Reuters
12/11/2002 - 23h53

Colômbia desmente pressão para compra de aviões dos EUA

da Reuters, em Bogotá (Colômbia)

A Colômbia anunciou hoje que vai comprar aviões de combate para reforçar a luta contra a guerrilha e os paramilitares, e negou que há pressão dos EUA para adquirir aeronaves norte-americanas.

A ministra da Defesa, Marta Lucia Ramírez, disse a jornalistas que a aquisição, estimada em US$234 milhões, deve ser realizada por meio de uma licitação internacional.

Os EUA é o principal aliado da Colômbia em sua luta contra o tráfico de drogas, e nos últimos dois anos entregou cerca de US$1,5 bilhão em equipamentos militares, sobretudo helicópteros, e treinamento às tropas do país.

Uma recomendação do chefe do Comando Sul do Exército dos EUA, general James Hill, ao comandante-geral das Forças Armadas da Colômbia, general Jorge Enrique Mora, foi mal-interpretada como um bloqueio à possível compra de aviões militares brasileiros, segundo declarou a ministra hoje.

Hill enviou uma carta a Mora, expressando sua preocupação com a intenção colombiana de comprar aviões leves de ataque, e sugeriu a modernização das aeronaves norte-americanas para transporte de tropas que já pertencem às Forças Armadas da Colômbia.

Trechos da carta do general Hill foram publicados no final de semana em jornais no Brasil e na Colômbia.

A maior parte dos aviões das Forças Armadas da Colômbia para o transporte de tropas são Lockheed C-130, de fabricação norte-americana.

"Interpretação equivocada",
De acordo com a ministra, isto provocou a interpretação de que Washington estava bloqueando a intenção para adquirir aviões brasileiros do tipo Super Tucano, fabricados pela Embraer.

"A essa recomendação [do general Hill] foi dada uma interpretação, a meu ver equivocada. Está-se interpretando como se ele quisesse a compra de um equipamento norte-americano, e em nenhum momento houve alguma insinuação desta natureza", disse Ramírez.

O governo do ex-presidente colombiano Andrés Pastrana havia autorizado US$234 milhões para a compra de aviões de combate para substituir equipamentos obsoletos, como as aeronaves norte-americanas OV-10, A-37. Entretanto, a compra não chegou a ser feita.

O governo do presidente Alvaro Uribe impulsiona uma estratégia para aumentar os gastos militares e duplicar o número de efetivos do Exército e da polícia para combater grupos guerrilheiros de esquerda e paramilitares de ultra-direita nas zonas de selva do país.

As Forças Armadas já declararam que precisam de aviões de ataque leves para combates na selva, como o Super Tucano. No entanto, afirmaram que existem outras opções no mercado para este tipo de operação.

"Mandei cartas aos embaixadores de outros países, não apenas do Brasil, mas também de Israel, Estados Unidos, Coréia e França, pedindo-lhes que, se realizarmos a licitação, gostaríamos de ter fabricantes destes países em concorrência para uma ampla participação de fornecedores", declarou Ramírez.

"O objetivo é que possamos escolher o avião que tenha a melhor relação de preço e qualidade para as necessidades da Colômbia", acrescentou a ministra.

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