Reuters
11/11/2002 - 19h41

Escândalo de abuso sexual divide Igreja Católica dos EUA

da Reuters, em Washington

O escândalo de abusos sexuais que envolveu cerca de 300 padres da Igreja Católica dos EUA semeou a discórdia entre bispos, padres e paroquianos, segundo o presidente da conferência nacional dos bispos.

"Este ano, ao procurar tratar do problema de abuso sexual na igreja, presenciamos sérias divisões entre os bispos e os fiéis, bem como entre os bispos e os padres", afirmou o bispo Wilton Gregory na abertura do encontro nacional. "Também testemunhamos rachas entre os padres e entre os fiéis para determinar a melhor maneira de reagir a esta tragédia", afirmou Gregory.

O encontro, de quatro dias, tem agenda cheia -incluindo um apelo pela anulação do caso Rose x Wade, uma decisão de 1973 da Suprema Corte que reconheceu o direito de abortar de uma mulher-, mas a questão de como lidar com o abuso sexual de crianças praticado por sacerdotes está no topo da lista.

Os bispos norte-americanos forjaram uma política sobre a questão em junho, em um encontro em Dallas, mas o Vaticano rejeitou a proposta e ofereceu uma versão modificada. Os mais de 400 bispos e cardeais se reuniram em Washington, onde concordaram votar sobre a versão do Vaticano na quarta-feira (13).

Responsabilidade
A linguagem do documento é tão complexa que mesmo especialistas nas leis da igreja discordam sobre quem fica com a responsabilidade final, apesar de parecer que ela deva ficar com os bispos.

Esse é um ponto crítico, porque alguns bispos são acusados de conscientemente transferir os padres acusados de abuso de paróquia para paróquia, sem informar os paroquianos. O escândalo veio à luz em janeiro. Desde então, cerca de 300 padres católicos foram demitidos, em meio a acusações de conduta sexual imprópria.

Entretanto, a recentemente nomeada ouvidora da igreja americana, Kathleen McChesney, garantiu que faria com que os padres que abusassem de crianças fossem denunciados à polícia.

"Isso não vai ser feito sem transparência. As pessoas têm de saber que esses casos serão reportados às autoridades", afirmou. McChesney, uma alta oficial do FBI que iniciou seu trabalho com relação à igreja em dezembro, afirmou que vai preparar um relatório anual sobre abuso sexual na igreja, que deverá notificar todos os paroquianos sobre qualquer bispo que não cumpra a política eclesiástica. Ela vai dirigir um orçamento anual de aproximadamente US$670 mil para executar a política.

Do lado de fora da reunião, membros de um grupo de direitos homossexuais fizeram uma manifestação contra a "violência espiritual" e o uso de padres gays como "bodes expiatórios". No fim do dia, a Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres planejava fazer uma vigília à luz de velas e uma marcha para "exigir dos líderes da igreja que melhorem o tratamento dado aos casos de abuso sexual".

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