Reforma política no Paquistão é considerada disfarce por organização
da Reuters, em LondresA promessa do presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, de transferir o poder para um governo eleito democraticamente é considerada um disfarce para a manutenção do controle militar, afirmou hoje uma organização internacional.
"O plano de transição democrática de Musharraf é na realidade uma estratégia para mais controle militar", disse em comunicado a organização internacional Grupo de Crises Internacionais (ICG, na sigla em inglês), baseada em Bruxelas. "Se as reformas constitucionais e políticas [do general] forem realmente adotadas, qualquer transição democrática estará destruída antes mesmo de começar".
Musharraf, que tomou o poder em um golpe de Estado em 1999, prometeu o retorno de um governo civil depois de convocar eleições nacionais parlamentares para 10 de outubro.
No entanto, antes de iniciar as reformas, Musharraf certificou-se em abril de que teria mais tempo na presidência depois que uma medida do próprio general, considerada polêmica por seus críticos, garantiu mais cinco anos à frente do governo.
As propostas reformistas do general vão fortalecer a participação do exército na administração do país, incluindo a criação do Conselho de Segurança Nacional, que tem poder para excluir parlamentares eleitos democraticamente. Quase metade do Conselho será formada por integrantes vindos da caserna.
O ICG disse que as reformas "transformariam radicalmente" o sistema parlamentar do Paquistão, além de colocar mais poder nas mãos de membros e grupos que não serão eleitos democraticamente.
"Com o poder de excluir parlamentares, Musharraf sinaliza a futuros parlamentares o que os espera: aceitar sua engenharia constitucional ou a perda de suas cadeiras", afirma a agência.
O comunicado explicou que pressões externas, principalmente dos Estados Unidos e da Europa, foram vitais para o início das reformas democráticas no Paquistão.
No entanto, de acordo com o relatório, Washington ignora a engenharia reformista de Musharraf na crença equivocada de o chefe militar ser a única alternativa para o combate ao terrorismo islâmico na região.
O general apareceu como o principal líder do Ocidente na guerra contra os extremistas islâmicos depois dos ataques de 11 de setembro.
O relatório pede à comunidade internacional que deixe clara a oposição contra a estratégia militar paquistanesa de reter o poder político do país por tempo indeterminado.
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