Reuters
18/11/2002 - 19h21

Após derrota eleitoral, Toledo enfrenta disputa com oponentes

da Reuters, em Lima (Peru)

Além da derrota de seu partido nas eleições regionais, o presidente do Peru, Alejandro Toledo, enfrenta agora uma disputa com rivais que pode levar a uma convulsão social e ameaça seu controle orçamentário, disseram hoje analistas.

Reuters - 6.jun.2001

Alejandro Toledo, presidente do Peru
O principal adversário do partido de Toledo, o Peru Possível, foi o grande vencedor na eleição de ontem para mais de 1.800 prefeitos e 25 presidentes regionais (governadores).

Os resultados parciais divulgados hoje pela Onpe, a agência eleitoral do Peru, mostram que a Aliança Popular Revolucionária Americana (Apra) conseguiu 12 governos regionais, enquanto grupos independentes ou menores obtiveram 12. O Peru Possível, que levou Toledo ao poder em julho de 2001, ganhou apenas um governo regional.

Analistas dizem que a principal preocupação é com os novos líderes regionais -que podem exigir mais gastos contra a pobreza ou lutar para manter os exceções fiscais que custam ao governo cerca de US$1 bilhão por ano. Isso pode bloquear as promessas de Toledo de disciplina fiscal rígida, feitas de acordo com recomendações do Fundo Monetário Internacional.

"Dentro do novo sistema, o país pode ser pressionado de 25 lados diferentes, com 25 cabos de guerra com o governo central", disse o analista político Luis Pacheco.

A performance do Peru Possível foi mais uma carga de más notícias para Toledo. Sua popularidade caiu para perto de 20%, já que muitos peruanos reclamam que ele não cumpriu as promessas de criar empregos e gerar prosperidade.

"A votação foi uma punição para o governo...Ainda é um governo legítimo, mas é menos representativo", disse Alan Garcia, ex-presidente e líder da Apra, à rádio RPP.

Títulos peruanos fecharam em alta de 1.3% em Nova York, mas analistas dizem que as eleições podem gerar problemas se os novos governadores exigirem dinheiro do governo federal.

O analista político Eduardo Toche disse que Toledo pode ser forçado a "co-governar" com partidos de oposição. "Se eles não encontrarem uma base comum, o cenário regional pode entrar em colapso".

O governo de Toledo prometeu hoje trabalhar com os líderes regionais.

O analista Jose Cerritelli, da Bear Stearns, disse em entrevista recente que a eleição pode forçar Toledo a fazer compromissos, mas, se Lima e os governos regionais não se entenderem, "significará mais protestos...que podem influenciar mudança da política".

Privatização
As promessas de Toledo de compartilhar o poder foram aplaudidas, mas muitos políticos discordam da maneira de conduzir esta convivência. Cerca de um terço da população do Peru vive em Lima, região responsável por quase 60% dos gastos públicos.

"A maior questão é qual será o risco fiscal e como isso pode afetar o Peru em termos de viabilidade fiscal a curto e médio prazos", disse Gonzalo Tamayo, analista-chefe da consultoria privada Macroconsult.

Ainda não está claro o controle que as regiões terão sobre firmas estatais, que Toledo prometeu vender para manter o déficit orçamentário sob controle.

O objetivo para o déficit neste ano é de 2,3% do PIB, mas o número foi perdido depois que os protestos de junho forçaram as autoridades a suspender o plano de privatização.

Tamayo disse que as vendas de ações provavelmente serão negociadas por Lima com as regiões caso por caso.

Toledo assinou a proposta do Congresso para os poderes dos novos governos regionais. Mas, ao mesmo tempo, enviou uma proposta que modifica o plano.

O primeiro-ministro do Peru, Luis Solari, disse que a nova versão será aprovada antes da posse dos líderes regionais, em 1º de janeiro, e garante poder para o governo central intervir em emergências econômicas.

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