Reuters
12/11/2002 - 15h23

Filmes eróticos de Andy Warhol serão exibidos no 10º Mix Brasil

da Reuters, em São Paulo

Filmes inéditos de Andy Warhol (1928-87) serão uma atração a parte na 10ª edição do Festival Mix Brasil de Diversidade Sexual, que começa hoje, em São Paulo. A mostra paralela "Homofilmes de Andy Warhol" começa na próxima semana, com quatro longas e três curtas-metragens eróticos da década de 1960.

"As pessoas devem apreciar esses filmes pela sua beleza visual", diz Roy Grundmann, curador da mostra, um dos principais especialistas na obra de Warhol e professor titular da Boston University.

Apesar de terem sido produzidos com recursos escassos, com câmeras simples, imagens paradas (como fotos) e às vezes sem som, Grundmann ressalta que o cineasta estava sempre "preocupado com a elegância das imagens e o seu visual".

As sete produções de Warhol foram divididas em quatro programas, que terão exibições únicas no Espaço Unibanco de Cinema a partir da próxima segunda-feira (18).

Na primeira fase cinematográfica de Warhol, Grundmann destaca que suas produções tinham temas únicos, eram mudas e algumas chegavam a ter várias horas de duração.

Representante desta fase, mas com uma veia mais erótica, é "Blow Job" (1964), que estará presente no festival e abrirá a mostra paralela. Durante 36 minutos, a câmera parada de Warhol focaliza o rosto de um belo rapaz que está, supostamente, fazendo sexo oral.

"Esses filmes de Warhol são minimalistas, mas também apropriados aos temas populares de suas obras, como a pop art, como em 'Blow Job', onde o ator se parece muito com James Dean ou às vezes com adolescentes rebeldes ou até com Cristo, que são figuras que se transformaram em símbolos da cultura pop", diz Grundmann, que virá ao Brasil para apresentar os filmes antes de cada sessão.

Outros curtas-metragens desse mesmo período e que serão exibidos para o público são: "HairCut # 1" (1963), no qual o fotógrafo Billy Name aparece tendo seu cabelo cortado em diversos ângulos durante 24 minutos, e "Mario Banana" (1964), que mostra a drag queen Mario Montez comendo uma banana.

Laboratórios

Nas produções posteriores, Grundmann conta que Warhol passou a fazer filmes mais focados nas pessoas, mostrando como poderia ser estressante sentar em frente a uma câmera de Andy Warhol e fazer uma performance sem roteiro ou falas. "Essas produções são interessantes como estudos da personalidade humana", ressalta Grundmann.

Ele cita como exemplo o filme "Screen Test" (1965), no qual Mario Montez, um conhecido performer da cena alternativa de Nova York, é submetido a inúmeras perguntas humilhantes feitas por uma voz em off, como se estivesse participando de um teste para uma produção hollywoodiana.

Em "Bike Boy" (1967), Joe Spencer, um atleta selecionado pelos assistentes de Warhol, é filmado em diversas situações do cotidiano ao lado das "Factory Superstars", o que chega a criar um certo desconforto ao ciclista-personagem.

"Os primeiros minutos que mostram ele tomando banho são a mãe de todos os comerciais de Calvin Klein", aponta Grundmann, explicando que as produções de Warhol sempre reconheceram e nunca tiveram vergonha de mostrar a beleza de rostos e físicos masculinos.

Os longas "Vinyl" (1965) e "My Hustler" (1965) ilustram a fase dos experimentos de Warhol com o gênero das comédias. O primeiro faz uma sátira gay do livro "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, e o segundo narra as férias de um homem acompanhado de um michê em Fire Island.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca