Reuters
06/11/2002 - 18h25

Farc acusam presidente colombiano de incentivar "guerra total"

da Reuters, em Bogotá (Colômbia)

A principal guerrilha da Colômbia acusa o presidente Álvaro Uribe de "impulsionar a guerra total" e tolher as liberdades e os direitos civis com sua estratégia de subjugar os rebeldes esquerdistas.

"Esta é uma guerra total e sem diálogo do governo contra a população, com o propósito de cortar mais suas liberdades e seus direitos, já afetados pela política neoliberal estatal à serviço das multinacionais e da oligarquia colombiana", afirmou o líder rebelde Raúl Reyes.

As declarações de Reyes, as primeiras de um alto chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) desde que se interrompeu o processo de paz, em fevereiro passado, foram publicadas hoje pelo semanário "Voz", órgão de difusão do Partido Comunista.

A posição das Farc, o grupo rebelde mais ativo e antigo do continente, com 17 mil combatentes, e a de Uribe, de aumentar o gasto militar e duplicar o número de efetivos das Forças Armadas, parece distanciar as duas partes de um possível processo de paz, segundo analistas.

Uribe ganhou as eleições de maio com a promessa de abater a guerrilha esquerdista e os esquadrões paramilitares ilegais, que enfrentam as forças de segurança em meio a um conflito interno de quase quatro décadas, com um saldo de 40 mil mortos.

Mas horas depois de sua eleição, o presidente, um advogado de 50 anos cujo pai foi assassinado pelas Farc em uma tentativa frustrada de sequestro, deixou aberta a possibilidade de restabelecer um contato de paz com os rebeldes.

Perturbação Interna
O presidente quer aumentar o número de efetivos do Exército e da polícia, às quais concedeu poderes especiais para realizar capturas, invasões e interceptação de comunicações sem precisar de ordem judicial, sob a figura do estado de Perturbação Interna que decretou em agosto.

Uribe, que também deu início à formação de uma rede de 1 milhão de civis destinada a dar informações às Forças Armadas, decretou um imposto para dar novos recursos às forças militares e incentiva junto ao Congresso uma reforma tributária com novos impostos.

"Cada uma das medidas que pretende impor este governo por meio da força expressa seu caráter impositivo, arbitrariamente ditatorial e à serviço das políticas do Fundo Monetário Internacional", afirmou Reyes.

Ele também criticou o que classificou de intromissão dos Estados Unidos no conflito colombiano. Washington é o principal aliado da Colômbia na luta contra o narcotráfico, e os equipamentos entregues para combater o tráfico de drogas poderão ser utilizados também para combater a guerrilha e os paramilitares, o que supõe uma intervenção mais direta dos Estados Unidos no conflito.

Analistas temem um aumento de guerra interna com essa decisão, somada à chegada de 100 membros das forças especiais norte-americanas para treinar tropas colombianas na proteção de um importante oleoduto, frequentemente atacado pelos rebeldes no noroeste do país.

Leia mais no especial Colômbia

Leia mais notícias de Mundo
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca