Reuters
03/10/2002 - 22h31

Colômbia lança herbicidas em plantações de coca e agrada os EUA

da Reuters, em Bogotá

O novo governo da Colômbia está intensificando sua campanha para lançar herbicidas sobre as plantações de folhas de coca, satisfazendo as exigências dos Estados Unidos. O governo norte-americano havia expressado frustração ante os atrasos provocados por protestos de camponeses.

O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, que segue uma política de linha-dura contra as guerrilhas do país, está autorizando a aspersão de herbicidas em todas as colheitas de coca --matéria-prima da cocaína--, disseram hoje oficiais do governo norte-americano.

O antecessor de Uribe, Andrés Pastrana, havia proibido a fumigação de agentes químicos sobre pequenas plantações de camponeses que assinaram compromissos de erradicação voluntária dos cultivos ilegais.

"Este governo (de Uribe) está claramente muito decidido a aumentar o programa de erradicação e a assegurar que tenha êxito", disse uma autoridade norte-americana. Ele disse ainda que "o governo anterior foi menos resoluto do que este", comparando Pastrana a Uribe.

Uribe, que assumiu a presidência em agosto, pretende aumentar os gastos militares para combater os grupos guerrilheiros de esquerda e paramilitares de direita que se enfrentam em 38 anos de guerra civil.

O novo presidente também promete elevar o gasto social para aliviar a situação de pobreza em que vivem mais de 60% dos 40 milhões de colombianos.

Uma das propostas de Uribe para afastar as famílias do cultivo de coca é um programa financiado pelo governo para reflorestar bosques como alternativa às folhas de coca.

Ele, no entanto, não recorreu as iniciativas do antecessor de propor a erradicação voluntária das plantações.

Na verdade, as aspersões de agentes químicos aumentou no Departamento (Estado) de Putumayo, onde o governo de Pastrana havia feito acordos com cocaleiros e evitou a fumigação de herbicidas.

Organismos de defesa dos direitos humanos e de proteção ao meio ambiente alertam que os riscos dos agentes químicos ainda são incertos. Segundo eles, os herbicidas podem provocar sérios danos à saúde dos camponeses e ao meio ambiente.

Governos de países vizinhos, como o Brasil, por exemplo, se mostram apreensivos diante dos potenciais riscos ecológicos dos agentes químicos.

Guerrilha
Reduzir o tráfico de drogas é o principal ponto da estratégia conjunta entre Estados Unidos e Colômbia para acabar com as guerrilhas e os paramilitares, que financiam parte de suas operações com o narcotráfico.

O presidente colombiano tem sido duramente criticado por grupos de defesa dos direitos humanos por aumentar o poder das Forças Armadas sob o estado de emergência, que permite aos militares efetuarem prisões sem ordem judicial e reduzir o movimento de civis nas zonas de conflito do país.

A ofensiva do governo contra as guerrilhas ganhou força depois que os Estados Unidos autorizaram o uso da ajuda militar antidrogas - incluindo helicópteros e armamento pesado- em ações contra os rebeldes.

Nos últimos anos, a Colômbia recebeu mais de US$ 1,5 bilhão em ajuda dos Estados Unidos, principalmente militar.

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