Reuters
13/11/2002 - 20h47

Bispos dos EUA aprovam normas do Vaticano sobre padres pedófilos

da Reuters, em Washington

Os bispos católicos norte-americanos aprovaram hoje com maioria esmagadora a versão do Vaticano para uma política em relação aos padres pedófilos.

A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos aprovou com 246 votos a favor a revisão do Vaticano de um documento que pretende reconciliar a declarada intenção da Igreja católica norte-americana em proteger as crianças do abuso sexual dos clérigos com as leis da igreja.

Sete bispos votaram contra a política e seis se abstiveram de votar, depois de mais de 90 minutos de debate. O assunto dominou a conferência, que começou na segunda-feira, em Washington.

O documento, agora, será enviado ao Vaticano, para que possa ser reconhecido como uma lei da Igreja para os Estados Unidos.

"Acho que é essencial para nós nos justificarmos e pedirmos perdão", afirmou o cardeal Bernard Law, de Boston.

Documentos da Justiça indicam que ele conscientemente transferiu padres acusados de abuso sexual para dioceses sem informar aos paroquianos sobre o passado dos sacerdotes.

"É importante fazer isso no contexto da igreja local", afirmou Law durante o debate.

O escândalo da pedofilia explodiu na arquidiocese de Law em janeiro passado, quando documentos judiciais e a mídia revelaram que clérigos católicos acusados de abusos tinham recebido permissão de continuar no ministério.

Agora, cerca de 300 padres dos Estados Unidos já deixaram seus postos, sob acusação de abuso sexual.

O documento aprovado pelos bispos hoje, chamado as Normas, foi criticado pelas vítimas de abusos, que o consideraram um retrocesso em relação a uma política americana elaborada em uma reunião de bispos ocorrida em junho, em Dallas.

Abuso
As Normas revisadas estipulam uma investigação preliminar rápida das acusações de abusos sexuais de crianças cometidos por padres, diáconos e bispos. Se houver evidências suficientes de abuso, os acusados serão removidos do ministério durante a investigação.

As Normas não estipulam punição ou demissão de bispos que saibam sobre abusos e evitem expor o abusador, mas um texto adicional conclama os bispos a "ajudar uns aos outros a interpretar corretamente e implementar" uma escritura que espalhe as intenções da Igreja para combater o abuso sexual de menores.

Uma crítica-chave das Normas revisadas pelo Vaticano é o aparentemente embaraçoso processo que deve ser seguido para as acusações de abuso que forem apresentadas mais de dez anos depois que a alegada vítima fez 18 anos.

Nesses casos, os bispos devem procurar um documento de renúncia do Vaticano sobre a lei da caducidade, se encontrarem "razões pastorais apropriadas" para tanto.

O acusado passa por um processo na corte da Igreja, mas, mesmo se for absolvido, o bispo ainda tem o direito de mantê-lo fora de suas atividades ministeriais, segundo o bispo William Lori, de Bridgeport, Connecticut. "O processo jurídico não é necessariamente o fim da história", afirmou ele.

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