Farc acusam presidente colombiano de incentivar "guerra total"
da Reuters, em Bogotá (Colômbia)A principal guerrilha da Colômbia acusa o presidente Álvaro Uribe de "impulsionar a guerra total" e tolher as liberdades e os direitos civis com sua estratégia de subjugar os rebeldes esquerdistas.
"Esta é uma guerra total e sem diálogo do governo contra a população, com o propósito de cortar mais suas liberdades e seus direitos, já afetados pela política neoliberal estatal à serviço das multinacionais e da oligarquia colombiana", afirmou o líder rebelde Raúl Reyes.
As declarações de Reyes, as primeiras de um alto chefe das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) desde que se interrompeu o processo de paz, em fevereiro passado, foram publicadas hoje pelo semanário "Voz", órgão de difusão do Partido Comunista.
A posição das Farc, o grupo rebelde mais ativo e antigo do continente, com 17 mil combatentes, e a de Uribe, de aumentar o gasto militar e duplicar o número de efetivos das Forças Armadas, parece distanciar as duas partes de um possível processo de paz, segundo analistas.
Uribe ganhou as eleições de maio com a promessa de abater a guerrilha esquerdista e os esquadrões paramilitares ilegais, que enfrentam as forças de segurança em meio a um conflito interno de quase quatro décadas, com um saldo de 40 mil mortos.
Mas horas depois de sua eleição, o presidente, um advogado de 50 anos cujo pai foi assassinado pelas Farc em uma tentativa frustrada de sequestro, deixou aberta a possibilidade de restabelecer um contato de paz com os rebeldes.
Perturbação Interna
O presidente quer aumentar o número de efetivos do Exército e da polícia, às quais concedeu poderes especiais para realizar capturas, invasões e interceptação de comunicações sem precisar de ordem judicial, sob a figura do estado de Perturbação Interna que decretou em agosto.
Uribe, que também deu início à formação de uma rede de 1 milhão de civis destinada a dar informações às Forças Armadas, decretou um imposto para dar novos recursos às forças militares e incentiva junto ao Congresso uma reforma tributária com novos impostos.
"Cada uma das medidas que pretende impor este governo por meio da força expressa seu caráter impositivo, arbitrariamente ditatorial e à serviço das políticas do Fundo Monetário Internacional", afirmou Reyes.
Ele também criticou o que classificou de intromissão dos Estados Unidos no conflito colombiano. Washington é o principal aliado da Colômbia na luta contra o narcotráfico, e os equipamentos entregues para combater o tráfico de drogas poderão ser utilizados também para combater a guerrilha e os paramilitares, o que supõe uma intervenção mais direta dos Estados Unidos no conflito.
Analistas temem um aumento de guerra interna com essa decisão, somada à chegada de 100 membros das forças especiais norte-americanas para treinar tropas colombianas na proteção de um importante oleoduto, frequentemente atacado pelos rebeldes no noroeste do país.
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