Reuters
08/11/2002 - 16h21

ONG acusa a Colômbia de obstruir investigação sobre milícia

da Reuters, em Bogotá (Colômbia)

A entidade internacional Human Rights Watch acusou hoje o procurador-geral da Colômbia de obstruir as investigações sobre militares acusados de cooperar com paramilitares de direita no assassinato de simpatizantes das guerrilhas de esquerda.

O grupo de direitos humanos disse que Luis Camilo Osorio demitiu ou transferiu vários promotores que participavam das investigações sobre os crimes, inclusive o massacre de 26 agricultores em 2001.

"No ano passado, sob a liderança do procurador-geral Luis Camilo Osorio, a capacidade do órgão em investigar e levar à Justiça abusos contra os direitos humanos se deteriorou significativamente", disse a Human Rights Watch, que tem sede em Washington, num relatório de 16 páginas, apresentado em Bogotá.

"Vários promotores que faziam as investigações contra oficiais militares de alta patente foram afastados do caso antes que pudessem prender ou indiciar suspeitos, ameaçando o futuro das investigações",disse o texto.

Osorio, apontado pelo Congresso em 2001, ainda durante o mandato do presidente Andrés Pastrana, é acusado de fazer uma "limpeza" na unidade de direitos humanos da Procuradoria Geral, ao exonerar nove promotores e investigadores e ao obrigar outros 15, inclusive o diretor da seção, a se demitirem.

Um dos oficiais investigados é um almirante que não teria tomado as providências necessárias para evitar o massacre dos 26 agricultores em Chengue, norte do país. Os paramilitares mataram as vítimas esmagando suas cabeças com pedras e marretas.

Outro acusado é o general Rito Alejo del Río, suspeito de colaborar com os paramilitares entre 1995 e 97 na região de Urabá. Os agentes que o investigavam também foram afastados.

"A maneira como o procurador-geral lidou com esses casos deve encorajar a visão comum entre militares e paramilitares de que os abusos dos direitos humanos são uma forma aceitável de guerra", disse o relatório.

A Colômbia recebe grande ajuda dos Estados Unidos para combater o narcotráfico e as guerrilhas de esquerda, numa guerra civil de quase 40 anos, mas uma das condições para isso é fim da cooperação entre militares e paramilitares de direita e a punição a oficiais envolvidos em abusos.

Os paramilitares têm 10 mil homens sob seu comando, empenhados em perseguir simpatizantes das guerrilhas. O atual presidente, Álvaro Uribe, assumiu o poder com a promessa de endurecer o combate aos guerrilheiros e dar mais poderes aos militares, mas se comprometeu também a respeitar os direitos humanos.

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