Reuters
09/11/2002 - 14h36

Rainha Elizabeth 2ª vive outro "annus horribilis"

da Reuters, em Londres

O fantasma da princesa Diana voltou para assombrar a Casa de Windsor, tirando o brilho das comemorações do Jubileu de Ouro (50 anos no trono) da rainha Elisabeth 2ª.

Tanto monarquistas como republicanos concordaram hoje que a anulação do julgamento do ex-mordomo de Diana colocou a realeza fora dos trilhos.

Reuters - 24.mai.2002

Rainha Elizabeth 2ª da Inglaterra
"O caso comprova que a família real pensa estar acima da lei", disse o professor Stephen Haseler, do grupo de pressão República.

Em 1992, a monarca britânica sofreu o que qualificou de "annus horribilis", quando escândalos envolveram os casamentos de seus filhos e o fogo se espalhou pelo castelo de Windsor.

Agora ela volta a ser atingida por uma outro ano assustador depois que o julgamento do mordomo Paul Burrell foi anulado.

"Dez anos atrás foi o 'annus horribilis'. É como se agora fosse uma repetição dele", afirmou Judy Wade, que escreve sobre a realeza e é correspondente da revista de celebridades "Hello!".

O ex-mordomo de 44 anos se livrou da acusação de roubo de mais de 300 itens pessoais de Diana quando a rainha Elisabeth 2ª repentinamente se lembrou de que ele havia lhe comunicado que estava guardando os objetos.

Com os casos de Burrell sobre os bastidores do palácio ocupando os tablóides, a monarquia está sob pungente atenção.

"O verão glorioso que a rainha passou, agora se transformou em um horrendo inverno", disse Wade.

"O público tem memória curta. Eles esqueceram aqueles dias adoráveis de verão quando passeávamos pela rua e fazíamos piqueniques no parque", declarou.

Cinco anos depois de sua morte em um acidente de carro em Paris, Diana ainda coloca uma sombra gigante sobre a família, da qual ela separou depois de se divorciar do príncipe Charles, o herdeiro do trono britânico.

Brigas com a família dela, batalhas com o "establishment" real sobre seu casamento desmoronado, os detalhes de sua turbulenta vida amorosa -cada pequeno detalhe está de volta às primeiras páginas.

"Ela ainda é a pessoa mais importante na família real, viva ou morta", disse Waid. "A história mais importante a semana ainda foi Diana. Não dá para fugir dela caso se queira vender jornais."

A escritora notou que ironicamente o julgamento de Burrell havia sido adiado para não obscurecer as celebrações do Jubileu de Ouro da rainha. "Mas ainda assim obscureceu", afirmou.

A morte em março da rainha-mãe provocou uma onda de solidariedade do público que surpreendeu o Palácio de Buckingham. Mostrando compaixão e afeição, os britânicos participaram ativamente das comemorações do Jubileu, assegurando seu sucesso.

Mesmo os republicanos admitem que foi um triunfo. "Eles tiveram um bom verão -isso não se discute. Mas agora estamos de volta à realidade", disse Haseler.

"Questões agora têm de ser levantadas sobre a relação entre a monarca e a lei. Autorizar a família a quebrar a lei assim é algo que nunca aconteceria no sistema republicano", afirmou.

"O ano do Jubileu, foi muito mais que jubiloso", segundo o jornal "The Guardian". Mas a reconquista da antiga glória da Casa de Windsor pode ser uma batalha difícil.

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