhe de acordo com o princípio de reciprocidade do Direito Internacional, que permite a extradição de pessoas responsáveis por crimes contra a humanidade.

Segundo a justiça local, a chave para a extradição seria o testemunho do major do Exército, Santiago Martín Rivas, ex-chefe do Grupo Colina.

"Ele estará incomunicável por 10 dias, conforme a lei, período em que será interrogado", disse a juíza Jimena Cayo, que investiga o suposto assassinato de um jornalista pelo comando paramilitar.

Fujimori está entre as mais de mil pessoas vinculadas à rede de corrupção que Montesinos dirigia.

O ex-chefe da espionagem está preso por delitos que vão de narcotráfico e tráfico de armas a assassinatos em massa.

"Estou ganhando experiência, viver em uma potência mundial como o Japão está me dando idéias e fórmulas que, aplicadas no Peru, poderiam significar um apoio à geração de empregos", ressaltou Fujimori.

Ele também disse que lava a própria roupa e cozinha por não ter dinheiro para pagar uma empregada doméstica.

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