Reuters
30/09/2002 - 13h31

Milosevic critica regras de julgamento e grampos telefônicos

da Reuters, em Haia (Holanda)

O ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic voltou a criticar hoje o tribunal de crimes de guerra de Haia, questionando a aceitação de provas testemunhais indiretas e os planos da promotoria de usar escutas telefônicas "ilegais" contra o réu.

Enquanto a primeira testemunha da acusação depunha no caso da Croácia, onde, segundo os promotores, os sérvios mataram centenas de pessoas e expulsaram 170 mil de suas casas, o ex-presidente classificava as provas de inconsistentes e de segunda mão.

Na semana passada, a promotoria deu início à parte do julgamento referente à Croácia, depois de ter sido concluída a primeira fase dele, a respeito de Kosovo.

A testemunha, cuja identidade foi mantida em segredo para proteção dela, era um ex-político do Partido Democrático Sérvio (SDS), da Croácia.

Usando o codinome de C-037, a testemunha, vinda do oeste da Croácia, contou fatos sobre a matança de croatas supostamente realizada pelos sérvios, a queima de igrejas e o envio de fundos por parte do governo iugoslavo a rebeldes sérvios da região.

Reuters - 13.fev.2002
Slobodan Milosevic, ex-presidente da Iugoslávia
Mas a testemunha, cujo depoimento diante do Tribunal Criminal Internacional para a ex-Iugoslávia começou na sexta-feira (27), admitiu ter obtido parte de suas informações nos meios de comunicação da região e em conversas com moradores dali.

"As respostas dessa testemunha são de que ela ouviu alguma coisa, e não de que ela saiba de algo. Como se pode admitir algo assim?", disse Milosevic.

Os juízes disseram que o tribunal de Haia, onde Milosevic é julgado desde fevereiro por sua participação nos conflitos armados ocorridos nos Bálcãs nos anos 90, aceita provas testemunhais indiretas.

O ex-presidente também criticou o uso de gravações de conversas telefônicas. Documentos apresentados na abertura do julgamento mostram que a promotoria pretende fazer uso desses grampos.

Segundo Milosevic, essas gravações haviam sido feitas "ilegalmente, sem a autoridade de um órgão oficial".

Leia mais no especial sobre Slobodan Milosevic
 

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