Reuters
03/10/2002 - 14h24

Rebeldes intensificam ataques no final de eleição na Caxemira

da Reuters, em Srinagar

A Índia disse hoje que matou oito militantes islâmicos que tentavam entrar na Caxemira indiana a partir de território paquistanês, no momento em que enfrenta o aumento da violência rebelde dias antes do final das eleições.

A Índia considera a eleição, que termina na próxima terça-feira (8), um teste para a promessa do Paquistão de evitar que separatistas entrem no território disputado, que já provocou duas guerra entre os vizinhos nucleares. A situação atual quase levou a outra guerra em junho.

"É a maior infiltração nas últimas semanas", disse uma autoridade de Defesa.

Um capitão do Exército e um guarda de fronteira também morreram no tiroteio perto da Linha de Controle, limite de cessar-fogo que divide as forças da Índia e do Paquistão, disse a autoridade.

Um comunicado oficial afirmou que oito homens foram mortos a tiros quando tentavam se infiltrar na área de Balakote, no sul do Estado. Outros seis supostos infiltradores foram mortos ontem.

A Índia acusa o Exército do Paquistão de ajudar os militantes a cruzarem para a Caxemira indiana para se juntar à revolta separatista. Também afirma que as infiltrações aumentaram durante as eleições -acusação que o Paquistão rejeita.



A eleição provocou uma onda de violência que matou mais de 600 pessoas desde o começo de agosto.

Em outro conflito hoje, a polícia disse que matou a tiros dois rebeldes responsáveis pela morte de oito pessoas em um ataque contra um ônibus na terça-feira (1). Um policial também morreu na batalha que durou a noite inteira em Hira Nagar, ao sul da cidade de Jammu.

A polícia disse que os militantes pertenciam ao grupo Lashkar-e-Taiba, com base no Paquistão. O Lashkar é um dos grupos que a Índia responsabiliza pelo ataque de dezembro contra o seu Parlamento e que desencadeou as disputas mais recentes com o Paquistão.

Outros três militantes foram mortos em outros conflitos no Estado.


Ataque
Seis soldados indianos ficaram feridos na explosão de uma mina terrestre perto do Vale da Caxemira. Foi o terceiro grande ataque com minas em três dias.

"Estamos perdendo um monte de gente", disse a repórteres o chefe da polícia da Caxemira, A.K. Suri, em cerimônia pelos cinco soldados mortos ontem quando seu veículo passou sobre uma mina.

"As infiltrações nunca pararam . Nos últimos dois meses houve um aumento", disse.

Nova Déli e os Estados Unidos dizem que as infiltrações para a Caxemira indiana aumentaram durante as eleições, alimentando a violência que matou mais de 35 mil pessoas desde o início da revolta, em 1989.

O Paquistão sustenta que a eleição é uma farsa e afirma que a população da Caxemira deveria passar por um referendo para decidir o próprio futuro.

Mas afirma que as infiltrações, exceto por alguns elementos, diminuíram e nega estar patrocinando os militantes.

A comissão independente da eleição afirma que o índice de participação está acima dos 40% nos três turnos. Separatistas moderados e o Paquistão questionam o número.

A participação é grande em áreas de Jammu de maioria hindu. Mas, no bastião separatista, muitos atenderam aos pedidos de boicote dos separatistas.

O líder separatista Umar Farooq disse que a eleição não conseguirá nada, por não lidar com o centro da disputa na Caxemira. Ele acusou a Índia de ter feito a eleição só para impressionar a comunidade internacional.

"Acreditamos que as eleições não são eleições, não vão fazer diferença", disse Farooq, líder da principal mesquita da Caxemira.

"Não dá para ter eleições quando há mais de 450 mil tropas em solo, quando há militância ao redor, quando há assassinatos."

Índia e Paquistão concentraram quase um milhão de homens ao longo da fronteira após o ataque de dezembro no Parlamento indiano.

A Índia controla pouco menos da metade da Caxemira e o Paquistão, cerca de um terço. A China administra o restante.

Leia mais no especial Conflito Índia-Paquistão
 

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